terça-feira, 30 de junho de 2015

Oposição retoma debate sobre saída de Dilma do Planalto

Após delação premiada de Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, opositores acreditam em renovação da tese de impeachment e outras abordagens contra presidente

O gabinete do senador Aécio Neves (PSDB-MG) será o quartel-general da oposição na manhã desta terça-feira (30). Líderes das bancadas da Câmara dos Deputados e Senado, assim como os presidentes dessas siglas de oposição, discutirão estratégias para pressionar o governo e tentar a destituição da presidente Dilma Rousseff (PT). A motivação para o encontro veio a partir da delação premiada do dono da UCT Engenharia, Ricardo Pessoa, que na semana passada disse ter feito doações para a campanha de Dilma em 2014 por temer por seus interesses em contratos com a Petrobras.

“A pauta da reunião é discutir a gravidade da conjuntura política. Temos de avaliar isso”, diz o líder do PPS, Rubens Bueno (PR). Para o parlamentar, a “tese central” do encontro é o impeachment da presidente. “O que ele disse [Ricardo Pessoa] e o STF avalizou autorizando a delação premiada tem consistência e a gravidade é tamanha que envolve a presidente. Seus ministros foram citados”, acrescenta Bueno.

Dilma Rousseff pode sofrer nova ameaça da oposição depois das denúncias de Ricardo Pessoa, da UTC
Roberto Stuckert Filho/PR
Dilma Rousseff pode sofrer nova ameaça da oposição depois das denúncias de Ricardo Pessoa, da UTC

De acordo com a declaração de Pessoa a procuradores da Operação Lava Jato, além de ter doado R$ 7,5 milhões para a campanha presidencial de Dilma em 2014 para não colocar em risco seus interesses em contratos com a Petrobras, a UTC também teria financiado outras 18 campanhas de diversos partidos. Entre eles do hoje ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, quando disputou o governo paulista, em 2010.

Em entrevista concedida no último final de semana, Mercadante disse que não houve, por parte de Pessoa, nenhuma acusação de doações ilegais contra as campanhas, tanto a da presidente Dilma no ano passado, quanto a dele, em 2010. O dono da UTC diz que teria tratado da doação para a campanha de Dilma com o atual ministro da secretaria de Comunicação da Presidência da República, Edinho Silva (PT), na época tesoureiro da campanha presidencial petista.

“Será uma reunião de avaliação do quadro pós-delação de Ricardo Pessoa que agrava uma crise que já era grave”, afirma Mendonça Filho (DEM-PE), líder do partido na Câmara. A declaração de Pessoa, diz, “reforça indiscutivelmente a tese de Impeachment”. Ainda assim, o líder do DEM acredita que existem outras abordagens possíveis para tratar do futuro político de Dilma a frente da presidência.

“Você tem múltiplas alternativas”, resume o parlamentar. “A fala dele [Pessoa] tem várias implicações. Reforça, por exemplo, a forma fraudulenta com que Dilma foi eleita. A forma como a campanha dela foi financiada. Reforça a tese de crime de responsabilidade”, diz Mendonça Filho, que acrescenta que as estratégias serão discutidas na reunião. “Não quero ser conclusivo”.

Parlamentarismo a la 1961
Paulinho da Força (SDD-SP) diz que levará ao encontro duas propostas. Uma delas será a tese renovada de impeachment baseada nas falas de Pessoa. “Agora você tem claramente dinheiro ilegal na campanha e isso cria a base para um pedido de impeachment”, afirma ele, apesar da doação de R$ 7,5 milhões ter sido feita legalmente e declarada à Justiça Eleitoral.
Leia também:
“Se a oposição achar que o impeachment é algo muito pesado, defenderei que a gente faça uma Proposta de Emenda à Constituição para instituir o parlamentarismo, como foi feito em 61”, declara ele, que nega que tal iniciativa seja golpista.
“Qual o outro caminho? Ela renunciar? Isso ela não vai fazer. Ou se matar, como fez o Getúlio? Isso ela não vai fazer. Não tem como continuar um governo assim. Como vamos explicar para as pessoas que teremos mais três anos desse governo, com inflação, desemprego e o povo sofrendo? Fazemos o parlamentarismo e deixa ela lá como se fosse uma rainha da Inglaterra”, diz Paulinho.

