sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Policiais mudam rotina com medo de atentados

PMs já relatam ao comando casos de ameaças sofridas


Anteontem pela manhã, no bairro Itanguá 2, zona oeste de Sorocaba, oito projéteis de arma de fogo de vários calibres, entre eles de um fuzil, foram encontrados na entrada da casa de uma policial militar. Em outro bairro, dias atrás, dois homens procuraram um policial militar, que não estava em casa, e deixaram como recado uma ameaça de morte. Há ainda uma policial que, temendo pela sua segurança e também de sua família, enviou mensagens para diversas pessoas, informando inclusive que chegou a falar de sua apreensão ao seu superior direto, porém sem respaldo. Estes episódios demonstram que a onda de violência que atinge a capital e o interior do Estado já preocupa policiais de Sorocaba.

Apesar de o comando local da Polícia Militar minimizar os boatos de possíveis ataques da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) na cidade, os PMs que estão nas ruas e que são os que estão "na linha de frente", denunciam que o temor existe com base em fatos reais. O mais recente é o boletim de ocorrência registrado no 4º Distrito Policial sobre apreensão de munições encontradas do lado de dentro do portão da casa de uma policial militar feminina.

Num momento de desespero, outra policial feminina chegou a avisar amigos e advogados por torpedos, de que está mudando seus trajetos para evitar possíveis atentados e escreveu: "Amo vocês, família e amigos. Estou enviando essa mensagem, pois saberão o que fazer se algo acontecer". Outra denúncia chegada à redação do Cruzeiro dá conta de que na semana retrasada uma pessoa teria sido vista fotografando o estacionamento interno da 4ª Companhia da Polícia Militar, que fica na Vila Haro.

O medo é tanto que uma PM desistiu de ir a uma festa de aniversário em São Paulo: "Sabemos que existe sim uma lista de nomes de PMs jurados de morte". De acordo com relatos de muitos policiais que acabam desabafando para a imprensa como forma de que medidas preventivas sejam tomadas a partir da divulgação desses fatos, não são raros os casos de policiais se deparando com carros suspeitos em frente de suas casas. Eles também garantem que todos esses fatos foram comunicados à corporação, uma vez que tudo que envolve o policial militar é automaticamente encaminhado ao conhecimento do comando.

Mas o medo e a revolta pelo terror psicológico instalado entre os PMs provocou também um protesto solitário por parte de uma delegada de polícia da cidade, que teve a coragem de adesivar o próprio carro com os dizeres "Vem PCC, tô facinha pra você! Se o secretário de Segurança não tá nem aí, eu me preocupo. Poupe pais, mães de família e o coitado do povo inocente". A sua atitude, que reforça a veracidade sobre os possíveis ataques, foram elogiados ontem pelos colegas de classe.

A reportagem do Cruzeiro do Sul procurou ontem, por telefone, falar com três capitães sobre as denúncias de ameaças e o que a instituição vem fazendo para proteger seu efetivo. Para dois oficiais foram deixados recados em suas secretárias eletrônicas, e um dos celulares deu como desligado ou fora de área.

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