quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

"Não te estupro porque você não merece", afirma Bolsonaro para Maria do Rosário

Em discurso feito em Sessão Plenária o deputado Jair Bolsonaro PP-RJ afirmou que não estupraria Maia do Rosário deputada pelo PT-RS porque ela não merece. O vídeo está circulando nas redes sociais e causou revolta entre grupos de defesa dos direitos das mulheres.
"Fica aí, Maria do Rosário, fica! Há poucos dias tu me chamou de estuprador no Salão Verde e eu falei que não ia estuprar você porque você não merece”, afirmou Jair Bolsonaro durante a sessão.

Bolsonaro é conhecido pelas polêmicas na quais se envolve e por assumir uma postura de extrema direita em suas ações políticas. Nas últimas eleições ele foi o candidato mais votado para deputado federal no Rio de Janeiro, com mais de um milhão de votos contabilizados a seu favor.


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Os militares cometeram a burrice de me prender, afirma Lula à CNV

Foto: Estadão ConteúdoF

Ex-presidente fala à Comissão Nacional da Verdade sobre a prisão, perseguição e monitoramento sofridos durante a ditadura militar

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu a Comissão Nacional da Verdade, em São Paulo, para dar seu depoimento sobre a perseguição e repressão sofridas no período da ditadura militar no Brasil. Durante cerca de uma hora e meia, Lula contou aos membros da CNV, Maria Rita Kehl e Paulo Sérgio Pinheiro, como foi lutar por melhores condições de trabalho nos anos 1970 e 1980, e deu detalhes sobre os 31 dias que passou na cadeia, sua relação com os militares, com o então delegado Romeu Tuma, investigadores e carcereiros.

Veja edição do depoimento de Lula à CNV 
 
“O Frei Chico costumava me convidar, já em 1973, 1974, para algumas reuniões clandestinas, de noite, no apartamento não sei de quem. Eu falava: ‘Eu não vou porque se o cara quiser conversar comigo é melhor ir lá no sindicato’. Eu dizia para o Frei Chico assim: ‘O que você faz escondido, eu faço na porta da Volkswagen’. Eu lembro do Ratinho, que ia para porta da fábrica, e dizia: ‘Nós vamos ter que lutar porque a ditadura só vai acabar quando o sangue estiver batendo nas nossas canelas’. Para um cara organizado isso era uma coisa horrorosa, mas para um peão de fábrica isso não quer dizer nada.”

Lula continuou no seu caminho e quanto mais força o sindicalismo tinha, mais divergente ficava da militância política. Apesar da diferença, segundo o ex-presidente, o fortalecimento da luta pela democracia foi aprendido por meio do embate. O ex-presidente explica que, após 1968, a indústria automobilística começou a colocar em prática uma política de arrocho salarial. Os aumentos na folha de pagamento foram ficando, no início da década de 1970, cada vez menos frequentes, criando assim um clima de animosidade. Já os sindicalistas, a partir de 1972, começaram a inovar nas suas reivindicações e em 1977 fizeram uma campanha para obter 34,1% de reposição salarial que fortaleceu a categoria.  A partir daí os trabalhadores intensificaram o movimento de greve.

“Havia todo um movimento na sociedade, quando os trabalhadores resolveram acordar de vez. E por que aconteceu na Scania? Porque era uma empresa muito organizada, onde os trabalhadores tinham um salário razoável e começaram sentir perda salarial. No dia que eles receberam o pagamento, que não veio o reajuste que eles imaginavam, eles pararam. E isso foi como se acendesse um pavio. Naquele ano de 1978, nós fizemos greve o ano inteiro em fábricas diferenciadas, cada uma de um jeito, da forma que os trabalhadores se organizavam e fomos descobrindo a ligação das nossas reivindicações com a luta pela democracia. Nós conseguimos exteriorizar um sentimento que já estava na sociedade brasileira, era um momento tão importante para o Brasil que ninguém mais queria ser chamado de médico ou professor, era tudo trabalhador”, disse.

MONITORAMENTO - Em setembro deste ano a Comissão Nacional da Verdade apresentou, em São Paulo, documentos que indicavam o monitoramento e espionagem de trabalhadores, por parte de empresas brasileiras e estrangeiras.

Um dos documentos mostra claramente que o ex-presidente da República Luis Inácio Lula da Silva foi monitorado pela Volkswagen. O relato traz detalhes de como foi a assembleia dos mutuários de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, realizada em 19 de junho de 1983. No documento, constam dados como horário de início e de término, local, quantidade de pessoas presentes, nome completo e função dos oradores e até mesmo o que foi dito na assembleia.

