sábado, 22 de dezembro de 2012

Roupa que bebê usava no dia que morreu engasgado não foi devolvida pela escola


 

 Família entrou com medida para buscar pistas que esclareçam morte
Justiça determinou mandado de busca e apreensão na instituição

A Justiça autorizou o cumprimento de mandado de busca e apreensão no Colégio Maria José, onde um bebê de cinco meses morreu supostamente engasgado com leite, no último dia 11. A família da criança entrou com a medida judicial para reaver os pertences do menino, por entender que eles poderiam ser usados como pista para esclarecer o caso, segundo o advogado José Carlos de Almeida Santos.

— Todos os bens que estavam com o bebê no dia do ocorrido podem representar alguma pista para a solução do caso. E foram consideradas como provas a serem juntadas no inquérito policial e outras medidas para análise futura. Todo objeto, roupa que estivesse com o bebê quando do engasgamento pode trazer algo de útil para as investigações.

A ação cautelar de busca e apreensão foi cumprida na quinta-feira (20) por um oficial de Justiça. Todo o material encontrado foi depositado judicialmente. Entre os objetos, havia fralda, mamadeira, chupeta, babador e carrinho de bebê. De acordo com o advogado, os familiares da criança recorreram à medida porque a escola teria se mostrado “relutante”.

— Desde o dia do falecimento da criança, a escola não restituiu a família dos bens que foram entregues pela mãe no dia em que deixaram a criança na creche. Nesta semana, tentou-se ter acesso aos bem de forma extrajudicial, mas a escola sempre se mostrou relutante.

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O advogado contratado pela instituição de ensino, João Ibaixe, afirma que a escola tentou uma reunião com os pais do menino.

— O que aconteceu foi que, enquanto falávamos com um dos advogados deles, a mãe mandou uma carta pedindo as coisas. A escola respondeu, perguntando a confirmação do endereço, porque o que ela passou não era da casa dela, e, nesse meio tempo, eles entraram com a ação. Não foi uma negativa expressa, mas a ação impediu a continuidade da reunião.

Almeida confirma a tentativa de reunião, mas destaca que nunca se concretizou.
— Obviamente, a família não poderia esperar uma eventual possibilidade de se encontrar com a escola para resolver o impasse.
 
Roupa desaparecida

Um detalhe chamou a atenção da família do bebê, segundo Almeida. A roupa que o menino usava no dia em que morreu não foi encontrada durante a busca e a apreensão. A ausência foi notificada à Justiça.
Segundo João Ibaixe, a escola não sabe onde a roupa foi deixada.

— Nós já havíamos informado que não estávamos localizando a roupa. Não sabemos onde está a roupinha. Os bombeiros orientaram a tirar a roupinha para socorrer. Os funcionários estavam preocupados não com a roupinha da criança, mas com a vida dela. Uma escola não vai ter interesse em ficar com a roupinha da criança.
 
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Contrato

Além da busca e da apreensão dos pertences, a medida judicial determinava que fosse exibido o contrato firmado entre a instituição de ensino e os pais do bebê. O advogado da família explica o motivo da ordem judicial.

— O que determinou a ação judicial para o contrato foi que, no dia do velório do menor, o advogado da parte contrária declarou à imprensa que havia uma cláusula contratual que obrigava a mãe a ficar 15 dias acompanhando o menor na creche e que ela teria sido negligente. Esta cláusula não está no contrato.

João Ibaixe lembrou que, no ato da matrícula, o procedimento é fazer duas cópias do contrato e que cada via fica com uma das partes. Sobre a cláusula, diz que a informação foi passada pela direção da escola, mas mesmo que não constasse, é praxe os pais acompanharem os filhos durante o período de adaptação. Segundo ele, é “uma recomendação legal e uma questão de bom senso”.
Almeida rebate:

— Não existe lei que obrigue os pais acompanharem os filhos durante 15 dias. O bom senso do acompanhamento é, na minha opinião, o mesmo bom senso que a escola teria de prestar assistência a família logo após o ocorrido. Em momento nenhum, representantes da escola apareceram no hospital. Em momento nenhum, ela se mostrou a compartilhar esse pós-evento com a família.

Ibaixe enfatiza que a escola “continua aberta” e que não tem interesse em criar conflito com a família do bebê.

— Entendemos a dor da família. Tudo que falamos desde o princípio, a família entendeu como um ataque. Não era um ataque. Na verdade, era um meio de defesa da escola, porque era a escola que estava no foco. Nós esclarecemos as questões que vinham surgindo. Inclusive, da própria polícia. Não foi feito flagrante. Foi feito morte acidental.  
 

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