Veja os políticos denunciados por Rodrigo Janot na Operação Lava Jato:







Antes de aparecer na lista de Janot, Renan Calheiros disse que não conhecia Youssef ou envolvidos na Lava Jato. Foto: Câmara dos Deputados/Gustavo Lima
O ex-presidente e senador pelo PTB de Alagoas, Fernando Collor, é acusado de ter recebido dinheiro de Yousseff. Foto: Reprodução

O ex-presidente e senador pelo PTB de Alagoas, Fernando Collor, é acusado de ter recebido 
dinheiro de de Youssef. Foto: Reprodução
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Presidente da Câmara, Eduardo Cunha está entre os que serão investigados na Lava Jato. Foto: Gustavo Lima / Câmara dos Deputados
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Foto: Gustavo Lima / Câmara dos Deputados
Senador pelo PMDB do Maranhão e ex-ministro das Minas e Energia de Dilma, Edison Lobão é investigado em inquérito que envolve a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB). Foto: CÉLIO AZEVEDO/AGÊNCIA SENADO - 15.5.2007
 Senador pelo PMDB do Maranhão e ex-ministro das Minas e Energia de Dilma,
 Edison Lobão é investigado em inquérito que envolve a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB).
Foto: CÉLIO AZEVEDO/AGÊNCIA SENADO - 15.5.2007
Senadora pelo PT do Paraná ex-ministra da Casa Civil de Dilma, Gleisi Hoffman foi citada em delação premiada da Lava Jato. Foto: Facebook
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Gleisi Hoffman foi citada em delação premiada da Lava Jato. Foto: Facebook

