segunda-feira, 11 de março de 2013

Japão. Mais de 300 mil pessoas ainda vivem em abrigos temporários

 Activistas acusam o governo de não ter dado apoio suficiente às pessoas que fugiram das suas casas para não estarem expostas às radiações

 Japão destruição
Em muitas aldeias e cidades por todo o Japão realizaram-se ontem homenagens em que foi feito um minuto de silêncio em memória das mais de 18 mil pessoas vítimas do sismo e consequente tsunami que devastaram o país a 11 de Março de 2011. Desde então, e porque o desastre também provocou uma crise nuclear na central de Fukushima Daiichi, a maioria dos reactores do país continua desactivado.

“Fico sempre profundamente comovido ao ver tantas pessoas a levarem as suas vidas sem se queixarem”, afirmou o imperador Akihito, invocando a memória das vítimas do desastre. “Espero ser capaz de partilhar pelo menos um pouco do seu sofrimento”, sublinhou, desejando que as vidas perdidas não sejam esquecidas, nem as pessoas que vivem “nestas condições difíceis, nos refúgios na região afectada”. Já o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, também presente na cerimónia em Tóquio, prometeu apressar os trabalhos de reconstrução. 

“O Japão não nunca mais viverá uma verdadeira Primavera se a Primavera não chegar ao Nordeste do Japão. Prometo não esquecer o peso de cada dia e prometo acelerar a reconstrução da região”, afirmou. “Vou transformar o Japão num país resiliente nos desastres, ao mesmo tempo que ficarei ao lado das pessoas afectadas”, rematou, numa altura em que o governo já gastou milhões de dólares com os trabalhos.

Depois de o tsunami ter provocado o pior acidente nuclear desde Chernobyl (em 1986), os activistas antinuclear da Greenpeace têm vindo a acusar o governo japonês de não ter dado apoio suficiente às pessoas que fugiram das suas casas nas regiões destruídas, por forma a não ficarem expostas às radiações. Segundo membros da organização, muitas delas ficaram arruinadas economicamente, os divórcios têm aumentado e os esgotamentos nervosos também. “Estas pessoas precisam de uma compensação adequada e apoio para reconstruírem as suas vidas”, disse a Greenpeace em comunicado. Segundo os dados actuais, 315 196 pessoas estão ainda sem residência fixa, vivendo muitas delas em pequenas unidades habitacionais temporárias. Por seu turno, na fábrica nuclear de Fukushima Daiichi (220 quilómetros a nordeste de Tóquio), onde quatro dos seis reactores foram atingidos pelo tsunami, a situação estabilizou, mas vão ser necessários 40 anos até serem desmantelados.

Rin Yamane recordou à AFP o dia em que perdeu a sua mãe na catástrofe. “De repente estávamos no meio de um mar negro… Só quando a vi na morgue, alguns dias mais tarde, soube que era verdade”, explicou a jovem.

Passados dois anos, a polícia da autarquia de Miyagi continua à procura de desaparecidos. “Há um ano que não encontramos corpos”, disse o polícia Toshiaki Okajima, explicando que no município existe ainda uma lista de 1300 desaparecidos e que a esperança das famílias não desapareceu. “Por isso é que temos de continuar à procura”, acrescentou.

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