segunda-feira, 6 de abril de 2015

Homem desenterra a mãe para tentar ressuscitá-la na Páscoa

Uma história inusitada chamou a atenção dos moradores da cidade de Cacoal (RO) durante a semana da Páscoa. Aparecido Kamp, de 28 anos, foi preso pela Polícia Militar, suspeito de violar o túmulo da própria mãe, falecida em 29 de março e enterrada no cemitério público de Cacoal - distante 480 quilômetros da capital Porto Velho.

De acordo com as as informações da Polícia Militar de Cacoal, o homem desenterrou a mãe com o intuito de ressuscitá-la no Domingo de Páscoa, assim como aconteceu nos relatos bíblicos sobre a morte e ressurreição de Jesus Cristo. Um pedaço da madeira do caixão foi encontrado na residência do rapaz, segundo o portal Terra

Por volta das 18h30 da quinta-feira (2), a delegacia recebeu uma notificação sobre uma violação de túmulo no cemitério local. Ao chegar lá, uma mulher se apresentou como uma das filhas da mulher cujo túmulo foi violado. Segundo a irmã, ele chegou em casa sujo, emocionalmente alterado,  dizendo que iria ressuscitar a mãe na Páscoa.

Também de acordo com a irmã, o rapaz chorava muito, abalado e inconformado com o falecimento da mãe: “Ele disse que iria trazer a mamãe de volta”. Com as informações, os policiais foram à residência e detiveram o homem. Detido na delegacia, ele aguarda a decisão judicial sobre o caso. Pobre rapaz, hein?
 
https://br.noticias.yahoo.com/blogs/vi-na-internet/homem-desenterra-a-mae-para-tentar-ressuscita-la-181012697.html

Em SP, 1º dia da lei da sacolinha tem reclamação sobre falta de informação

(Foto: Estadão Conteúdo)(Foto: Estadão Conteúdo)
A nova regra de distribuição de sacolinhas plásticas nos supermercados da capital paulista começou a vigorar neste domingo, 5, com reclamação de consumidores sobre falta de informação. Lei municipal prevê que, a partir de agora, só saquinhos verdes e cinzas poderão ficar à disposição dos clientes, abolindo as velhas sacolinhas brancas.

A fiscalização da medida, que tem objetivo de estimular a separação do lixo entre resíduos recicláveis e orgânicos, será feita com base em denúncias encaminhadas via SAC e pela central 156, da Prefeitura de São Paulo.

O comércio poderá cobrar até R$ 0,08 por unidade. Em quatro supermercados visitados pelo jornal O Estado de S. Paulo no domingo, clientes se disseram favoráveis à mudança, mas outros ainda desconheciam a novidade.

"Não estava sabendo de nada disso nem que tinha diferença entre a verde e a cinza. Acho que precisavam divulgar melhor, fazer uma campanha para esclarecer", disse o mecânico Wailton Reis, de 21 anos, ao pagar R$ 0,08 por saquinho no supermercado Sonda, da Vila Prudente, na zona leste.

No Extra da Avenida Brigadeiro Luís Antônio, na região central, as sacolinhas ainda eram distribuídas gratuitamente para os consumidores. A partir desta segunda-feira, 6, custarão R$ 0,08 a unidade. Pelo sistema interno de som, inserções comerciais estimulavam os clientes a adotarem sacolas retornáveis nas suas compras. "Mas e quem vem da rua e não de casa? Como vou levar embora, se não tenho a retornável comigo? Tinham de arrumar uma solução gratuita", disse a aposentada Nilza Azevedo Silva, de 73 anos, que não sabia da alteração.

Já a cuidadora infantil Beatriz Lima, de 29 anos, que comprava um ovo de Páscoa, foi precavida. "Já vim preparada", afirmou ela, que levou para o supermercado uma sacola plástica de uma loja de roupas, pensando que já fosse ser cobrada pela nova sacolinha. O aposentado Carlos Alberto Pizarro, de 65 anos, aprovou a mudança dos saquinhos. "Vai ser bom para o meio ambiente. Fora que, agora, com as pessoas tendo de pagar, vão dar mais valor para elas, usando-as melhor."