Segundo o relatório, os mutuários eram contra o aumento de 130% na prestação da casa própria e Lula afirmava que a única maneira dos mutuários acabarem com “essa pouca vergonha do governo” era não pagar mais as prestações do Banco Nacional da Habitação (BNH). 

“Eles me vigiavam em cinema. Na assembleia, a gente notava que eles estavam lá. Às vezes, disfarçados no bar do sindicato. Na minha casa, por exemplo, eles paravam a perua na porta e passavam a noite. Às vezes, para encher o saco, a Marisa (Letícia, esposa de Lula) mandava fazer café e mandava levar para eles. Foram uns três ou quatros anos que eles monitoraram e me acompanharam antes da prisão”, brincou.

PRISÃO - Em 1979, Lula encerrou uma greve longa e que causou a intervenção no sindicato, aceitando uma proposta, que, na avaliação dele era interessante. Lula conta que os trabalhadores não concordavam em voltar ao trabalho, mas diante de sua liderança, resolveram dar um voto de confiança para que Lula continuasse negociando e, mesmo contrariados, voltaram à atividade na fábrica.
Já no ano seguinte, 1980, os trabalhadores fizeram uma nova greve e, de acordo com o ex-presidente, com dezessete dias de greve: “Os militares cometeram a burrice de me prender, porque não tinha mais como continuar a greve”. Segundo Lula, quando os empresários paravam de negociar e os sindicalistas não tinham mais notícias para passar aos grevistas, ninguém aguentava continuar na greve e este era o cenário daquele ano.

“O que aconteceu quando eles me prenderam? Foi uma motivação a mais para a greve continuar, as mulheres fizeram uma passeata muito bonita em São Bernardo do Campo, depois foi aquele primeiro de maio histórico, em que foi o Vinícius de Moraes, e a greve durou mais quase 30 dias”.

A prisão do ex-presidente e de outros sindicalistas aconteceu no mesmo dia da prisão de Dalmo Dallari, pai do coordenador da CNV, Pedro Dallari, e no mesmo dia do membro da Comissão da Nacional da Verdade, José Carlos Dias. No caminho para o Dops, Departamento de Ordem Política e Social, onde ficou preso, Lula teve medo de ser assassinado, mas a apreensão acabou quando ouviu no rádio do carro que o levava à delegacia, a notícia da sua prisão, que rapidamente havia sido comunicada pelo Frei Beto à imprensa. 

Dentro da cadeia, segundo Lula, o tratamento não foi ruim. Ele conta que foi recebido por Romeu Tuma, na época diretor-geral do Dops, com dignidade, e foi inclusive, durante os 31 dias que ficou preso, liberado para ver a mãe que estava com câncer.

“Quando nós fomos presos, uma coisa que o Tuma ficava indignado era quando ele interrogava um cara que tinha uma formação ideológica de algum grupo político. O Tuma dizia: ‘Esse pessoal, quando interrogado, tem toda uma história certinha para contar, parece que estudou e decorou um ritual’. Os metalúrgicos não, a gente falava a única coisa que a gente sabia, ou seja, por que a gente fez greve? Porque a gente queria aumento de salário. E o que deixava o Tuma indignado, era que o discurso era um só, a explicação nossa era uma só, não tinham duas explicações.

Na cadeia, Lula fez greve de fome de seis dias e manteve, mesmo dentro da prisão, a atuação sindical. Segundo o ex-presidente, os investigadores foram aconselhados por ele a lutar por um salário mais digno, em uma assembleia feita dentro do Dops. Lula ainda convivia bem como o carcereiro conhecido como Picadão, que anos depois entrou para o PT, e conseguiu, com o próprio Tuma, uma TV para assistir à partida de futebol entre Corinthians e Botafogo. “A gente foi tratado lá com um certo respeito porque tinha muita gente do lado de fora, não era um preso comum, tinha trabalhador, estudante, intelectuais, igreja, todo mundo”, finalizou.

 https://br.noticias.yahoo.com/blogs/claudio-tognolli/os-militares-cometeram-a-burrice-de-me-prender-152643675.html

Último réu do Carandiru é condenado a 624 anos de reclusão

O último réu acusado de participar do massacre do Carandiru, o ex-policial militar Cirineu Carlos Letang Silva, de 50 anos, acusado por 52 das 111 mortes do Pavilhão 9, é o primeiro PM condenado que vai ficar preso pelos crimes de 1992, cometidos dentro da Casa de Detenção.

