Federico Lombardi diz que comentários partem de pessoas que só enxergam dinheiro, sexo e poder
O
porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, criticou neste sábado a
onda de boatos sobre a guerra de poder na cúpula da Igreja, envolvendo
notícias de chantagens e sexo, que teria sido o motivo da renúncia de
Bento XVI. Lombardi afirmou que, neste momento de espera e preparação
para a escolha de um novo papa, há quem se aproveite para espalhar
confusão e descrédito, recorrendo a instrumentos antigos, como a
maledicência, a desinformação e a calúnia, ou exercendo pressões
inaceitáveis para tentar manipular o exercício do voto de um ou outro
cardeal.
As denúncias, publicadas pelo jornal La Repubblica e a revista Panorama,
afirmam que o papa decidiu abandonar o cargo depois de receber um
relatório secreto de 300 páginas, elaborado por três cardeais veteranos e
considerados inatacáveis. No documento são descritas as lutas internas
pelo poder e o dinheiro, assim como o sistema de "chantagens" internas
baseadas nas fraquezas sexuais, o chamado "lobby gay" do Vaticano.
"Na
maior parte dos casos, quem se coloca como juiz, emitindo graves juízos
morais, não tem autoridade alguma para fazê-lo. Quem tem em mente
apenas o dinheiro, sexo e poder, não é capaz de enxergar outra
realidade, porque o seu olhar não é capaz de captar as dimensões e as
motivações espirituais da existência. De tudo isso resulta uma descrição
profundamente injusta da Igreja e dos seus homens", afirmou porta-voz.
Federico
Lombardi acrescentou que a Igreja deseja, neste momento, que este seja
um tempo de reflexão sincera sobre as expectativas espirituais do mundo e
sobre a fidelidade da Igreja ao Evangelho, de oração, de proximidade ao
colégio de cardeais que vai escolher um novo papa.
"O caminho da
Igreja nestas últimas semanas do pontificado de Bento XVI, até a eleição
do novo papa, é muito trabalhoso, dada a novidade da situação. Não
temos que chorar a morte de um papa querido, mas teremos que enfrentar
uma outra realidade: as pressões e as considerações alheias ao espírito
que a Igreja queria viver neste tempo de espera e reflexão", concluiu
Lombardi.
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