A opinião da professora Graziela Azeredo, de 30 anos, é parecida. "Se as sacolinhas passarem a ser recolhidas dessa forma, de acordo com a cor e a destinação correta, vai ser legal. Se não, a mudança não vai fazer sentido", disse ela, que comprava no hipermercado Zaffari da Pompeia, na zona oeste. Naquele estabelecimento, as sacolinhas são distribuídas sem cobrança aos clientes. No bairro do Limão, na zona norte, o Carrefour também distribuía as sacolinhas novas gratuitamente para os clientes. Mas, nesta segunda-feira, já serão cobradas.

Fiscalização
As novas sacolinhas terão de ser produzidas com material biodegradável em dois tipos: na cor verde, em que deve ser descartado o lixo reciclável, e cinza, para os outros resíduos. O comerciante que desrespeitar a lei poderá receber uma multa de R$ 500 a R$ 2 milhões.

Já o cidadão que não cumprir as regras para reutilização das sacolas, como descartar restos de comida na sacola verde que irá para a central de triagem, poderá receber advertência e, em caso de reincidência, ter de pagar uma multa entre R$ 50 e R$ 500.

A fiscalização dos comerciantes será feita pelos agentes do Departamento de Gestão Descentralizada (DGD), da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente. Eles serão encarregados de averiguar as denúncias feitas por meio do SAC e pelo telefone 156. No caso da fiscalização da reutilização correta das sacolas pelos cidadãos, a Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb) vai informar e encaminhar os descartes ilegais para a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, que tomará as providências.

Prazos
Na última quinta-feira, o prefeito Fernando Haddad (PT) informou que não prorrogaria novamente o prazo para o início da fiscalização do cumprimento da lei. "Nosso objetivo não é criar uma indústria da multa. A multa está valendo, ela pode ser aplicada. Se o fiscal for lá, advertir, passar uma semana depois e a pessoa não tiver tomado nenhuma providência, ele está autorizado a multar. Não é o objetivo", afirmou Haddad naquele dia.

A lei que prevê novas sacolinhas foi publicada pelo ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) em 2011. A atual gestão regulamentou essa legislação por meio de um decreto editado em janeiro. O prazo original era de 60 dias para que houvesse a adaptação aos novos modelos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Redução da maioridade penal pode aumentar a criminalidade no país


Debate sobre maioridade penal na Câmara dos Deputados. À espera de um milagre para reduzir seus índices de criminalidade, o Brasil ameaça caminhar para trás ao reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos de idade, opinam especialistas em legislação de proteção aos jovens. Em tempos em que a tendência global é a contrária, o país dá espaço para uma proposta de emenda constitucional que quer mudar uma legislação tida como uma das mais avançadas no mundo, resgatando ideias que vigoravam por aqui no século XIX. Projeto, esse, que na última terça-feira foi considerado constitucional pela Câmara de Deputados – com o apoio de 92,7% da população, segundo dados de 2013 da CNT.

Poucos, no entanto, sabem que a lei brasileira de proteção à infância e à adolescência serve de modelo para a comunidade internacional. Nascido em meio ao fervor da redemocratização e de uma nova Constituição, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – que completa 25 anos em julho – é observado especialmente pelos países vizinhos, que seguem firmemente os passos do Brasil na área. Quem faz a observação é Gary Stahl, representante da UNICEF em território nacional, recordando que o país "foi o primeiro a assinar a Convenção sobre os Direitos da Criança e do Adolescente, da ONU, da qual só os Estados Unidos está ausente".

Para Stahl, “a simplicidade do pensamento" de quem acha que baixar a idade penal vai reduzir a criminalidade é preocupante. “Acredita-se que a violência vai diminuir milagrosamente. O que as pessoas ignoram é que estabelecer os 18 anos como maioridade não é algo aleatório, e sim com bases científicas, a partir de estudos de desenvolvimento do cérebro. Um adolescente que vai pra prisão, vai pra uma escola de crime. A criminalidade tem tudo pra aumentar”, diz. No mundo, cerca de 70% dos países têm 18 anos como idade mínima para responder judicialmente.

Outra grande motivação de quem apoia a redução da maioridade penal, acreditam os especialistas, é pensar que o adolescente em dívida com a lei sai impune de seus crimes. "Na realidade, com os atenuantes que existem, uma pena pode ser menor no presídio comum do que no sistema de internação socioeducativa”, explica o advogado Davi Tangerino, especialista em direito criminal e professor da UERJ. Para ele, o fato do ECA estar praticamente ausente do debate é um sinal de que “existe apenas um jogo retórico" e não um desejo real de melhoria. "É um discurso que desonera o legislativo da promoção dos direitos dos jovens e que responde apenas a uma disputa ideológica, sem qualquer reflexão sobre seu impacto", opina.

