quarta-feira, 10 de abril de 2013

Inflação resiste e corrói renda do consumidor

Fortaleza aparece na liderança de quatro pesquisas que medem os preços de produtos e serviços em todo o País
Se a presidente Dilma Rousseff já tem motivos suficientes para se preocupar com as consecutivas altas da inflação em âmbito nacional, que já se aproxima do teto da meta (6,5%), os fortalezenses merecem uma atenção especial. Em um passeio pelos principais índices que medem a variação dos preços nas capitais, Fortaleza se destaca por colecionar primeiros lugares em vários deles, especialmente no que diz respeito aos alimentos.

Além de liderar a lista referente à cesta da básica, com um aumento, em 12 meses (até março), de 32,78% nos itens que a compõem, conforme noticiou ontem o Diário do Nordeste, a Capital do Ceará ocupa também a primeira posição no grupo de todos os alimentos do domicílio, que, no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou um crescimento de 19,78% no acúmulo de um ano (até o mês de fevereiro).

Se for levado em conta somente os três primeiros meses de 2013, o IPCA Especial (avalia o trimestre) também coloca a cidade no topo do ranking, com um avanço de 2,81%, dessa vez incluindo qualquer tipo de produto ou serviço.

No Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), pesquisa que considera só os itens voltados para pessoas de baixa renda (de um a cinco salários mínimos), Fortaleza lidera com uma alta de 9,24% em 12 meses.

Acima da média do País
Ao analisar os resultados mensais do IPCA, considerado pelo Banco Central como a inflação oficial, verifica-se ainda que o índice de Fortaleza vem superando a média nacional há seis meses, chegando a 1,27% em dezembro do ano passado.

Os principais vilões dos últimos 12 meses, dessa vez segundo a pesquisa que mensura os preços dos itens da cesta básica, são a farinha de mandioca (181,08%), o tomate (166,01%), a banana (78,31%), o feijão (32,38%) e o arroz (32,38%). A batata-inglesa e a cebola, agora segundo o IPCA, também merecem destaque, com avanços de 109,49% e 76,6% no mesmo intervalo, respectivamente.

Expectativa por juros altos
Previsões do mercado aguardam que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgue hoje, para o País, uma inflação entre 0,48% e 0,50% para o mês de março, fazendo o acumulado dos últimos 12 meses superar o teto da meta (6,5%), situação que já é realidade em Fortaleza, que em fevereiro fechou o período com 8,31%, abaixo apenas de Belo Horizonte (MG), com 8,76%. Com isso, especialistas afirmam que é provável que a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, marcada para os próximos dias 16 e 17, decida por aumentar a taxa básica de juros (Selic), com o objetivo de segurar o avanço dos preços nos próximos meses. A última alteração aconteceu em outubro do ano passado, quando a taxa era de 7,5%.

Já a última alta ocorreu em julho de 2011, quando a Selic era de 12,25% e passou para 12,5%. Ontem, faltando uma semana para a reunião, a presidente Dilma Rousseff se encontrou com três economistas de fora do governo, para discutir possíveis mudanças. São eles Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, Luiza Gonzaga Beluzzo, ex-secretário de política econômica da Fazenda, e Yoshiaki Nakano.

OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Capital consome mais alimentos que outras
Os efeitos da seca na produção de itens agrícolas no Nordeste tem afetado os preços dos produtos em todas as capitais nordestinas, no entanto, Fortaleza tem se destacado, em relação à alta dos preços, por ser a capital da Região que mais consome alimentos.

De acordo com o IPCA referente ao mês de fevereiro, 31% do orçamento das famílias fortalezenses refere-se a gastos com alimentação (somente Belo Horizonte tem uma percentual superior, de 34,4%), diferentemente de cidades como São Paulo, onde gastos como transporte e imóveis ocupam significativas parcelas nos orçamentos.

Outro fator importante, que tem reconhecido inclusive pelos relatórios do Banco Central, é o que os economistas chamam de inércia inflacionária, na qual os preços sobem antes mesmo da inflação ser divulgada, os agentes remarcam por remarcar, o que tem acontecido principalmente no setor de serviços.

Henrique Marinho
Pres. do Conselho Reg. de Economia no Ceará

IGP-DI aumenta para 0,31% em março
Tarifa de eletricidade residencial passou de deflação de 13,91% para inflação de 0,82% FOTO: THIAGO GASPAR
Rio de Janeiro O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou inflação de 0,31%, em março deste ano, taxa superior ao 0,2% de fevereiro. Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), o índice acumula taxas de 0,81% no ano e de 7,97% no período de 12 meses. A alta de março foi provocada pelo aumento dos subíndices de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede os preços no atacado, e de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a variação no varejo.

O Índice de Preços ao Produtor Amplo passou de 0,09% em fevereiro para 0,12% em março. O aumento foi influenciado por grupos de despesas como os alimentos processados, cuja taxa passou de uma deflação (queda de preços) de 0,86% em fevereiro para uma inflação de 0,09% em março.

Já o Índice de Preços ao Consumidor registrou inflação de 0,72%, em março, acima do 0,33% do mês anterior.

Um dos principais responsáveis por esse aumento foi a tarifa de eletricidade residencial, que passou de uma deflação de 13,91% para uma inflação de 0,82% no período.

Em sentido oposto, o subíndice de Custo da Construção (INCC) diminuiu de 0,6% em fevereiro para 0,5% em março, devido à inflação do custo da mão de obra, que passou de 0,77% para 0,52% no período.

