Aluno ausente que não justificar a falta também poderá ser punido com extinção de isenção de inscrição.
Enem 2013 registrou a ausência de cerca de 2 milhões de candidatos.
Prejuízo do Inep com abstenção pode ser de até R$ 60 milhões
BRASÍLIA - O Ministério da Educação (MEC) quer criar mecanismos para
reduzir o índice e abstenção no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem),
que registrou a ausência de cerca de 2 milhões de candidatos no último
fim de semana - nada menos do que 29% do total de inscritos. Estão em
estudo duas medidas: cobrar taxa em dobro ou extinguir a isenção em
edições futuras do Enem de quem se inscrever e faltar sem justificativa;
e abrir um prazo para que candidatos cancelem a inscrição dias antes da
impressão das provas, em julho, quase quatro meses antes do teste.
O
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do
ministério responsável pelo Enem, estima que o não comparecimento de 2
milhões de inscritos neste ano pode ter causado um prejuízo de até R$ 60
milhões, em despesas como a impressão de provas que não foram
utilizadas e a contratação de fiscais e pessoal de apoio em número acima
do necessário.
- Quase 30% (de abstenção) é um percentual
altíssimo, não pode ser. É preciso conscientização, um processo
educativo de cidadania. A gente está pensando algumas soluções
estruturantes - diz o presidente do Inep, Luiz Claudio Costa.
Ele
explica que a ideia de cobrar taxa de inscrição em dobro ou acabar com a
isenção em edições futuras para quem faltar sem justificativa depende
de lei aprovada no Congresso. Hoje a taxa é de R$ 35. São isentos os
alunos de escolas públicas matriculados no 3º ano do ensino médio e quem
apresenta declaração de carência socioeconômica.
Dos 7,17 milhões
de inscritos neste ano, apenas 1,9 milhão pagaram a taxa, ainda assim,
com valor subsidiado, já que o custo de realização do exame é de R$
49,86 por inscrito.
Caso a medida punitiva já estivesse em vigor,
pagantes que faltaram ao exame teriam que desembolsar R$ 70 para fazer o
próximo Enem, em 2014. Da mesma forma, candidatos isentos perderiam o
benefício, tendo que pagar R$ 35 numa próxima edição.
A outra
medida em análise prevê a abertura de um prazo, entre os meses de junho e
julho, para que candidatos pudessem cancelar a inscrição. Isso seria
feito pela internet, mediante o uso de senha pessoal. Assim, quem se
inscrevesse em abril ou maio e soubesse de antemão que estaria
impossibilitado de comparecer à prova, em outubro, teria uma chance de
cancelar sua participação sem gerar prejuízo.
- Daríamos a oportunidade, para a pessoa que é seria e já sabe que não vai, avisar - diz Luiz Claudio.
O
Inep fará um levantamento por amostragem com inscritos que faltaram ao
exame deste ano. O objetivo é saber o motivo da ausência:
- A
gente está elaborando um questionário que vamos encaminhar por e-mail.
Conhecendo o perfil de quem faltou, podemos ver a melhor ação a ser
tomada.
Segundo Luiz Claudio, não é simples estimar o tamanho do
prejuízo decorrente da ausência de 2 milhões de inscritos. Isso porque
uma parte da logística seria a mesma com ou sem o comparecimento de
todos eles. Afinal, a abstenção costuma se espalhar por todo o país.
Assim, salvo casos extremos em que a maioria dos ausentes fosse de uma
mesma cidade, um exame com 5 milhões ou 7 milhões de participantes seria
realizado praticamente no mesmo número de municípios: 1,6 mil, o que
corresponde a quase um terço das cidades brasileiras.
Ele lembra
também que quem falta ao exame não gera todas as despesas previstas. É o
caso da correção da redação, que se limitará aos 5 milhões de textos
escritos pelos candidatos.
O número de participantes
desclassificados por postar imagens e mensagens em redes sociais durante
as provas, o que é proibido pelo edital do exame, poderá aumentar. Além
dos 36 candidatos já eliminados, o Inep identificou um 37.º
participante que postou foto de dentro do local do exame, no domingo.
Segundo Luiz Claudio, esse candidato teria tomado precauções para evitar
sua identificação, cobrindo dados pessoais na folha fotografada. Mas,
diz o presidente do instituto, acabou rastreado pela equipe do Inep, que
agora confere outras informações para evitar a repetição de um erro. No
ano passado, uma participante foi confundida com uma homônima e acabou
excluída equivocadamente.
Encerrada a aplicação do exame no
domingo, o Inep coordena nesta semana a chamada operação reverso, que
consiste em levar de volta as provas para quartéis do Exército nos
estados e, de lá, para Rio de Janeiro e Brasília, onde serão corrigidas.
Nesta
terça-feira terá início o curso a distância de capacitação dos
corretores de prova. Esses profissionais já receberam treinamento antes
do Enem, mas, nos próximos dias, participarão de novas sessões com foco
no tema da redação: a Lei Seca.
Nenhum comentário:
Postar um comentário