“A dívida está do outro lado”
Reportagens que espetacularizam crimes envolvendo adolescentes, na visão do deputado Alessandro Molon (PT), abrem abre caminho na sociedade para discursos truculentos, como os que andam em vigor. “É uma falácia. Menos de 1% dos crimes cometidos no Brasil envolvem adolescentes”, diz Molon, citando o dado da Secretaria Nacional de Segurança Pública.

Para Gary Stahl, está em curso uma inversão de responsabilidades. “A dívida está do outro lado. Há muito mais adolescentes morrendo no Brasil do que cometendo crimes. Mais de 33.000 brasileiros de 12 a 18 anos foram assassinados entre 2006 e 2012. Se continuar assim, até 2019 nosso prognóstico é que morram outros 42.000”, afirma o representante da UNICEF.

Tangerino é ainda mais incisivo no tom da autocrítica que acredita que o país deveria fazer: “Tomemos de exemplo um estado como São Paulo. Aqui, o PSDB, que é a favor da redução, está há mais de 20 anos no poder. Digamos que sejam 16, que seria a nova idade penal. O que estão dizendo ao adolescente que comete o crime é: ‘Vamos pegar esse resultado indesejável e encarcerar’. É uma inversão”.

Enquanto a oposição defende que a PEC 171/93 deverá conseguir ampla maioria tanto na Câmara dos Deputados, onde será votada em duas instâncias, depois no Congresso (novamente em dois momentos), o Governo estuda acelerar a votação de um projeto de lei que endurece as penas dos adultos que cooptam crianças e adolescentes em crimes – também aprovado na semana passada na Câmara. “Estamos discutindo também em que momento será melhor ingressar uma ação no Supremo Tribunal Federal contra a proposta”, conta Molon.

Será que o Brasil vai mesmo acelerar em marcha ré? “Precisamos de uma força para frear esse avanço, de vozes esclarecidas do campo da oposição, como foi a de Fernando Henrique Cardoso na questão da legalização da maconha. A figura dele permitiu que o tema entrasse minimamente em debate”, diz o advogado.

Em seu último mandato, o ex-presidente tucano se manifestou contra a redução. Em 2001, durante a entrega do Prêmio Nacional Direitos Humanos, ele disse à Folha de S. Paulo: “Não podemos, por causa da violência, nos envolver pela insensatez e buscarmos bodes expiatórios. Esse seria o caminho mais fácil. Daria uma sensação de que a sociedade estaria sendo dura, quando na verdade seria um simples escapismo".

Do lado da UNICEF, o que Stahl prevê é que os deputados brasileiros começarão a suavizar seu discurso policialesco quando o tema chegar à comunidade internacional. “Eles se preocupam com a imagem que projetam fora do país”, avalia.

Crianças tratadas como adultos
A experiência de dar às crianças e aos adolescentes o mesmo tratamento dos adultos, o Brasil já viveu no passado. Em 1890, durante a República Velha, a maioridade penal foi estabelecida em nove anos de idade, sob um tratamento praticamente igual para crianças, adolescentes e adultos, com diferenças apenas nos tempos de pena.

Segundo o advogado formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Hamilton Ferraz, a lei “foi se especializando conforme a tendência internacional”.

“[A mudança acontece] ao tempo em que o sistema indiferenciado vai sofrendo críticas cada vez mais severas, não apenas pelo contato entre jovens e adultos e pelas insuficiências e ilegalidades dos estabelecimentos existentes, mas pela própria ideia de punição e repressão a crianças e adolescentes por meio do aprisionamento”, analisa, em sua monografia sobre a evolução do tratamento jurídico dado aos jovens no Brasil.

 http://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/redu%C3%A7%C3%A3o-da-maioridade-penal-pode-aumentar-a-criminalidade-no-pa%C3%ADs/ar-AAauNVe

PUC-Campinas apura denúncia de racismo em curso de Direito

Cecília Polycarpo | cecília.cebalho@rac.com.br

No dia 27 de março, os estudantes postaram no grupo Direito PUC-Campinas, do Facebook, 'memes' com conteúdo racista
Foto: Reprodução/ Facebook
No dia 27 de março, os estudantes postaram no grupo Direito PUC-Campinas, do Facebook, 'memes' com conteúdo racista
 
A PUC-Campinas investiga denúncia de racismo feita contra alunos do curso de Direito. No dia 27 de março, os estudantes postaram no grupo Direito PUC-Campinas, do Facebook, memes com conteúdo preconceituoso e alusão ao grupo de extermínio de negros Ku Klux Klan, segundo a denúncia. As fotos foram postadas após uma aluna questionar a divisão por gêneros da aula de futebol e ser defendida por um estudante negro.

