Milhares de iraquianos sunitas se uniram, nesta
sexta-feira, para protestar contra o primeiro-ministro xiita, Nuri
al-Maliki, e pedir a libertação de prisioneiros, em meio a uma
mobilização contra o governo lançada há duas semanas.
Estas manifestações foram realizadas após as prisões por
"terrorismo", em 20 de dezembro, de nove guardas do ministro das
Finanças Rifaa al-Issawi, um sunita membro do bloco da oposição laica
iraquiana e crítico de Maliki, acusado há mais de um ano por seus
opositores de monopolizar o poder.
Centenas de pessoas se reuniram na mesquita Abu Hanifa, no bairro de
maioria sunita Azamiyah de Bagdá, mas foram impedidos pelas forças de
segurança de sair às ruas para manifestar sua insatisfação, de acordo
com um jornalista da AFP que esteve no local.
Elas carregavam bandeiras e cartazes pedindo a libertação dos
detentos, o respeito aos direitos humanos nas prisões e a revogação da
lei antiterrorista, utilizada, segundo eles, pelo governo para atacar a
comunidade sunita.
"Bagdá, livre, livre! Vá embora Irã!", gritavam, acusando o governo
de Maliki de estar sob a influência do Irã, país de grande maioria
xiita.
"Quanto tempo ainda nossos filhos vão ficar na prisão sem motivo, a
não ser pelo fato de serem sunitas?", perguntava uma manifestante, Um
Mohamed.
O movimento de protesto sunita recebeu o apoio do poderoso chefe
radical xiita Moqtada al-Sadr, duro crítico de Maliki. O movimento
"sadrista", que possui 40 deputados e cinco ministros no governo,
participou das orações de sexta-feira numa mesquita sunita em Bagdá.
Sadr previu uma "Primavera iraquiana, se as coisas continuarem neste
estado", se referindo à Primavera árabe que sacudiu o mundo árabe nos
últimos dois anos. "As manifestações continuarão enquanto as pessoas não
estiverem satisfeitas com esses políticos fantoches", disse Sadr
durante a semana.
Importantes manifestações também aconteceram em diversos bairros do
norte de Bagdá, nas províncias de Salaheddine, Diyala, Kirkuk e Ninive.
Na província de Al-Anbar (oeste), os manifestantes bloquearam pelo
12º dia consecutivo uma autoestrada que liga Bagdá à Jordânia e à Síria.
Os cartazes chamavam Maliki de "traidor, mentiroso, sectário e
impostor".
Em comunicado, Maliki pediu aos manifestantes e aos policiais que não
exagerem, e ameaçou convocar as forças de ordem para acabar com os
protestos.
Quinta-feira, o ministro da justiça anunciou a libertação de onze
prisioneiros, depois de Maliki afirmar que 700 detentos seriam colocados
em liberdade.
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