O psicólogo britânico Mark Griffiths, professor da
Nottingham Trent University, vem estudando o jogo compulsivo há 25 anos e
diz acreditar "enfaticamente" que o ato de jogar e apostar, se levado
ao extremo, é tão viciante quanto qualquer droga.
Especialistas de saúde precisam atentar para 'vicios ocultos, como o do trabalho, diz analista
Neste texto escrito para a BBC, ele comenta os resultados de seu trabalho:
"Os efeitos sociais e de saúde da
jogatina extremada são muitos e têm muita coisa em comum com os efeitos
de vícios mais tradicionais, entre eles mau humor, problemas de
relacionamento, absenteísmo do trabalho, violência doméstica e ir à
falência.
Os efeitos para a saúde - para jogadores e seus
parceiros e parceiras - incluem ansiedade, depressão, insônia, problemas
intestinais, enxaquecas, stress, problemas estomacais e pensamentos
suicidas.
Se comportamentos como a jogatina podem se
tornar um vício genuíno, não existe razão em teoria que impediria alguém
de se viciar em atividades como videogames, trabalho ou exercícios
físicos.
Pesquisas sobre jogadores compulsivos relatam
que eles sofrem ao menos um efeito colateral quando passam por períodos
de abstinência, como insônia, dores de cabeça, perda de apetite,
fraqueza física, palpitações cardíacas, dores musculares, dificuldades
de respiração e calafrios.
Abstinência
Na verdade, jogadores compulsivos aparentam
sofrer mais sintomas de abstinência física quando tentam cortar o vício
do que viciados em drogas.
Mas quando é exatamente que um entusiasmo saudável se transforma em um vício?
Comportamento excessivo por si só não significa que alguém seja viciado.
Eu consigo pensar em muitas pessoas que se
envolvem em atividades excessivas, mas eu não as classificaria como
viciadas, já que elas parecem não sofrer qualquer efeito negativo ao
apresentar tal comportamento.
Em essência, a diferença fundamental entre o
excesso de entusiasmo e o vício é que os entusiastas saudáveis adicionam
vida às atividades desprovidas dela.
Para qualquer comportamento ser definido como
viciante, é preciso que existam consequências específicas como se tornar
a atividade mais importante na vida de uma pessoa ou ser o meio pelo
qual o humor dela pode melhorar.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/11/111125_vicio_trabalho_games_bg.shtml
Eles podem também começar a precisar fazer mais e
mais da atividade ao longo do tempo para sentir seus efeitos e sentir
sintomas físicos e psicológicos de abstinência se eles não conseguem
fazê-lo.
Isso pode levar a conflitos com o trabalho e com
responsabilidades pessoais e muitos podem até viver recaídas se tentam
largar o vício.
A maneira pela qual os vícios se desenvolvem - sejam eles químicos ou comportamentais - é complexa.
Vícios 'ocultos'
O comportamento viciante se desenvolve a partir
de uma combinação de predisposição biológica e genética de uma pessoa, o
ambiente social em que elas cresceram e sua constituição psicológica,
como traços de personalidade, atitudes, experiências e crenças e a
própria atividade.
Muitos vícios comportamentais são vícios
''ocultos''. Diferentemente do alcoolismo, o viciado em trabalho não
apresenta a fala embolada ou sai tropeçando.
Mas, no entanto, o vício comportamental é um
tema relativo a saúde que precisa ser levado a sério por todos os
profissionais das áreas médicas ou de saúde.
Se o principal objetivo dos profissionais da
área médica é garantir a saúde de seus pacientes, então ter consciência
sobre o vício comportamental e os temas que o cercam deveriam ser tão
importantes quanto o conhecimento básico e o treinamento.
Diversos vícios comportamentais podem ser tão graves quanto vícios em drogas."
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/11/111125_vicio_trabalho_games_bg.shtml
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