As fotos originais foram apagadas seis dias após a publicação, mas jovens indignados com as postagens imprimiram a página e divulgaram o conteúdo. Um dos memes tem um professor negro e um aluno branco sentado, com a mão levantada. O texto na foto fala: “Professor, poderia ser mais claro?”. Outra, com a imagem de um membro da Ku Klux Klan tem a frase “A tocha da Ku Klux Klan chega a tremer". Um terceiro meme tem uma mulher negra abraçada com membros da organização racista e diz “Nego perdeu a noção do perigo”. 
Foto: Reprodução/ Facebook
No dia 27 de março, os estudantes postaram no grupo Direito PUC-Campinas, do Facebook, 'memes' com conteúdo racista
No dia 27 de março, os estudantes postaram no grupo Direito PUC-Campinas, do Facebook, 'memes' com conteúdo racista
  
Na manhã desta segunda-feira (6/4), alunos ainda debatiam no grupo sobre a repercussão da denúncia. Enquanto parte considera a denúncia “exagerada”, outros apoiam as apurações. A postagem original das fotos recebeu cerca de 600 comentários. Um dos usuários disse: “(...)conheço vários e vários negros que não se ofenderam nenhum pouco com os memes e inclusive acharam graça de vários deles, existiram sim memes apelativos e sem humor algum, sim existiu, agora olha o ponto que chegou”. Já outra estudante respondeu no mesmo posto: “Ridículo, vergonhoso e desnecessário é esse racismo perpetuado pelos futuros aplicadores do Direito! Dessa maneira, à quem servirá a Justiça?” (SIC).

Uma das meninas que compartilhou o memê, A.P., de 22 anos, se defendeu dizendo que apenas reproduziu a foto porque “achou engraçada”. “Não acho que fiz errado, acho apenas que foi uma atitude infeliz. Vou pedir desculpa ao menino”. A. falou ainda que não fez nenhum comentário racista. “Metade da PUC fez comentários racistas. Eu não disse nada”. Ela se reunirá com a direção do curso para discutir o assunto. Segundo ela, a iniciativa de procurar a PUC para esclarecer o caso foi dela.

O Correio entrou em contanto com o estudante que fez a denúncia, mas ele não retornou até o fechamento desta edição. Em nota enviada ao Centro Acadêmico de Direito da universidade, ele afirmou que as piadas foram como “uma porta que se abria para uma imensidão de ódio, hipocrisia, racismo e covardia”. Ele disse ainda que se sentiu mal e com sensação de “impotência, de solidão e vergonha” depois de ver as piadas. “A história da minha etnia não é humor. As consequências sociais da nossa história não é um passatempo. Minha melanina não é motivo para hipersexualização. Não há graça nem humor em toda essa história e sim uma juventude problemática, hipócrita e cronicamente racista”, disse, ao final do texto.

Em nota, a universidade afirmou que “desencadeou processo para averiguação do ocorrido”. Informou ainda que o grupo não é gerenciado pela PUC-Campinas, que responsável apenas pelo endereço www.facebook.com/puccampinas.
Foto: Reprodução/ Facebook
No dia 27 de março, os estudantes postaram no grupo Direito PUC-Campinas, do Facebook, 'memes' com conteúdo racista
No dia 27 de março, os estudantes postaram no grupo Direito PUC-Campinas, do Facebook, 'memes' com conteúdo racista
 
Já o Centro Acadêmico do curso de Direito, publicou a seguinte nota oficial em sua página no Facebook: “MACHISTAS, RACISTAS, HOMOFÓBICOS, NÃO PASSARÃO!! O discurso de ódio disfarçado de “piada” e “brincadeira” naturalizou, deu aval e legitimou muitas atrocidades na história da humanidade. Assim, após diversas manifestações de racismo e discurso de ódio propagados em mensagens e “Memes” no grupo “Direito PUC-Campinas”, o estudante Fernando Morais resolveu não se calar e lançar uma nota, com apoio do Centro Acadêmico XVI de Abril – Núcleo de Combate às Opressões e coletivos autoorganizados da região de Campinas.
 
