Comitê aguarda autorização do Vaticano para que Francisco use papamóvel.
Ideia é que não haja cordão de isolamento para ajudar aproximação com papa.
O que é a JMJ |
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Criada pelo Papa João Paulo II, em 1984, a Jornada Mundial da
Juventude (JMJ) é o maior encontro internacional de jovens com o Papa. A
última edição, em 2011, reuniu mais de 2 milhões de pessoas em Madri.
Realizado a cada três anos, o evento mudou de data para não coincidir
com a Copa do Mundo, em 2014. |
De cima da laje do vestiário do campo de futebol, Francisco fará uma saudação e receberá as boas-vindas dos jovens da comunidade. Em seguida, os moradores vão retribuir a mensagem com uma surpresa que ainda está sendo planejada. Um discurso de cerca de 30 minutos encerra a visita do pontífice à favela.
Campo de futebol
O campo de futebol, que vai receber o papa argentino, tem 8.400 metros quadrados e capacidade para receber mais de 25 mil pessoas. Uma escada será construída para dar acesso à laje e um toldo vai ser colocado em cima do vestiário para servir de fundo. O alambrado, que está caindo, deve ser substituído por uma grade mais baixa. O muro branco, que está inclinado e representa um risco à segurança dos fiéis, será derrubado.
A construção separa o campo da área que era chamada de Faixa de Gaza, referência à área de conflitos entre palestinos e israelenses. A associação era feita em razão dos constantes tiroteios entre as favelas de Manguinhos e Mandela, antes da instalação da Unidade de Polícia Pacificadora, em janeiro. Um espaço será reservado para os idosos e portadores de deficiências. Um ferro-velho que funciona do lado de fora do campo vai dar lugar aos jornalistas que farão a cobertura do evento.
Sem cordão de isolamento
Na quarta-feira (5), o mestre de cerimônias do Papa Francisco,
monsenhor Guido Marini, e uma comitiva visitaram a capela para finalizar
o planejamento dos espaços por onde o Papa vai passar na favela, além
de organizar o cerimonial.
A ideia é que não haja cordão de isolamento e que os moradores das casas possam ter contato com o pontífice. A interdição da rua vai até a igreja evangélica que fica na entrada do campo de futebol. "Somente as famílias desta rua poderão vê-lo tão de perto. Essa foi a rua abençoada. Ele vem aqui pra ver pessoas. A ideia é partilhar o momento com a comunidade. Isso aqui é a realidade que ele tinha em Buenos Aires", completou Everaldo Oliveira.
Visita a casa na favela
A grande surpresa da caminhada é que o papa vai entrar em uma casa da comunidade. "A casa a ser visitada será de alguém que precisa mesmo. Será uma pessoa que a visita faça diferença para a família. A expectativa é tão grande que até uma evangélica me pediu para que o papa vá à casa dela", contou o morador.
A passagem pela rua virou um grande evento. Os moradores já começaram a chamar os seus convidados. "Tem gente que vai receber 30 parentes. Eles não abriram a casa para hospedagem porque só a família lotou a casa. Na minha casa, serão mais de 15", revelou Everaldo.
"Se interditarmos da Rua Carlos Chagas até o Arará e as pessoas puderem ficar nesse espaço, caberiam aí mais de 50 mil pessoas", disse Everaldo Oliveira, integrante da equipe responsável pela visita do Papa à Varginha.
A Capela São Jerônimo Emiliani foi a escolhida para ser visitada pelo papa. Na véspera, um novo altar será colocado no local e o papa dará a bênção. No templo que acomoda até 60 pessoas, Francisco fará um momento de oração com a comitiva e moradores convidados.
“Nós ganhamos um altar novo em abril. Com a possibilidade de recebermos a visita do Santo Padre, a gente resolveu esperar pela sua bênção. A mesa que fica no presbitério, local onde o padre realiza a celebração, já está na igreja matriz e só será colocado no dia 24”, explicou Everaldo Oliveira.
Segundo o morador que trabalha na paróquia há 26 anos, a expectativa é grande pelo presente que o papa deve entregar à comunidade. “Para mim, se ele trouxesse uma relíquia de primeiro grau de São Jerônimo Emiliani ou do beato João Paulo II já seria ótimo. Acho que tem que ser algo que dure o tempo que essa igreja existir”, declarou.
Faixa de Gaza abençoada
O aposentado Antônio Carlos Vasconcelos mora num cômodo dentro do campo de futebol e se mostra orgulhoso por ser um dos moradores mais antigos.
Antônio ressalta que o maior medo de quem mora no local é a cheia do rio e que a esperança é de melhorias. “Quando a Maré enche, dá medo. Você vê a água vindo e pede a Deus para parar a chuva. Nós somos a última comunidade, e a água vem toda caindo pra cá.”
"Não queremos nada muito exorbitante, a gente quer tudo muito simples, nem palco, nem luxo. Porque eu acho que a gente foi escolhido por isso, pela simplicidade. E é isso que continuaremos sendo depois da vinda do papa. A gente pediu que não fosse feita nenhuma obra de maquiagem aqui. O legado social que isso vai deixar, vai depender da prefeitura dar essa assistência. Preferimos esperar assistência do que obras com efeito paliativo", completou Everaldo.
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