Inflação resiste e corrói renda do consumidor
Fortaleza aparece na liderança de quatro pesquisas que medem os preços de produtos e serviços em todo o País
Se
a presidente Dilma Rousseff já tem motivos suficientes para se
preocupar com as consecutivas altas da inflação em âmbito nacional, que
já se aproxima do teto da meta (6,5%), os fortalezenses merecem uma
atenção especial. Em um passeio pelos principais índices que medem a
variação dos preços nas capitais, Fortaleza se destaca por colecionar
primeiros lugares em vários deles, especialmente no que diz respeito aos
alimentos.
Além de liderar a lista referente à cesta da básica,
com um aumento, em 12 meses (até março), de 32,78% nos itens que a
compõem, conforme noticiou ontem o Diário do Nordeste, a Capital do
Ceará ocupa também a primeira posição no grupo de todos os alimentos do
domicílio, que, no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),
registrou um crescimento de 19,78% no acúmulo de um ano (até o mês de
fevereiro).
Se for levado em conta somente os três primeiros
meses de 2013, o IPCA Especial (avalia o trimestre) também coloca a
cidade no topo do ranking, com um avanço de 2,81%, dessa vez incluindo
qualquer tipo de produto ou serviço.
No Índice Nacional de Preços
ao Consumidor (INPC), pesquisa que considera só os itens voltados para
pessoas de baixa renda (de um a cinco salários mínimos), Fortaleza
lidera com uma alta de 9,24% em 12 meses.
Acima da média do País
Ao
analisar os resultados mensais do IPCA, considerado pelo Banco Central
como a inflação oficial, verifica-se ainda que o índice de Fortaleza vem
superando a média nacional há seis meses, chegando a 1,27% em dezembro
do ano passado.
Os principais vilões dos últimos 12 meses, dessa
vez segundo a pesquisa que mensura os preços dos itens da cesta básica,
são a farinha de mandioca (181,08%), o tomate (166,01%), a banana
(78,31%), o feijão (32,38%) e o arroz (32,38%). A batata-inglesa e a
cebola, agora segundo o IPCA, também merecem destaque, com avanços de
109,49% e 76,6% no mesmo intervalo, respectivamente.
Expectativa por juros altos
Previsões
do mercado aguardam que o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) divulgue hoje, para o País, uma inflação entre 0,48% e
0,50% para o mês de março, fazendo o acumulado dos últimos 12 meses
superar o teto da meta (6,5%), situação que já é realidade em Fortaleza,
que em fevereiro fechou o período com 8,31%, abaixo apenas de Belo
Horizonte (MG), com 8,76%. Com isso, especialistas afirmam que é
provável que a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária),
do Banco Central, marcada para os próximos dias 16 e 17, decida por
aumentar a taxa básica de juros (Selic), com o objetivo de segurar o
avanço dos preços nos próximos meses. A última alteração aconteceu em
outubro do ano passado, quando a taxa era de 7,5%.
Já a última
alta ocorreu em julho de 2011, quando a Selic era de 12,25% e passou
para 12,5%. Ontem, faltando uma semana para a reunião, a presidente
Dilma Rousseff se encontrou com três economistas de fora do governo,
para discutir possíveis mudanças. São eles Delfim Netto, ex-ministro da
Fazenda, Luiza Gonzaga Beluzzo, ex-secretário de política econômica da
Fazenda, e Yoshiaki Nakano.
OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Capital consome mais alimentos que outras
Os
efeitos da seca na produção de itens agrícolas no Nordeste tem afetado
os preços dos produtos em todas as capitais nordestinas, no entanto,
Fortaleza tem se destacado, em relação à alta dos preços, por ser a
capital da Região que mais consome alimentos.
De acordo com o
IPCA referente ao mês de fevereiro, 31% do orçamento das famílias
fortalezenses refere-se a gastos com alimentação (somente Belo Horizonte
tem uma percentual superior, de 34,4%), diferentemente de cidades como
São Paulo, onde gastos como transporte e imóveis ocupam significativas
parcelas nos orçamentos.