O ex-soldado foi considerado culpado, na noite desta terça-feira 9, pela maioria dos jurados, no Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo. Segundo a decisão do juiz Rodrigo Tellini, que presidiu o julgamento, Silva foi sentenciado a 624 anos de reclusão. Os outros 73 PMs que foram condenados em julgamentos anteriores (dois júris em 2013 e outros dois neste ano) respondem aos crimes em liberdade e podem recorrer das sentenças que variam de 96 a 624 anos.

Inicialmente, os ex-policial, que na época do massacre era da Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar (Rota), estava sendo acusado pelo Ministério Público Estadual por 73 mortes registradas no segundo andar do pavilhão. No entanto, o promotor Daniel Tostas pediu a absolvição do réu em 21 desses assassinatos, detentos que foram mortos por armas brancas, sem sinais de tiros. A justificativa é a de que esses presos tenham sido mortos em brigas entre os próprios detentos.

Silva é o primeiro PM a ficar preso porque já estava detido desde 2011, pela morte de uma travesti no mesmo ano. O crime foi cometido 72 dias depois que ele ganhou a liberdade provisória, após cumprir 18 anos de prisão pelo assassinato em série de três rapazes, também travestis. Ele estava preso desde 1993 e chegou a ser considerado um serial killer pelo Ministério Público Estadual (MPE) e a Polícia Civil.

Apesar de condenado pelo júri no caso da Casa de Detenção, para a Justiça, assim como nas sentenças para os outros policiais e ex-agentes que aturam no Carandiru, ele também responde à sentença em liberdade, já que está preso pelo homicídio que cometeu há três anos.

Durante o julgamento, Tostas disse que não "cabe ao Ministério Público apontar se Cirineu matou A ou B" na operação que terminou com os 111 detentos mortos, mas sim comprovar que o comportamento do policial dentro da Casa de Detenção "concorreu com o ocorrido" e que ele "participou no resultado" das 111 mortes.

Na Casa de Detenção, Silva foi acusado de participar, junto com outros PMs, das execuções mais violentas do massacre. No andar em que ele agiu, com outros 25 policiais, alguns presos foram encontrados com dezenas de tiros nas regiões do tronco e cabeça. "Todos entraram com a intenção de matar e cada um participou de sua forma", argumentou o promotor aos jurados no momento da réplica.

Na tréplica da advogada Ieda Ribeiro de Souza, que defendeu todos os policiais condenados, ela argumentou que o réu foi baleado no braço durante a ação da PM dentro da Casa de Detenção sendo socorrido em uma ambulância e impossibilitado de efetuar os disparos. "Esse homem foi atingido, socorrido dentro de uma viatura. Ele não tinha condições de efetuar os disparos", disse aos jurados.

A defensora também afirmou que o perito Osvaldo Negrini, responsável pelo caso, não soube indicar quais PMs mataram os presos. "O próprio perito entrou em contradição, dizendo que das 73 mortes ele não saberia indicar quais ocorreram no segundo andar", afirmou Ieda. Ela também disse que irá recorrer da decisão. Durante a tréplica ela rebateu o vídeo do filme Carandiru, usado pela promotoria para sensibilizar os jurados.

"Esse filme retrata única e exclusivamente o caso. É uma licença poética de um cineasta que coloca no filme um cavalo subindo escada. Eu lido com a realidade", disse a advogada. Ela respondeu o filme da promotoria mostrando um vídeo em que um detento que se diz ser do Primeiro Comando da Capital (PCC) ameaça e debocha de um juiz.

Pesou contra. Por causa dos ataques contra as travestis, foi pedido um exame de sanidade mental e Silva precisou ser julgado separadamente dos demais ex-companheiros. Um laudo da Justiça que saiu pouco antes do julgamento o considera semi-imputável, ou seja, sabe que está cometendo os crimes, mas não se comporta de acordo com o entendimento. O promotor usou isso contra o réu. "Dá para imaginar a participação dele com esse perfil de serial killer dentro do pavilhão", disse Tostas.

A advogada pediu para que os jurados não levassem em conta os crimes contra as travestis, cometidos após 1992. No entanto, em entrevista após o julgamento, ela disse que os assassinatos podem ter pesado na decisão dos jurados. "Não posso levar em consideração fatos posteriores a esse (das travestis)", afirmou a advogada. Ela alegou que quando foi condenado pelo homicídio das três travestis, o ex-PM estava sendo acusado de 17 assassinatos semelhantes e foi absolvido na maioria deles.

http://www.atribuna.com.br/pol%C3%ADcia/%C3%BAltimo-r%C3%A9u-do-carandiru-%C3%A9-condenado-a-624-anos-de-reclus%C3%A3o-1.418490