Para o ministro, a situação pode ser solucionada de forma diplomática
Agência Brasil
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse
nesta terça-feira (3) que não se sustentam as respostas que os Estados
Unidos deram, até o momento, ao Brasil sobre as denúncias de
espionagem, incluindo de dados pessoais da presidenta da República,
Dilma Rousseff, e de assessores diretos. “Todas as explicações dadas,
desde o início desses episódios, revelaram-se falsas, tanto as que
recebemos da embaixada norte-americana e que as nossas equipes
receberam na visita aos EUA”, disse o ministro.
Na avaliação de Bernardo, a denúncia de espionagem é
um “embaraço que eles [EUA] nos causam, assim como estão causando para
outros países, como México, Alemanha, França”. Ele disse também que o
governo brasileiro não tem a “ilusão” de achar que os norte-americanos
iriam espionar dados nacionais por achar que “tem alguém tramando
ataques”.
“Isso é espionagem de caráter comercial, industrial,
é interesse [dos EUA] em saber questões sobre o pré-sal e outras de
peso econômico e comercial. Portanto, é mais grave do que parecia à
primeira vista”, disse, ao participar do lançamento do livro Segredos do Conclave, do jornalista Gerson Camarotti.
Para o ministro, a situação pode ser solucionada de
forma diplomática. “O que o governo fez, pedir explicações, é
adequado. Nós somos amigos, temos relações diplomáticas há 200 anos, e a
diplomacia é o caminho para resolver isso”.
O presidente da República em exercício, Michel
Temer, que também esteve no evento, concorda com a avaliação do
ministro. “Acredito que em brevíssimo tempo, diplomaticamente, se
resolverá essa questão mantendo, em primeiro lugar, a soberania do
Estado brasileiro e da figura da presidenta da República.”
Para Temer, a situação pode ser resolvida “a tempo
de a presidenta poder ir aos Estados Unidos, se houver essa solução
harmonizadora”. A presidenta Dilma Rousseff tem uma visita marcada para
os Estados Unidos no dia 23 de outubro, primeira ocasião em que
viajará ao país com honras de chefe de Estado. Em meio às denúncias, a
presidenta examina a possibilidade de adiar ou até mesmo cancelar a
visita. Em entrevista coletiva ontem (2), o ministro das Relações
Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, evitou comentar o tema.
A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann,
disse que o governo já demonstrou repúdio ao caso. Sobre a
possibilidade de um cancelamento da viagem da presidenta aos Estados
Unidos, a ministra respondeu que "vai ter posicionamento de governo e
quem está tratando são os ministérios da Justiça, das Comunicações e
das Relações Exteriores”.
O Senado instalou nesta terça a comissão parlamentar
de inquérito (CPI) que investigará as denúncias de espionagem. Segundo
o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), a CPI "tem limitações
do ponto de vista de convocações, mas o fundamental é que estas coisas
sejam esclarecidas e não se repitam mais".
http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-1/artigo/explicacoes-dos-estados-unidos-sobre-espionagem-foram-falsas-diz-ministro/
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