Outro fator importante, que tem
reconhecido inclusive pelos relatórios do Banco Central, é o que os
economistas chamam de inércia inflacionária, na qual os preços sobem
antes mesmo da inflação ser divulgada, os agentes remarcam por remarcar,
o que tem acontecido principalmente no setor de serviços.
Henrique MarinhoPres. do Conselho Reg. de Economia no Ceará
IGP-DI aumenta para 0,31% em março
Tarifa de eletricidade residencial passou de deflação de 13,91% para inflação de 0,82% FOTO: THIAGO GASPAR
Rio de Janeiro
O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou
inflação de 0,31%, em março deste ano, taxa superior ao 0,2% de
fevereiro. Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), o índice acumula
taxas de 0,81% no ano e de 7,97% no período de 12 meses. A alta de março
foi provocada pelo aumento dos subíndices de Preços ao Produtor Amplo
(IPA), que mede os preços no atacado, e de Preços ao Consumidor (IPC),
que mede a variação no varejo.
O Índice de Preços ao Produtor
Amplo passou de 0,09% em fevereiro para 0,12% em março. O aumento foi
influenciado por grupos de despesas como os alimentos processados, cuja
taxa passou de uma deflação (queda de preços) de 0,86% em fevereiro para
uma inflação de 0,09% em março.
Já o Índice de Preços ao Consumidor registrou inflação de 0,72%, em março, acima do 0,33% do mês anterior.
Um
dos principais responsáveis por esse aumento foi a tarifa de
eletricidade residencial, que passou de uma deflação de 13,91% para uma
inflação de 0,82% no período.
Em sentido oposto, o subíndice de
Custo da Construção (INCC) diminuiu de 0,6% em fevereiro para 0,5% em
março, devido à inflação do custo da mão de obra, que passou de 0,77%
para 0,52% no período.
Alta nos medicamentos já chegou e supera expectativa
Sincofarma
explica que elevações de preços atuais devem-se à retirada de descontos
e aguarda novas tabelas FOTO: RODRIGO CARVALHO
O reajuste
de até 6,31% para medicamentos, autorizado pelo governo federal na
última quinta-feira, já é sentido pelos consumidores de Fortaleza.
Diferentemente da previsão feita pelo Sincofarma-CE (Sindicato do
Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Ceará), de que o aumento
só chegaria em dez dias às farmácias do Estado, a reportagem apurou,
após realizar pesquisa direta em cinco redes de farmácias da Capital,
que a elevação chega a ser superior, alcançado o patamar de até 9,46%. É
o caso do Claritin Xarope, medicamento indicado para sintomas
associados a rinite alérgica. Há cerca de uma mês, o produto era vendido
por R$ 30,97 na farmácia Santa Branca e agora é encontrado por R$ 33,90
na Telejuca.
Anteriormente, a Telejuca apresentava no mesmo
medicamento o valor de R$ 20,48, o menor entre as farmácias pesquisadas,
ou seja, variação de 65,52%, ou de R$ 13,42, em pouco mais de um mês.
Outro medicamento que apresentou alta maior que a esperada foi o Glifage
XR 500ml. Ele custava R$ 13,15 na Telejuca, mas agora sai, na mesma
farmácia, por R$ 14,30, resultando em 8,74% a mais no bolso do
consumidor.
Vale ressaltar que o menor custo encontrado nesse
medicamento, entre as farmácias pesquisadas à época, foi de R$ 5,40, na
Santa Branca. Atualmente, o menor valor desse remédio é encontrado na
Dose Certa por R$ 10,97 - diferença de 103,14%.
Já o maior e o
menor valor de uma cartela com quatro comprimidos de Tylenol, por
exemplo, poderia ser encontrado há um mês e meio por R$ 4,60 e R$ 3,22,
respectivamente. Atualmente, o valor de R$ 4,60 é o preço mais baixo
entre quatro das cinco farmácias pesquisadas. O analgésico sofreu
reajuste de até 6,52%, em comparação ao maior valor atual de R$ 4,90.