Alta nos medicamentos já chegou e supera expectativa
Sincofarma explica que elevações de preços atuais devem-se à retirada de descontos e aguarda novas tabelas FOTO: RODRIGO CARVALHO
O reajuste de até 6,31% para medicamentos, autorizado pelo governo federal na última quinta-feira, já é sentido pelos consumidores de Fortaleza. Diferentemente da previsão feita pelo Sincofarma-CE (Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Ceará), de que o aumento só chegaria em dez dias às farmácias do Estado, a reportagem apurou, após realizar pesquisa direta em cinco redes de farmácias da Capital, que a elevação chega a ser superior, alcançado o patamar de até 9,46%. É o caso do Claritin Xarope, medicamento indicado para sintomas associados a rinite alérgica. Há cerca de uma mês, o produto era vendido por R$ 30,97 na farmácia Santa Branca e agora é encontrado por R$ 33,90 na Telejuca.

Anteriormente, a Telejuca apresentava no mesmo medicamento o valor de R$ 20,48, o menor entre as farmácias pesquisadas, ou seja, variação de 65,52%, ou de R$ 13,42, em pouco mais de um mês. Outro medicamento que apresentou alta maior que a esperada foi o Glifage XR 500ml. Ele custava R$ 13,15 na Telejuca, mas agora sai, na mesma farmácia, por R$ 14,30, resultando em 8,74% a mais no bolso do consumidor.

Vale ressaltar que o menor custo encontrado nesse medicamento, entre as farmácias pesquisadas à época, foi de R$ 5,40, na Santa Branca. Atualmente, o menor valor desse remédio é encontrado na Dose Certa por R$ 10,97 - diferença de 103,14%.

Já o maior e o menor valor de uma cartela com quatro comprimidos de Tylenol, por exemplo, poderia ser encontrado há um mês e meio por R$ 4,60 e R$ 3,22, respectivamente. Atualmente, o valor de R$ 4,60 é o preço mais baixo entre quatro das cinco farmácias pesquisadas. O analgésico sofreu reajuste de até 6,52%, em comparação ao maior valor atual de R$ 4,90.

Apesar das altas, o medicamento Buscopan Composto apresenta reajuste de 5,36%, ou seja, dentro do estipulado pelo governo. O frasco de 20 mililitros (ml), em gotas, era vendido por R$ 10,63 e passou a custar R$ 11,20 nas farmácias Santa Branca e Telejuca, respectivamente, conforme constatado.

De acordo com o tesoureiro do Sincofarma-CE, Maurício Filizola, o aumento não significa dizer que o remédio já está dentro do reajuste. "O que pode acontecer é um medicamento ter sido vendido, anteriormente, com um desconto e agora estar sendo comercializado pelo preço normal". Quanto ao aumento maior que o autorizado, ele afirma que só será possível verificar se há reajuste mais elevado que o autorizado após verificar a tabela de preços. "Se o valor do remédio está acima do esperado, então está havendo o descumprimento da regra", diz.

Reposição
Para o presidente da entidade, Antônio Felix, a tabela com os preços de índice nacional deve chegar até o dia 15. Entretanto, algumas farmácias estão utilizando as tabelas dos laboratórios, que já apresentam aumento. "As (farmácias) que estão realizando a sua reposição de medicamentos, já encontra nos laboratórios o preço com o reajuste´, comenta. Além disso, Felix ressalta que os preços podem variar de acordo com a farmácia. "Depende do preço do laboratório e da forma como é negociado".

Consumidor
A pensionista Francimeire Tavares gasta mensalmente mais de R$ 200 em remédios e já sente o reflexo do aumento na sua renda. "Essa semana fui comprar um simples remédio para tosse que antes custava em torno de R$ 6,00, mas agora está saindo por mais de R$ 10,00, mesmo com o desconto", queixa-se.

IPCA fura o teto da meta em 4 regiões
Rio O teto da meta inflacionária já foi ultrapassado em quatro das 11 regiões pesquisadas pelo IBGE, para o cálculo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A meta de inflação é 4,5%, com tolerância de dois pontos porcentuais para cima e para baixo. Em fevereiro, a taxa acumulada em 12 meses em cada um desses locais, todos no Norte e Nordeste, rodava com aumentos de preços em nível bem acima do teto de 6,5%, estipulado pelo governo.

Dados do IBGE mostram que, regionalmente, a inflação acumulada até fevereiro já superou a meta no Recife (7,44%), em Fortaleza (8,31%), em Salvador (7,05%) e Belém (8,75%). A causa principal é o encarecimento da mandioca.

O teto da inflação nessas regiões metropolitanas do Norte e Nordeste foi ultrapassado há alguns meses. Em Belém, ainda em outubro de 2012, quando a inflação atingiu 7,06% e em Fortaleza, desde dezembro passado, ao atingir 6,7%enquanto, em Salvador, a taxa ficou em 6,74% em janeiro.

Inflação anunciada
Economistas consultados pela Agência Estado previam ontem, que o IPCA de março, que será divulgado hoje, ultrapassaria a meta. Para a maioria esmagadora das 45 instituições financeiras consultadas, o indicador ficaria entre 6,5% e 6,7%.

Se o IPCA superar o teto no acumulado em 12 meses, será a primeira vez que isso acontecerá desde novembro de 2011, quando a taxa foi de 6,64%. Em dezembro daquele ano, a mesma taxa bateu em exatos 6,5%.

Taxas de juros
Na véspera da divulgação do IPCA de março, as taxas futuras de juros, principalmente de curto prazo, voltaram a subir, indicando que o aumento da Selic, atualmente em 7,25%, deve ocorrer já na semana que vem. Antes, a expectativa era de alta só em maio. Ao término da negociação estendida na BM&F, o contrato de DI com vencimento em julho de 2013 marcava 7,25%, de 7,21% no ajuste anterior. O DI com vencimento em janeiro de 2014 apontava 7,86%, de 7,81% ontem.

 

 

 http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1252428


 

 

Nenhum comentário: