- O presidente brasileiro, Michel Temer
O ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Claudio Melo
Filho, confirmou ao ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman
Benjamin que o presidente Michel Temer participou da reunião no Palácio
do Jaburu e solicitou a Marcelo Odebrecht doações para o PMDB na
campanha de 2014.
O jornal "O Estado de S.Paulo" apurou que Melo
confirmou "literalmente" todas as informações por ele entregues no
acordo de colaboração premiada com a Lava Jato. O depoimento foi
prestado no âmbito da ação que investiga abuso de poder político e
econômico na campanha presidencial de 2014 e pode gerar a cassação de
Temer.
Em seu acordo, que vazou em dezembro do ano passado, Melo
Filho detalha um encontro no Palácio do Jaburu no qual participaram,
além dele próprio, Temer, o ministro Eliseu Padilha e Marcelo. "Eu
participei de um jantar no Palácio do Jaburu juntamente com Marcelo
Odebrecht, Michel Temer e Eliseu Padilha. Michel Temer solicitou, direta
e pessoalmente para Marcelo, apoio financeiro para as Campanhas do PMDB
no ano de 2014", disse Melo.
Em depoimento à Justiça Eleitoral
na semana passada, Marcelo Odebrecht disse não se recordar de Temer ter
falado ou pedido os R$ 10 milhões diretamente. O herdeiro da empreiteira
confirmou o jantar no Palácio do Jaburu e disse que o encontro era
sobre tratativas para as doações ao PMDB nas eleições de 2014, mas disse
que não houve pedido expresso de valores por Temer. Segundo Odebrecht, o
encontro serviria para confirmar que parte da doação ao partido seria
destinada à campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo. O pagamento
foi acertado, segundo Marcelo, entre Cláudio Melo e Eliseu Padilha. De
acordo com Marcelo o acerto do valor foi feito depois da saída de Temer
do local.
Ainda em seu relato para os procuradores da Lava Jato,
Melo contou que parte dos pagamentos solicitados, cerca de RS 4
milhões, "foram realizados via Eliseu Padilha, preposto de Temer, sendo
que um dos endereços de entrega foi o escritório de advocacia do Sr.
José Yunes, hoje assessor especial da Presidência da República". De
acordo com Melo, os outros R$ 6 milhões pedidos por Temer teriam sido
"alocados o Sr. Paulo Skaff", que foi candidato ao governo de São Paulo
pelo PMDB.
Sobre Padilha e o também ministro Moreira Franco,
Melo contou na sua colaboração que se valia dos dois peemedebistas para
fazer chegar em Temer os pleitos de interesse da construtora. Segundo
Melo, era de conhecimento de todos que Temer, historicamente, era o
líder do grupo político do PMDB da Câmara.
"Resumindo, para
fazer chegar a Michel Temer os meus pleitos, eu me valia de Eliseu
Padilha ou Moreira Franco, que o representavam. Essa era uma via de mão
dupla, pois o atual Presidente da República também utilizava seus
prepostos para atingir interesses pessoais, como no caso dos pagamentos
que participei, operacionalizado via Eliseu Padilha", explicou Melo em
sua delação.
Também prestaram depoimentos nesta segunda-feira ao
TSE os executivos Hilberto Mascarenhas e Alexandrino Alencar.
Mascarenhas foi chefe do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht,
conhecido como o departamento de propina, e operava pagamentos da
contabilidade paralela da empresa. Já Alencar também foi diretor de
relações institucionais da Odebrecht e vice-presidente da Braskem.
Procurada, a defesa do presidente Temer não foi encontrada até o fechamento da edição.
https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/brasil/2017/03/06/ao-tse-claudio-melo-confirma-delacao-e-diz-que-temer-pediu-doacoes-a-odebrecht.htm
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