Imposto subiria na segunda-feira; governo estaria planejando congelar alíquotas no patamar atual por tempo indeterminado
Adriana Fernandes e Eduardo Cucolo - Agencia Estado
BRASÍLIA - O governo federal deve adiar o aumento da
alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para
automóveis, previsto para subir no dia 1º de abril. O jornal O Estado de S. Paulo
apurou que a equipe econômica pode, até, congelar as alíquotas no
patamar atual por tempo indeterminado. Pelo cronograma divulgado em
dezembro, estavam previstos três aumentos do tributo. O reajuste de
janeiro se confirmou. O imposto deveria subir novamente em abril e
julho.
A informação de que o imposto não subiria em abril foi publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, na última quarta-feira (27). O anúncio da prorrogação deve ser feito na segunda-feira (01/04) pelo Ministério da Fazenda.
O fraco desempenho das vendas no primeiro trimestre de 2013 fez o
governo rever a decisão de aumentar gradualmente o tributo. O ministro
da Fazenda, Guido Mantega, e a Associação Nacional de Fabricantes de
Veículos Automotores (Anfavea) se reuniram na quinta-feira (28) para
avaliar a situação do setor neste início de ano.
Entre maio e dezembro de 2012, o governo reduziu o IPI dos veículos
flex de até 1.000 cilindradas de 7% para zero. Em 1º de janeiro de 2013,
a alíquota dessa categoria subiu para 2% e deveria subir para 3,5% a
partir de segunda-feira (01/04), voltando aos 7% originais em 1º de
julho, segundo cronograma divulgado pelo governo no final do ano
passado.
Para os veículos flex de 1.000 a 2.000 cilindradas, a alíquota do IPI
caiu de 11% para 5,5% até 31 de dezembro, subiu para 7% em 1º de
janeiro e deveria ir a 9% na segunda-feira (01/04). Para veículos a
gasolina nessa faixa, o IPI original saiu de 13% para 6,5% entre maio e
dezembro do ano passado, foi para 8% em 1º de janeiro e a previsão era
chegar a 10% a partir de abril. Já para os veículos utilitários, a
alíquota de 8% ficou em 1% até dezembro, subiu para 2% em janeiro e
deveria ir para 3% agora.
Estoques elevados
Nesta semana, o vice-presidente de assuntos corporativos da Ford para
a América do Sul, Rogelio Golfarb, afirmou estar "reticente" se a
projeção de crescimento do mercado automotivo da Anfavea para 2013, de
3,5% a 4,5%, irá se concretizar, citando a questão do IPI. "Apesar de
janeiro ter registrado vendas fortes, o resultado só ocorreu por causa
da venda de veículos em estoques com redução total de IPI." Em
fevereiro, segundo ele, houve queda nas vendas em relação a fevereiro do
ano passado. "E os números de março, até agora, ainda estão aquém."
A lenta recuperação da economia tem levado a Fazenda a rever o fim de
vários incentivos tributários desde o ano passado. E o setor
automobilístico é um dos mais sensíveis para o governo, por conta do seu
peso na indústria, no varejo e no emprego. A indústria automobilística
representa quase 25% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial. Desde
que o ministério derrubou o IPI, em maio do ano passado, já houve quatro
prorrogações.
A produção de veículos cresceu 18,4% no primeiro bimestre em relação
ao mesmo período de 2012, o que surpreendeu analistas do setor. As
vendas, no entanto, decepcionaram. Os números de fevereiro foram os
piores para este mês do ano desde 2010. Em março, o mercado de carros
novos não reagiu, como se esperava, e os estoques seguiram elevados,
beirando os 40 dias, segundo dados da Anfavea.
http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,governo-deve-adiar-aumento-do-ipi-para-veiculos,148957,0.htm
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