Apesar
das altas, o medicamento Buscopan Composto apresenta reajuste de 5,36%,
ou seja, dentro do estipulado pelo governo. O frasco de 20 mililitros
(ml), em gotas, era vendido por R$ 10,63 e passou a custar R$ 11,20 nas
farmácias Santa Branca e Telejuca, respectivamente, conforme constatado.
De
acordo com o tesoureiro do Sincofarma-CE, Maurício Filizola, o aumento
não significa dizer que o remédio já está dentro do reajuste. "O que
pode acontecer é um medicamento ter sido vendido, anteriormente, com um
desconto e agora estar sendo comercializado pelo preço normal". Quanto
ao aumento maior que o autorizado, ele afirma que só será possível
verificar se há reajuste mais elevado que o autorizado após verificar a
tabela de preços. "Se o valor do remédio está acima do esperado, então
está havendo o descumprimento da regra", diz.
Reposição
Para
o presidente da entidade, Antônio Felix, a tabela com os preços de
índice nacional deve chegar até o dia 15. Entretanto, algumas farmácias
estão utilizando as tabelas dos laboratórios, que já apresentam aumento.
"As (farmácias) que estão realizando a sua reposição de medicamentos,
já encontra nos laboratórios o preço com o reajuste´, comenta. Além
disso, Felix ressalta que os preços podem variar de acordo com a
farmácia. "Depende do preço do laboratório e da forma como é negociado".
Consumidor
A
pensionista Francimeire Tavares gasta mensalmente mais de R$ 200 em
remédios e já sente o reflexo do aumento na sua renda. "Essa semana fui
comprar um simples remédio para tosse que antes custava em torno de R$
6,00, mas agora está saindo por mais de R$ 10,00, mesmo com o desconto",
queixa-se.
IPCA fura o teto da meta em 4 regiões
Rio
O teto da meta inflacionária já foi ultrapassado em quatro das 11
regiões pesquisadas pelo IBGE, para o cálculo do Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A meta de inflação é 4,5%, com
tolerância de dois pontos porcentuais para cima e para baixo. Em
fevereiro, a taxa acumulada em 12 meses em cada um desses locais, todos
no Norte e Nordeste, rodava com aumentos de preços em nível bem acima do
teto de 6,5%, estipulado pelo governo.
Dados do IBGE mostram
que, regionalmente, a inflação acumulada até fevereiro já superou a meta
no Recife (7,44%), em Fortaleza (8,31%), em Salvador (7,05%) e Belém
(8,75%). A causa principal é o encarecimento da mandioca.
O teto
da inflação nessas regiões metropolitanas do Norte e Nordeste foi
ultrapassado há alguns meses. Em Belém, ainda em outubro de 2012, quando
a inflação atingiu 7,06% e em Fortaleza, desde dezembro passado, ao
atingir 6,7%enquanto, em Salvador, a taxa ficou em 6,74% em janeiro.
Inflação anunciada
Economistas
consultados pela Agência Estado previam ontem, que o IPCA de março, que
será divulgado hoje, ultrapassaria a meta. Para a maioria esmagadora
das 45 instituições financeiras consultadas, o indicador ficaria entre
6,5% e 6,7%.
Se o IPCA superar o teto no acumulado em 12 meses,
será a primeira vez que isso acontecerá desde novembro de 2011, quando a
taxa foi de 6,64%. Em dezembro daquele ano, a mesma taxa bateu em
exatos 6,5%.
Taxas de juros
Na véspera da
divulgação do IPCA de março, as taxas futuras de juros, principalmente
de curto prazo, voltaram a subir, indicando que o aumento da Selic,
atualmente em 7,25%, deve ocorrer já na semana que vem. Antes, a
expectativa era de alta só em maio. Ao término da negociação estendida
na BM&F, o contrato de DI com vencimento em julho de 2013 marcava
7,25%, de 7,21% no ajuste anterior. O DI com vencimento em janeiro de
2014 apontava 7,86%, de 7,81% ontem.
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1252428
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