O Banco Central cortou nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 0,5
ponto percentual, a 7% ao ano, movimento amplamente esperado pelo
mercado e que leva a Selic ao seu menor nível histórico, deixando a
porta aberta para nova redução adiante, mas ressalvando que encarará a
investida com "cautela".
Isso porque o BC deixou claro que os passos seguintes estão mais
sensíveis a eventuais mudanças no cenário de riscos o que, para
analistas, foi uma sinalização sobre como será o desfecho da reforma da
Previdência.
"Para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme
esperado, e em razão do estágio do ciclo de flexibilização, o Comitê vê,
neste momento, como adequada uma nova redução moderada na magnitude de
flexibilização monetária" informou o Comitê de Política Monetária
(Copom) do BC.
Mas completou em seguida: "essa visão para a próxima reunião é mais
suscetível a mudanças na evolução do cenário e seus riscos que nas
reuniões anteriores. Para frente, o Comitê entende que o atual estágio
do ciclo recomenda cautela na condução da política monetária".
Em pesquisa Reuters, 52 de 53 economistas esperavam que o Copom
reduzisse os juros em 0,50 ponto percentual. A única aposta dissidente
foi do HSBC, que previa corte de 0,25 ponto.
"A próxima reunião é só daqui a longos dois meses e temos a reforma da
Previdência neste meio tempo. O cenário básico é fazer (corte de) 0,25
ponto no próximo Copom", afirmou a economista-chefe da economista-chefe
da XP Investimentos, Zeina Latif, que ainda matém a perspectiva de que o
BC possa reduzir a taxa em 0,50 ponto em fevereiro.
"Vou esperar até a ata do Copom (na próxima terça-feira) para eventualmente mudar meu cenário", acrescentou ela.
O governo tem se esforçado para garantir apoio político para aprovar a
reforma da Previdência, considerada essencial para colocar as contas
públicas em ordem, ainda neste ano na Câmara dos Deputados.
A mínima histórica da Selic, de 7,25%, havia sido atingida em outubro
de 2012, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Mesmo com um
novo patamar recorde, o Brasil continua com uma das maiores taxas de
juros reais do mundo, perdendo apenas para Turquia, Rússia e Argentina,
segundo levantamento da gestora Infinity Asset.
A investida de agora dá sequência à estratégia do BC de seguir cortando
os juros para dar ímpeto à atividade num quadro de inflação baixa,
expectativas ancoradas e recuperação econômica ainda gradual.
Diante da conjuntura, a maioria dos agentes econômicos já esperava nova
dose de afrouxamento monetário em fevereiro, primeira reunião do Copom
em 2018.
O economista-chefe do Santander, Mauricio Molon, ressaltou que o corte
adotado veio dentro do esperado, bem como a sinalização de que os juros
devem cair a 6,75% em fevereiro. A partir daí, o BC deixa em aberto o
que pode fazer, acrescentou.
"A gente acredita que a taxa não vai cair além dos 6,75%, estamos mais
otimistas com a atividade econômica do que o mercado. É fato que (o BC)
deixou portas abertas. Se continuarmos tendo surpresas do lado
inflacionário, ele pode seguir reduzindo", disse Molon.
No comunicado, o BC também reduziu a projeção de inflação pelo cenário
de mercado a 2,9% em 2017, ante 3,3% em sua última estimativa, de
outubro, e abaixo do piso da meta oficial deste ano --de 4,5% pelo IPCA,
com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
O caminho para a autoridade monetária seguir cortando os juros é
pavimentado justamente pela modesta alta de preços na economia,
sobretudo por conta dos alimentos.
Para 2018, o BC passou a ver o IPCA em 4,2 por cento, contra 4,3 %
antes, e manteve seu cenário em 4,2% para 2019. O cenário de mercado
supõe Selic de 7% ao fim deste ano e do próximo e de 8% ao fim de 2019.
Num comunicado com poucas mudanças em relação ao anterior, o BC apontou
que "o cenário básico para a inflação tem evoluído, em boa medida,
conforme o esperado".
Nos 12 meses até novembro, o IPCA-15, prévia da inflação oficial, ficou em 2,77%.
Na pesquisa Focus mais recente, feita pelo BC junto a uma centena de
economistas, a expectativa é de uma inflação de 3,03% em 2017, 4,02%
para o ano que vem e de 4,25% em 2019.
https://www.terra.com.br/economia/bc-reduz-juros-basicos-a-7-menor-nivel-historico-e-ve-inflacao-em-2017-abaixo-da-meta,91dc3351b6f405e83cac65898bd55c3cc7mwhgpz.html
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