Alvo de inqúerito, Antônio Anastasia é senador pelo PSDB de Minas Gerais,  ex-governador do Estado e foi coordenador de campanha de Aécio à Presidência. Foto: daniel de cerqueira - 7.11.2014
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 e foi coordenador de campanha de Aécio à Presidência.
Foto: daniel de cerqueira - 7.11.2014
Senador pelo PP do Piauí, Ciro Nogueira teve dois inquéritos arquivados, mas é alvo de um terceiro, que envolve outras 36 pessoas. Foto: Agência Brasil
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Lindberg Farias, senador pelo PT do RJ, é suspeito de ter pedido dinheiro a Paulo Roberto Costa. Foto: Futura Press
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Ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB) é citada também no inquérito contra o senador Edison Lobão (PMDB-MA). Foto: BETO BARATA/AGência ESTADO - 4.1.2011
 Ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB)
é citada também no inquérito contra o senador Edison Lobão (PMDB-MA).
 Foto: BETO BARATA/AGência ESTADO - 4.1.2011
Deputado pelo PP da Paraíba, Aguinaldo Ribeiro fio ministro das Cidades durante o governo Dilma. Foto: Divulgação
Vilson Covatti foi deputado federal pelo PP do Rio Grande do Sul até janeiro de 2015. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PT de São Paulo e ex-líder do governo Lula, Cândido Vaccarezza teria recebido R$ 400 mil em propina. Foto: Agência Brasil
Alvo de inquérito, Humberto Costa é senador pelo PT de Pernambuco e foi ministro da Saúde durante o governo Lula. Foto: Divulgação
Senador pelo PMDB de Roraima, Romero Jucá foi líder dos governos FHC e Lula. Foto: Agência Senado
Senador pelo PMDB de Rondônia, Valdir Raupp foi governador de Rondônia e líder do partido. Foto: Divulgação
Ex-ministro da Casa Civil de Dilma Rousseff, Antônio Palocci terá suas condutas investigadas pela Polícia Federal no Paraná, para onde o STF mandou o inquérito. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil - 2.1.11
Tesoureiro do PT, João Vaccari Neto é alvo do processo que envolve 37 pessoas. Foto: Agência Brasil
Deputado federal pelo PP de Mato Grosso, Pedro Henry foi condenado no processo do mensalão. Foto: Agência Brasil
Deputado federal pelo PMDB do Ceará, Aníbal Gomes é investigado no inquérito que envolve 37 pessoas. Foto: Divulgação/Governo Municipal de Acaraú
Deputado federal pelo PP do Rio de Janeiro, Simão Sessim ocupa o cargo desde a década de 1970. Foto: Agência Câmara
Ex-deputado federal pelo PP de Pernambuco, teve seu mandato cassado na esteira do escândalo do mensalão. Foto: Agência Brasil
Deputado federal pelo Solidariedade da Bahia, Luiz Argôlo chegou a ter sua cassação aprovada pelo Conselho de Ética da Câmara. Foto: Agência Câmara
Deputado federal pelo PP do Paraná, Nelson Meurer é presidente do partido no Estado. Foto: Agência Câmara
Deputado pelo PP do Acre, Gladson Cameli é investigado no inquérito que envolve 37 pessoas. Foto: Agência Câmara
Deputado federal pelo PP de Goiás, Roberto Balestra é investigado no maior inquérito, que envolve 37 pessoas. Foto: Divulgação
Deputado federal pelo PP de Goiás, Sandes Júnior, é alvo do maior inquérito da Operação, com 37 investigados. Foto: Divulgação
Deputado federal pelo PT do Mato Grosso, Vander Loubet é investigado em inquérito que inclui o deputado Cândido Vaccarezaa (PT-SP). Foto: Divulgação
Senador pelo PP do Piauí, Ciro Nogueira teve dois inquéritos arquivados, mas é alvo de um terceiro, que envolve outras 36 pessoas. Foto: Divulgação
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Deputado federal pelo PP do Ceará, José Linhares Ponte foi padre e usa a experiência de sacerdócio nas campanhas eleitorais. Foto: Reprodução
Deputado federal pelo PP de Pernambuco até janeiro  de 2015, Roberto Teixeira é investigado no inquérito que envolve 37 pessoas. Foto: Divulgação
Deputado federal pelo PP de Santa Catarina até janeiro de 2015, João Alberto Pizzolatti Junior é alvo do inquérito que envolve outras 36 pessoas. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP da Bahia até janeiro de 2015, Mário Negromonte foi ministro das Cidades durante o governo Dilma. Foto: Wikimedia
Deputado pelo PP do Maranhão, Waldir Maranhão é investigado no inquérito que envolve outras 36 pessoas. Foto: Facebook/Reprodução
Vice-governador da Bahia, comandada por Rui Costa (PT), João Leão foi deputado federal pelo PP do Estado. Foto: Reprodução
Deputado federal pelo PP de Rondônia até janeiro de 2015, Carlos Magno Ramos foi secretário da Casa Civil do ex-governador  e hoje senador Ivo Cassol (PP). Foto: Divulgação
Deputado federal pelo PP da Bahia, Roberto Britto é investigado no inquérito que envolve outras 37 pessoas. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP do Rio Grande do Sul, Renato Molling é investigado no inquérito que envolve 37 pessoas. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP do Rio Grande do Sul, Luis Carlos Heinze é investigado no inquérito que envolve 37 pessoas. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP do Tocantins, Lázaro Botelho é investigado no inquerito que envolve 37 pessoas. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP de São Paulo, José Olímpio se apresenta como missionário da Igreja Mundial do Poder de Deus. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP do Rio Grande do Sul, Afonso Hamm é investigado no inquérito que envolve outras 37 pessoas. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP, Jerônimo Goergen foi vice-líder da bancada do PP na Câmara dos Deputados. Foto: Facebook/Reprodução
Deputado federal pelo PP do Paraná, Dilceu Sperafico é investigado no inquérito que envolve outras 37 pessoas. Foto: Twitter/Reprodução
Deputado federal pelo PP de Alagoas, Arthur Lira é filho de Benedito de Lira, também investigado na Lava Jato. Foto: Twitter/Reprodução
Deputado pelo PP de Minas Gerais, Luiz Fernando Faria é investigado no inquérito que envolve 37 pessoas. Foto: Reprodução
Deputado federal pelo PP de Pernambuco, Eduardo da Fonte foi segundo vice-presidente da Câmara e líder do PP na Casa. Foto: Divulgação
Antes de aparecer na lista de Janot, Renan Calheiros disse que não conhecia Youssef ou envolvidos na Lava Jato. Foto: Câmara dos Deputados/Gustavo Lima

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