Heraldo voltou a negar relacionamento com manicure.
'Não houve vingança, houve ganância', disse o delegado.
Pais de João Felipe deixaram a delegacia pouco depois das 12h (Foto: Cristiane Cardoso/G1)
Em depoimento na manhã desta terça-feira na 88ª DP (Barra do Piraí), o
empresário Heraldo Bichara Júnior, pai do menino João Felipe Bichara, de
6 anos, morto em 25 de março, "chorou compulsivamente", segundo o
delegado responsável pelo caso, José Omena. Ainda de acordo com ele,
Heraldo mostrou uma filmagem na qual aparece brincando com o filho. “Nós
que somos pais, sabemos que os nossos filhos são a nossa motivação de
vida. Tiramos da gente para dar para os nossos filhos”, disse Omena.
Heraldo voltou a negar o relacionamento com a manicure Susana do Carmo
Figueiredo, que confessou ter sequestrado e matado a criança em um
quarto de hotel.
De acordo com o pai do menino, a mulher teria enviado uma mensagem para
o celular dele entre junho e julho do ano passado. De acordo com ele,
foram três mensagens no intervalo de três dias. A primeira foi "oi, tio
Sukita". A segunda, "eu gosto de você" e a, terceira, "vamos sair?".
Somente na terceira mensagem Heraldo identificou que era de Susana. Nas
duas primeiras ele contou que retornou e a ligação caía em uma musica.
Quando conseguiu falar, ela teria se identificado e convidado Heraldo
para sair. Em resposta, ele teria dito: "Para mim não dá", contou o
delegado. Na época do ocorrido, o pai do menino achou melhor não contar
nada para a mulher, Aline Santana..
Em uma das versões dadas por Susana durante depoimento, ela chegou a
dizer que teve um relacionamento amoroso com o pai da criança. Com a
declaração do pai, o delegado segue com a linha de investigação de
sequestro e afirma que existe uma carta descrevendo esse plano. “Não
houve vingança, houve ganância. Com a cartinha é possível chegar a essa
conclusão”, disse o delegado, ressaltando que vai pedir, até amanhã
(quarta-feira), a quebra dos dados telefônicos para saber com quem
Susana falava mais e para quem ela ligou quando estava no hotel com a
criança.
Para Omena, desde o início a intenção da manicure era pedir o resgate e matar o menino, já que a criança poderia reconhecê-la. "A Susana tinha múltiplos objetivos nesse fato. Apesar de ele ter recusado, isso não afastaria o objetivo nele", afirmou.
Para Omena, desde o início a intenção da manicure era pedir o resgate e matar o menino, já que a criança poderia reconhecê-la. "A Susana tinha múltiplos objetivos nesse fato. Apesar de ele ter recusado, isso não afastaria o objetivo nele", afirmou.
O diretor da Delegacia de Polícia da Área (5ª DPA), da região Sul
Fluminense, Ricardo Martins, acompanhou o depoimento de Heraldo e
declarou que o pai do menino continua muito abalado. "Ele está muito
magoado, muito traumatizado", afirmou. De acordo com Martins, as
investigações continuam.
Na segunda-feira (1°), a polícia ouviu os depoimentos de Simone de
Oliveira, mãe de Susana, que entregou anotações em um caderno, com
detalhes de um plano de sequestro feito pela manicure. Em seguida foi a
vez de um ex-namorado de Susana depor. Maicon Santiago Olimpio, de 25
anos, contou detalhes do relacionamento e lembrou que ela dizia odiar a
criança e era assediada pelo pai da vítima, Heraldo Bichara Júnior.
Pai do menino João, Heraldo Bichara Júnior deixa a delegacia ao lado da mulher (Foto: Alessandro
Costa/Agência O DiaA/Estadão Conteúdo)
Costa/Agência O DiaA/Estadão Conteúdo)
Manicure Susana do Carmo está presa em Bangu pela morte do menin.
"Quando eu morava com ela, ela era maneira. Isso tem entre um ano e 10
meses. Ela falava comigo que o marido da Aline [mãe de João] ficava
assediando ela. Se é mentira ou verdade, eu não sei. Ela falava que ia
continuar fazendo unha. Eu não vi, então não me sentia traído. Ela
falava que não tinha nada com ele”, disse Maicon, na delegacia. “Falava
que odiava o filho dela [de Aline], que ele batia nela, que se fosse
filho dela iria dar uns tapas. Eu falava pra ela sair, mas ela dizia que
precisava”, acrescentou.
Exame de gravidez
Entre os pertences de Susana, foi encontrado um exame de gravidez, com data de outubro de 2012. A mãe não disse se houve aborto, mas informou que teria engravidado de um homem a quem chamava de “Coroa”. Segundo Omena, a mãe falou que ele teria ameaçado ela por conta da gravidez.
Entre os pertences de Susana, foi encontrado um exame de gravidez, com data de outubro de 2012. A mãe não disse se houve aborto, mas informou que teria engravidado de um homem a quem chamava de “Coroa”. Segundo Omena, a mãe falou que ele teria ameaçado ela por conta da gravidez.
De acordo com o ex-namorado, ela dizia que o filho era dele. "Ela falou
que era meu, mas pode ter dito que era do Ícaro [outro ex-namorado]
também, e sei lá de mais quem. Quando terminei com ela soube que ela
tinha um monte de homem. Tem mais de 11 meses que não tenho mais nada
com ela."
Mãe revela plano de sequestro
A mãe da manicure apresentou ao delegado José Mario Omena, na manhã desta segunda, uma carta detalhada em que a manicure revela o plano de sequestrar uma criança e pedir R$ 300 mil de resgate. "Pelo contexto, só pode ser do João", afirmou Omena.
A mãe da manicure apresentou ao delegado José Mario Omena, na manhã desta segunda, uma carta detalhada em que a manicure revela o plano de sequestrar uma criança e pedir R$ 300 mil de resgate. "Pelo contexto, só pode ser do João", afirmou Omena.
Segundo o delegado, na carta feita em duas folhas de caderno, a
manicure descreveu o plano, detalhando que ligaria para escola, pegaria a
vítima e reservaria o quarto de hotel. Durante a descrição da
contabilidade, em momento algum, segundo Omena, Susana menciona
pagamento a terceiros, reforçando a tese de que ela agiu sozinha. "Se
ela ia pedir resgate depois, a gente não deu tempo para isso, pois ela
ia pedir com a criança morta mesmo", disse.
No dia do crime, Susana ligou para a escola onde João estudava se
passando pela mãe dele, pediu que a criança fosse liberado da aula e o
levou de táxi até um hotel, onde teria asfixiado o menino. O corpo foi
achado em uma mala, na casa da manicure. O motivo ainda não ficou claro
para a polícia, já que a manicure contou versões variadas da história.
A carta feita em duas folhas de papel foi encontrada na casa da
manicure, mas, para o delegado, mesmo com os detalhes do plano de
sequestro, Susana não tinha intenção de devolver o menino. “Em momento
algum ela pensou em devolver a criança para a família. Uma coisa que me
causou estranheza foi ela escrever para si mesma", disse Omena,
ressaltando que vai analisar as ligações feitas e recebidas no celular
da manicure.
A pena para sequestro com morte é maior do que homicídio qualificado,
segundo o delegado. "Extorsão mediante sequestro com morte é a maior
pena mínima, 24 a 30 anos", afirmou ele, acrescentando que para
homicídio a pena mínima é de 12 anos e máxima 30 anos.
Susana teria escrito em folhas de caderno o plano do sequestro
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2013/04/pai-de-menino-morto-no-rj-chorou-compulsivamente-diz-delegado.html
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