 
http://paulista.ig.com.br/ig_paulista/?url_layer=http://correio.rac.com.br/_conteudo/2015/04/ig_paulista/251006-puc-campinas-apura-denuncia-de-racismo-em-curso-direito.html

Suspeita sobre senador do PT indica elo da Lava Jato com governo do PSDB


Delcídio Amaral segue no radar dos investigadores como possível vínculo do esquema na Petrobras com a gestão tucana 
 
O depoimento do principal delator da Operação Lava Jato levantando suspeitas de que a empresa francesa Alstom - envolvida também no escândalo do cartel de trens em São Paulo - pagou propina ao senador Delcídio Amaral (PT-MS) quando este chefiava a Diretoria de Gás e Energia da Petrobras pode revelar um elo entre os governos do PSDB e do PT no esquema de corrupção desmantelado na Petrobras.
O senador Delcidio do Amaral (PT-MS) (Arquivo)
Facebook/Reprodução
O senador Delcidio do Amaral (PT-MS) (Arquivo)
Delcídio ficou fora da primeira leva de inquéritos abertos pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, no início de março, mas a passagem pela estatal, a ligação com personagens presos na Lava Jato, sua trajetória política e o depoimento do delator Paulo Roberto Costa reforçam a probabilidade de que o esquema de corrupção revelado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ter sido, na verdade, continuidade de supostos desvios ocorridos na gestão de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso.

A pista mais recente está na petição do procurador Geral da República, Rodrigo Janot, em que ele ressalva que o papel de Delcídio - assim como nos demais casos arquivados - pode ser reanalisado e reproduz os principais trechos do depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.

Delcídio foi diretor de Gás e Energia da Petrobras entre 2000 e 2001, período em que Paulo Roberto Costa também trabalhou no setor como gerente-geral de Logística de Gás Natural. Costa não apresenta provas, mas sob o compromisso de abrir o jogo no acordo de delação, fala da negociata em vários trechos do depoimento.

Num deles afirma que “por meio de comentários nesta área de Gás e Energia”, tomou conhecimento que a compra envolveu Delcídio, e os ex-diretor Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, preso atualmente no Paraná, e a Alstom. A negociação teria sido fechada depois de acertado “pagamento de um valor alto como propina para que saísse a compra das turbinas”.

O delator afirmou que a situação de emergência gerada pelo apagão de 2001 - uma mancha na gestão tucana - foi usada para alavancar “um contrato bilionário”, sem licitação, diretamente entre a estatal e a Alstom, cuja decisão foi tomada por Delcídio e executada por Cerveró.

“Era de conhecimento interno da Petrobras, que teria havido um acerto para viabilizar este contrato e que a propina paga pela Alstom teria sido destinada a Nestor Cerveró e Delcídio Amaral”, afirma o delator, acrescentando uma informação que, se verdadeira, extrapola os negócios da política: “Não teria sido este dinheiro, aparentemente, destinado a qualquer campanha política”. Costa e o doleiro Alberto Youssef eram os responsáveis pelo repasse da propina a campanhas e políticos, mas não souberam apontar detalhes sobre a suposta propina ao senador.

O senador Delcídio do Amaral (PR-MS) não é formalmente investigado na Operação Lava Jato, mas informalmente ainda é considerado suspeito. A decisão pelo arquivamento, segundo fontes do Ministério Público Federal, é provisória, o que significa que, se no decorrer das investigações surgirem indícios dando credibilidade ao depoimento do delator, Delcídio se tornará alvo de um novo inquérito.

Procurado pelo iG, o senador não retornou. Quando seu caso foi para o arquivo, no início de março, ele comemorou afirmando que a decisão de Janot era uma prova a seu favor e chegou a afirmar que a denúncia estava “morta e sepultada”. Disse que o episódio, baseado em “por ouvir dizer”, foi usado por seus adversários desde 2002.

Mas não é bem assim. Os procuradores do grupo de trabalho que atua ao lado de Janot estão em busca de outros dados que joguem luzes na gestão de Delcídio e de sua influência na estatal, onde tinha “entrada livre” e notório poder de influência, segundo relatam Costa e o doleiro Alberto Youssef.

