A decisão de contratar 4.000 cubanos para atuar no
país pelo programa Mais Médicos deve aumentar a corrida de obstáculos
que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, terá que vencer na pasta
até ser oficialmente confirmado como o candidato do PT ao governo de
São Paulo. Padilha é aposta do ex-presidente Lula e foi lançado pelo
partido em um evento há duas semanas, embora não assuma a candidatura.
Petistas dizem que ele combinou com a presidente
Dilma Rousseff que ficará no ministério até o fim do ano, a tempo de
aprovar no Congresso a medida provisória
que cria o Mais Médicos, cujo prazo final para votação é 7 de
novembro. O programa, que permite a importação de profissionais para
atuar em áreas carentes sem passar pelo exame de revalidação dos
diplomas, vem sendo bombardeado por entidades médicas brasileiras.
Quatro delas, incluindo a Associação Médica Brasileira e o Conselho Federal
de Medicina, o declararam “persona non grata” e o acusam de “adotar
medidas eleitoreiras que colocam em risco a vida e a saúde dos
brasileiros”. A AMB ingressou com ação de inconstitucionalidade contra o
Mais Médicos no STF.
A contratação dos cubanos ainda é alvo de
questionamento sobre o regime de pagamento dos profissionais -o
Ministério Público do Trabalho diz que pode ferir a legislação. O
governo vai repassar o valor das bolsas, de R$ 10 mil mensais, ao
governo de Cuba, e não se sabe quanto será enviado aos médicos.
Representantes das entidades dizem que o chamado
aos cubanos, após o ministro ter dito em julho que o foco era buscar
médicos espanhóis e portugueses, afetam a credibilidade dele e do
programa.
O PT já se mobiliza para apoiar o projeto. Na
última sexta, representantes dos movimentos de mulheres e de juventude
da sigla em São Paulo organizaram com movimentos sociais um “ato em
defesa do Mais Médicos”. No Twitter, o ministro divulgou mensagem de um
militante sobre o evento, transmitido ao vivo pelo site do PT-SP.
Na plenária, funcionários do ministério pediram que
seja feita pressão sobre os parlamentares pela aprovação e atos
regionais em todo o país. Líderes do partido minimizam a oposição da
classe médica e apostam no discurso de que as entidades estão na
contramão dos anseios da população por mais médicos.
Pesquisa
Datafolha feita entre 7 e 9 de agosto mostrou que 54% da população
aprovava a vinda dos estrangeiros, contra 47% no fim de junho. O
percentual sobe para 62% entre quem indicou o PT como o partido de sua
preferência. Entre os que preferem o PSDB, a maioria (49%) disse ser
contra a importação.
http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-1/artigo/padilha-enfrentara-resistencia-de-contrarios-ao-mais-medicos/
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