Para 76%, protestos foram mais violentos do que deveriam; 42% acham que PM se
excedeu
Pesquisa ouviu 690 pessoas na sexta-feira, mesmo dia em que mascarados
agrediram coronel durante ato
DE SÃO
PAULO
Nada menos do que 95% dos paulistanos desaprovam a atuação dos chamados
"black blocs" --manifestantes que praticam o confronto com as forças policiais e
a destruição de agências bancárias, lojas e prédios públicos como forma de
protesto.
É o que mostra pesquisa Datafolha feita na sexta-feira com 690 pessoas. A
margem de erro máxima da amostra é de quatro pontos percentuais para mais ou
para menos para o total da amostra.
Na mesma sexta-feira, durante manifestação promovida pelo Movimento Passe
Livre no centro de São Paulo, "black blocs" agrediram o coronel da Polícia
Militar Reynaldo Simões Rossi --a arma dele também desapareceu.
A ação dos vândalos incluiu a destruição de caixas eletrônicos, ônibus e de
cinco cabines de venda de bilhete único, além de pichações.
Quanto maior a faixa etária, maior a reprovação aos métodos dos "black
blocs".
Assim, se 87% dos jovens de 16 a 24 anos os desaprovam, entre os mais velhos
(60 anos e mais) o índice atinge virtualmente a totalidade dos entrevistados
(98%).
Quando se pergunta se as manifestações foram mais violentas do que deveriam
ser, violentas na medida certa ou menos violentas do que deveriam ser, três
quartos (76%) dos paulistanos cravam a primeira alternativa: mais violentas do
que deveriam ser.
Apenas 15% julgam que os manifestantes foram violentos na medida certa e 6%,
menos violentos do que deveriam ser.
O Datafolha pediu aos entrevistados que avaliassem a atuação da PM segundo os
mesmos critérios. Para 42%, a polícia se excedeu. Mas 42% consideram o grau de
violência adequado e 13% dizem que a polícia foi menos violenta do que deveria.
APOIO EM QUEDA
O resultado é que o apoio dos entrevistados às manifestações de rua em São
Paulo desabou.
No final de junho, 89% eram favoráveis aos protestos. Em setembro, o índice
já caíra para 74%. Nesta semana, são 66% os apoiadores.
Do outro lado, a taxa dos que são contrários às manifestações quase
quadruplicou. Eram 8% em julho, 21% em setembro e, agora, 31%.
Apesar de focalizarem causas "dos oprimidos", como a melhoria do transporte
público, as manifestações têm conseguido taxas mais altas de apoio entre os mais
ricos --80% entre os que possuem renda familiar mensal de mais de cinco a dez
salários mínimos e 80% dos paulistanos com renda maior do que 10 salários
mínimos.
Contra os protestos disseram-se 18% dos mais ricos.
Entre os mais pobres, com renda até dois salários mínimos, a taxa de apoio
aos protestos é de 54%, 26 pontos percentuais a menos do que entre os mais
ricos.
Contra os protestos disseram-se 42% dos mais pobres, 24 pontos percentuais a
mais do que o índice observado na parcela rica.
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