Perfil suprapartidário
Um detalhe que tem chamado a atenção dos investigadores é o perfil político polivalente de Delcídio, que foi filiado ao extinto PFL e conseguiu dominar um poderoso setor da Petrobras com o apoio do PT e do PMDB em pleno governo do PSDB. Quando deixou o cargo para disputar, em 2002, uma vaga ao Senado, segundo Costa, em função da parceria na compra das turbinas da Alstom, Delcídio já era conhecido como “padrinho” de Nestor Cerveró.

O ingresso no PT do Mato Grosso do Sul, com o apoio do deputado Vander Loubet (PT-MS) - investigado na Lava Jato a pedido de Janot -, deu ao senador um lustre ideológico numa época que o então governador José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, era o único interlocutor do partido junto a Fernando Henrique e pavimentou o caminho para a Petrobras.

O trânsito foi fundamental para que Delcídio fosse catapultado da Secretaria de Habitação e Infraestrutura do governo do Mato Grosso do Sul, em 1999, para a diretoria de Gás e Energia da Petrobras. O perfil híbrido que o liga às duas forças políticas mais importantes o blindaria politicamente, mas o distanciaria do núcleo do PT em 2005, quando presidiu a CPI do mensalão. Internamente era visto um misto de petista tucano.
 
Um dirigente do PT nacional ouvido pelo IG - que pediu para não ser citado - se disse surpreso com as declarações do delator Paulo Roberto Costa e informou que os advogados do partido irão analisar a passagem de Delcídio na Petrobras durante o governo tucano. O PT pode encontrar aí um argumento forte para mostrar que não inventou a corrupção na estatal.

Ligações antigas
Ao vencer a eleição para o Senado, em 2002, o poder de Delcídio aumentou na Petrobras ao ponto de indicar e bancar a nomeação de Cerveró no comando da diretoria Internacional já no início do governo Lula. Isso significa, conforme o delator, que Delcídio apadrinhava Cerveró, que usava o operador Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, que faria chegar a propina ao PMDB. 

Foi por conta de suas antigas ligações com o ex-senador Jader Barbalho (PA), desde a construção da Usina de Tucuruí, que Delcídio se aproximou do PMDB para chegar a secretário-executivo do Ministério das Minas e Energia e, nos últimos cinco meses do governo Itamar Franco, ministro da pasta no período de transição para a gestão de Fernando Henrique.

Costa conta que Cerveró só cairia em desgraça quando surgiram os primeiros questionamentos sobre a desastrada compra da Refinaria de Pasadena - da qual é o principal responsável pelas irregularidades. Ainda assim, graças ao amparo de Delcídio, ele seria deslocado para a Diretoria Financeira da Petrobras Distribuidora, de onde só sairia por cair em contradição com Dilma no depoimento que prestou à antiga CPI da Petrobras e, meses depois, pela prisão.

Logo depois de assumir o mandato no Senado, em 2003, Delcídio enfrentaria a primeira suspeita de recebimento de propina da Alstom. Uma ação aberta na Procuradoria da República do Distrito Federal por abuso de poder econômico na campanha do ano anterior traria a tona a compra de uma das turbinas, a que seria usada na Termo-Rio, em cujo negócio a Petrobras teria sido lesada em US$ 22 milhões.

A denúncia do MPF diz com todas as letras que parte do dinheiro supostamente desviado foi repassado pela empresa francesa a Delcídio e destinado a despesas de sua campanha e de outros políticos de Mato Grosso do Sul. A denúncia foi arquivada por falta de provas.

Onze anos depois, Paulo Roberto Costa forneceu a procuradores e ao juiz Sérgio Moro detalhes que podem ligar os fios. Segundo ele, a demora no uso das turbinas compradas da Alstom “a um custo substancial” e em caráter de emergência chamou sua atenção e de outros funcionários da área técnica porque os equipamentos ficaram longos anos “encostados” no almoxarifado da Petrobras.

Costa diz que o negócio não fazia sentido por causar prejuízos a Petrobras tanto pela depreciação do valor das turbinas quanto pela defasagem tecnológica dos equipamentos. A maior parte das turbinas só seria usada entre 2004 e 2008.

