Entre 2010 e 2012, a quantidade de mulheres
assassinadas no Ceará saltou de 171 para 197. Ações de conscientização
tiveram início ontem.
O que diz a Lei
Maria da Penha: todo caso de violência doméstica e intrafamiliar é crime, deve ser apurado por inquérito policial e ser remetido ao Ministério Público. A lei também tipifica as situações de violência doméstica, proíbe a aplicação de penas pecuniárias aos agressores e amplia a pena de um para até três anos de prisão.
Maria da Penha esteve presente no evento e criticou a ausência de
políticas públicas eficazes de combate à violência contra a mulher.
Sete anos após ter sido sancionada a Lei Maria da Penha, os casos de
violência contra a mulher continuam crescendo. Nos últimos três anos, a
quantidade de mulheres assassinadas no Ceará saltou de 171 para 197,
um aumento de 15,2%. Na Capital, o crescimento foi de 14,9%: foram 67
homicídios em 2010 contra 77 em 2012. Os números são da Secretaria da
Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) e foram oficiados pelo Núcleo
de Gênero Pró-Mulher do Ministério Público Estadual (MPE).
O
aumento é resultado da “cultura machista”, defende Rena Gomes, titular
da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). “Nunca se prendeu tantos homens
agressores quanto hoje. Desde que a Lei Maria da Penha foi implantada,
foram presos cinco mil em Fortaleza”, afirma. A cada ano, são presos
cerca de 600 agressores. A pena varia de três meses a 30 anos.
A
Secretaria Executiva Regional (SER) VI é a área da Capital com o maior
número de casos de violência contra a mulher, sendo Messejana o bairro
que lidera as ocorrências, de acordo com dados de uma pesquisa
desenvolvida pelo Observatório da Violência Contra a Mulher (Observem),
da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
“Além de ser
populosa, a Regional VI apresenta os maiores percentuais em termos de
população total e de pessoas na extrema pobreza, no qual 23 bairros
apresentavam um percentual acima de 4% da sua população vivendo com até
R$ 70 mensais dentre os 29 existentes”, informa a pesquisa do
Observem.
Diante do diagnóstico apresentado no relatório,
órgãos de defesa da mulher se uniram no dia 25 de novembro - Dia
Internacional de Enfrentamento da Violência contra a Mulher - de 2012
com o compromisso de promover ações de combate ao longo deste ano. Um
debate ontem marcou o início do projeto na Escola Estadual Deputado
Paulo Benevides, em Messejana.
O intuito é conscientizar
e problematizar sobre a Lei Maria da Penha com população do bairro, em
especial os jovens, detalhou Elizabeth das Chagas, coordenadora do
Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher da Defensoria
Pública. Segundo ela, 94% das mulheres sabem que existem a lei, mas
apenas 13% conhecem o conteúdo.
Magnólia Barbosa,
procuradora e coordenadora do Núcleo de Gênero Pró-Mulher do MP, lembra
que Messejana foi escolhida para ser o bairro-modelo. Outras regiões
devem passar pela mesma iniciativa. “Acho que tem aumentado a coragem
da mulher de denunciar. Antes da lei, as mulheres tinham medo”, avalia.
Serviço
Para denunciar casos de violência contra a mulher:
Ligue 180. Você também pode chamar o Ronda do Quarteirão do seu bairro.
Saiba mais
A
farmacêutica cearense Maria da Penha é o marco recente mais
importante da história das lutas feministas brasileiras. Ela esteve
presente no debate de ontem e criticou a ausência de políticas públicas
eficazes. “Se não tiver equipamentos, essa lei não funciona”, afirmou.
Em
1983, enquanto dormia, Maria da Penha recebeu um tiro do então marido,
que a deixou paraplégica. Depois de se recuperar, foi mantida em
cárcere privado, sofreu outras agressões e nova tentativa de
assassinato, também pelo marido, por eletrocução. Procurou a Justiça e
conseguiu deixar a casa, com as três filhas.
O que diz a Lei
Maria da Penha: todo caso de violência doméstica e intrafamiliar é crime, deve ser apurado por inquérito policial e ser remetido ao Ministério Público. A lei também tipifica as situações de violência doméstica, proíbe a aplicação de penas pecuniárias aos agressores e amplia a pena de um para até três anos de prisão.
http://www.opovo.com.br/app/opovo/fortaleza/2013/03/09/noticiasjornalfortaleza,3019461/numero-de-mulheres-assassinadas-cresce-15.shtml
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