O ex-presidente Lula disse hoje que pretende
percorrer o Brasil em 2013 e, em tom de desafio, afirmou que não
perderá para “vagabundo” e que seus adversários terão que “trabalhar
mais do que ele” para poder derrotá-lo. Ao discursar na posse do novo
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, na Grande São Paulo,
onde iniciou a militância política, o petista fez nova sinalização de
que não descarta a possibilidade de voltar a se candidatar em 2014.
“Só existe uma possibilidade de eles me
derrotarem: trabalhar mais do que eu. Mas se ficar um vagabundo numa
sala com ar-condicionado, falando mal de mim, vai perder”, disse Lula
ao encerrar seu pronunciamento. Ele não nominou os adversários nem citou
o depoimento do empresário Marcos Valério, divulgado na semana
passada, em que o operador do mensalão o acusou de ter sido beneficiado
pelo pagamento de despesas pessoais com dinheiro do esquema. Apesar de
não comentar a denúncia, Lula pediu que os aliados “não se preocupem
muito com os ataques”.
Antes de seu discurso, o evento já havia virado um
ato de desagravo. Sindicalistas e representantes da UNE e do MST usaram
o microfone para defender o ex-presidente. O tom beligerante
prosseguiu no anúncio da intenção de Lula de viajar o Brasil em 2013.
“No ano que vem estarei, para alegria de muitos e tristeza de poucos,
voltando a andar por esse país”, disse. O petista afirmou que pretende
ajudar a presidente Dilma Rousseff a governar, e o PT a eleger mais
prefeitos e governadores. Mas, diferentemente de pronunciamentos
anteriores,
Lula não mencionou a possível candidatura de Dilma à
reeleição em 2014. Recentemente, o publicitário João Santana, que foi
marqueteiro de Lula em 2006 e de Dilma em 2010, disse que o
ex-presidente é o melhor nome do partido para disputar o governo de São
Paulo daqui a dois anos. Interlocutores de Lula afirmam que ele não
descarta totalmente a sugestão de Santana. O petista teria dito, sobre a
possibilidade de se candidatar: “Não gosto de confusão, mas estão me
chamando para a confusão”.
Na semana passada, em Paris, um dia depois da
divulgação do depoimento de Valério, Lula mencionou a hipótese de
retomar a disputa eleitoral ao afirmar que gostaria de contar com o
voto dos empresários “se um dia eu voltar a ser candidato”. No discurso
de hoje, o ex-presidente disse que “o que mais machuca meus
adversários é o meu sucesso”. Ele criticou a mídia ao afirmar que seus
antecessores governaram com “a imprensa a favor”. “Havia um pensamento
único”, declarou.
Caravanas
Segundo aliados, o
ex-presidente pretende usar as festas de fim de ano para “refletir”
sobre qual deve ser seu papel político em 2013 e já começa a traçar o
roteiro de seu giro pelo país, que incluiria visitas a aldeias
indígenas, quilombos e hospitais. Antes de se eleger presidente, Lula
comandou, nos anos 90 e em 2001, as “caravanas da cidadania”, que
passaram por mais de 400 cidades do país.
O petista aproveitaria o novo
giro para se defender do desgaste político provocado pelo depoimento
de Valério e a operação policial envolvendo sua ex-assessora Rosemary
Noronha, denunciada pelo Ministério Público Federal sob suspeita de
corrupção.
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