O delator dá, então, sua interpretação ao que estaria por trás de um aparente negócio malfeito: “Pelo contexto dos fatos, chega-se a conclusão de que a Petrobras adquiriu uma quantidade muito maior de turbinas do que o necessário”, diz Costa, afirmando que uma compra feita na emergência do apagão embutia, na verdade, o pagamento de propina ao senador e a Cerveró.

Gestão
O período de Delcídio na Diretoria de Gás e Energia também foi marcado por sérios problemas de gestão. O engenheiro gaúcho Ildo Luís Sauer, atualmente diretor do Instituto de Eletrônica e Energia da Universidade de São Paulo exerceu, entre janeiro de 2003 e setembro de 2007, o mesmo cargo de Delcídio na Petrobras e lá encontrou o que poderia ser chamado, no mínimo, de um descalabro administrativo.

Em apenas três contratos auditados - El Paso, Enro e MPX, esta última do empresário Eike Batista, amigo e financiador da campanha do senador -, a Petrobras sofreria prejuízos da ordem de US$ 2,5 bilhões se Sauer não tivesse encaminhado os casos para análise das comissões de arbitragem da Petrobras. As perdas foram reduzidas, então, para cerca de US$ 1 bilhão. No caso do negócio com a Alstom, a alternativa foi aproveitar os equipamentos para por termoelétricas em funcionamento. Procurado pelo iG, Sauer explicou que seu papel foi exclusivamente de gestão, para reduzir custos à estatal, e que não cabia a ele investigar se havia irregularidades.

Em 2007, depois de uma contenda com o próprio Delcídio - e frustrado com as posições do Palácio do Planalto -, Sauer deixou o cargo. Por coincidência foi exatamente nesse período que a estatal colocou em andamento os grandes investimentos em infraestrutura e PP, PT e PMDB, implantavam um novo estilo de controle político na Petrobras, mais agressivo porque tornava sólido o cartel das empreiteiras que monopolizariam as obras mais importantes da petroleira.

A ordem interna em todas as diretorias era não mexer em contratos fechados na gestão de Fernando Henrique Cardoso. Se irregularidades fossem encontradas, os tucanos é que se explicassem. A orientação era não repetir erros do governo anterior, o que foi seguido à risca: o novo esquema era bem diferente, mas mais feio.

 http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2015-04-06/suspeita-sobre-senador-do-pt-indica-elo-da-lava-jato-com-governo-do-psdb.html

Governo aposta em luz no fim do túnel, mas não sabe quando



A boa notícia é que há luz no final. Mas a má notícia é que ainda não se sabe quando sairemos deste túnel.
Esta foi em síntese a mensagem do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ao núcleo político do governo durante reunião com a presidente Dilma Rousseff, ocorrida hoje no Palácio do Planalto.

Na reunião foi decidido que a presidente deverá receber amanhã os líderes governistas para falar das perspectivas de retomada do crescimento da economia e defender a necessidade de ajuste.

A imagem do túnel foi usada por Levy na reunião de hoje, da qual participaram, além do vice-presidente Michel Temer, os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Gilberto Kassab (Cidades), Edinho Silva (Comunicação Social) e Eliseu Padilha (Aviação Civil).

Joaquim Levy disse que o Brasil passa por um momento realmente difícil — agravado, entre outros fatores, pela queda do preço das commodities. Mas comparou esse momento à travessia de um túnel, com saída no final apontando para a retomada do crescimento.

O ministro, no entanto, não arriscou uma previsão sobre qual o momento de recuperação da economia. Neste ponto, deixou claro que há um fator político, que passa pela aprovação das medidas de ajuste fiscal pelo Congresso.

O tempo levado para convencimento, especialmente da base governista, a fim de se obter a aprovação dessas medidas é que ele considera decisivo para a retomada do crescimento.

E é esse o discurso acertado na reunião pelo núcleo político a ser levado hoje aos líderes governistas. A presidente Dilma deverá pedir o apoio dos líderes, sob o argumento de que, quanto mais tempo levar para aprovar o ajuste, maior será o grau de insegurança do mercado e mais difícil será para sairmos da crise.

Enfim, um discurso plenamente justificado. No entanto, em política nem sempre a lógica prevalece.

http://talesfaria.ig.com.br/index.php/2015/04/06/governo-aposta-em-luz-no-fim-do-tunel-mas-nao-sabe-quando/