Imagens do Fantástico mostram internos sendo agredidos em São Paulo.
Funcionários foram afastados de suas funções.
O Ministério Público de São Paulo fará uma vistoria na manhã desta
segunda-feira (19) na unidade da Fundação Casa da Vila Maria, na Zona
Norte da capital. Imagens exibidas pelo Fantástico
deste domingo (18) mostram dois funcionários espancando seis internos. O
diretor da unidade João do Pulo e três coordenadores foram afastados de
suas funções.
O Complexo da Vila Maria abriga atualmente 521 adolescentes. Para a
promotoria da Infância e da Juventude, o ideal seria ter cerca de 320. O
complexo é dividido em oito casas, como são chamados os centros de
atendimento socioeducativo. Uma delas é a João do Pulo, onde foram
feitas as imagens das surras que os seis menores levaram, em maio deste
ano. A capacidade da unidade é para 40 adolescentes, segundo o
Ministério Público. Atualmente, entretanto, há 64 internos, com idades
entre 12 e 18 anos. Eles cumprem medidas socioeducativas por roubo e
tráfico de drogas.
As imagens exibidas pelo Fantástico foram gravadas logo após uma
tentativa de fuga, no Centro de Atendimento João do Pulo, na noite de 3
de maio. Na quadra, os adolescentes ficam sentados, só de cuecas. O
diretor da unidade, Wagner Pereira da Silva, acompanha tudo. Perto dele,
um funcionário repreende os menores pelo motim.
“Vou falar para os senhores: a mãe dos senhores vai visitar os senhores
lá no IML. Lá no IML. Vai visitar no IML, porque eu não vou 'dar boi'”,
ameaça o funcionário que ainda não foi identificado. "Dar boi"
significa "facilitar".
Após ver as imagens do espancamento, a presidente da Fundação Casa,
Berenice Giannella, afastou dos cargos o diretor da unidade João do Pulo
e os dois coordenadores que aparecem nas imagens agredindo os
adolescentes - Maurício Mesquita Ilário e José Juvêncio . O coordenador
de segurança Edson Franciso da Silva também foi afastado. Eles não
quiseram falar com a reportagem do Fantástico.
"Vamos também informar o caso à policia para instauração de inquérito
policial porque isso se configura crime de tortura. Isso também precisa
ser apurado na esfera criminal. Daria como punição demissão por justa
causa imediatamente. É que eu não posso fazer isso. Se eu pudesse, eu o
faria", ela afirma. Como são servidores públicos, os funcionários
afastados só podem ser demitidos após responder a um processo
administrativo.
Os seis jovens agredidos foram identificados e transferidos de unidade.
Por questões de segurança, todas as informações deles - como nome,
idade e motivo da internação - serão mantidas em sigilo. Segundo
Berenice, os funcionários devem ser punidos nas esferas administrativa,
civil e criminal.
Nos últimos cinco anos, 65 funcionários foram demitidos por agredir
adolescentes. “A formação, a capacitação é dada. Mas, infelizmente, o
desvio de caráter não é possível capacitar”, destaca Berenice Giannella.
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/08/apos-agressoes-mp-fara-vistoria-em-unidade-fundacao-casa-em-sp.html
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