sábado, 16 de maio de 2015

O problema não é a Globo, o problema é o ser humano

Maria Júlia Coutinho em ação no “Jornal Nacional” (Foto: reprodução/Globo)

Leio hoje na coluna de televisão da “Folha de S. Paulo” uma pequena entrevista com Maria Júlia Coutinho, a nova apresentadora da previsão do tempo do “Jornal Nacional”. Saudada como a grande novidade do telejornal, Maria Júlia foi notícia na semana ao corrigir William Bonner no ar. Bonner havia perguntado se o tempo seria “bom” e ela o lembrou que, segundo as regras do canal, o termo correto era “firme”. 

Maju é novidade no “JN”, mas já vem atuando em outros jornais da casa há algum tempo. Sempre com o mesmo jeito descontraído. A tal correção virou notícia nos sites especializados em TV, mas não só neles. Um amigo enviou link do blog “Pragmatismo Político” com o seguinte título: “Nova garota do tempo do Jornal Nacional é vítima de racismo”. Isso mesmo. Afinal, independentemente de ser boa jornalista ou não, Maria Júlia é negra. É o que basta para açular a corja que, nessas ocasiões, costuma sair do esgoto para marcar presença nos comentários dos noticiários na internet. 

Curioso que os movimentos tão preocupados em vetar peças teatrais e séries de TV não deem as caras como deveriam. Não vejo ninguém elogiando a Globo por abrir espaço a uma jornalista negra em um jornal de destaque. “Ah, mas levou anos para fazer isso”, dirão. Mas pelo menos fez, digo eu. 

Ao mesmo tempo, parece que deram certo os protestos sobre o fato de a emissora “sempre mostrar o negro como favelado”. Veja, por exemplo, a nova novela das sete, “I Love Paraisópolis”. Apesar de se passar na maior favela de São Paulo, há capítulos inteiros em que você não vê um negro sequer. O mesmo se pode dizer da série “Chapa Quente”, que tem como cenário um popularíssimo bairro de São Gonçalo desprovido de negros. Parabéns aos envolvidos. 

Provavelmente a Globo deve ter ficado de saco cheio das polêmicas e protestos e resolveu optar pelo elenco estilo publicidade brasileira (com padrões nórdicos de negritude). Como já disse aqui, apesar de não gostar da série “Sexo e as Negas”, não o achava ofensivo e havia um lado positivo em ter protagonistas negras. Também não vejo problemas em mostrar negros como favelados – afinal, é uma realidade do país. Triste, porém real. 

https://br.celebridades.yahoo.com/blogs/tela-plena/o-problema-nao-e-a-globo-o-problema-e-o-ser-175259211.html

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