O governo americano espera uma mudança de tom em Brasília após a revelação de que a Abin espionou diplomatas americanos.
"Apesar da diferença de escala e cenário, está confirmado que todo mundo
se espiona" é a frase repetida por diplomatas do Departamento de Estado
e altos funcionários na Casa Branca. "Não há virgens nesse negócio",
dizem.
Os americanos repetem que a reação brasileira à espionagem revelada por
Edward Snowden não tem sido realista e que esperam sugestões concretas
antes da divulgação, até o fim de dezembro, da revisão do sistema de
inteligência dos EUA em relação ao Brasil.
As fontes salientam a cooperação entre os EUA e a Alemanha mesmo com as
reclamações duras da chanceler Angela Merkel de que seu celular foi
grampeado. "Governos se espionam por terrorismo, segurança, tráfico de
drogas e informação estratégica. Ficar exigindo desculpas ou pedindo o
fim da espionagem é ingênuo", diz uma diplomata americana.
Em agosto, em encontro com o vice-presidente Joe Biden, o ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo, propôs um acordo em que a espionagem e a
troca de informações acontecesse via mandados judiciais. A sugestão foi
recusada.
Questionados por que Merkel recebeu a promessa de Obama de que não tem
nem terá sua comunicação pessoal espionada (promessa jamais feita a
Dilma), funcionários em Washington dizem que, ao contrário dos alemães,
os brasileiros têm se recusado a discutir o compartilhamento de
informações.
O fato de ter Obama falado com Dilma três vezes sobre o tema e de ter
colocado Biden e a conselheira Susan Rice para receber as autoridades
brasileiras e alemãs, e de ter enviado o secretário John Kerry a
Brasília, seria uma prova da atenção dada ao Brasil.
O episódio deixou mágoas em Washington: na Casa Branca se perguntam por
que o discurso de Dilma na ONU foi tão centrado na espionagem americana,
"como se chineses e russos não espionassem".
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/11/1367394-diplomatas-dos-eua-dizem-que-todos-espionam.shtml
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