Maria Júlia Coutinho em ação no “Jornal Nacional” (Foto: reprodução/Globo)
Leio
hoje na coluna de televisão da “Folha de S. Paulo” uma pequena
entrevista com Maria Júlia Coutinho, a nova apresentadora da previsão do
tempo do “Jornal Nacional”. Saudada como a grande novidade do
telejornal, Maria Júlia foi notícia na semana ao corrigir William Bonner
no ar. Bonner havia perguntado se o tempo seria “bom” e ela o lembrou
que, segundo as regras do canal, o termo correto era “firme”.
Maju
é novidade no “JN”, mas já vem atuando em outros jornais da casa há
algum tempo. Sempre com o mesmo jeito descontraído. A tal correção virou
notícia nos sites especializados em TV, mas não só neles. Um amigo
enviou link do blog “Pragmatismo Político” com o seguinte título: “Nova
garota do tempo do Jornal Nacional é vítima de racismo”. Isso mesmo.
Afinal, independentemente de ser boa jornalista ou não, Maria Júlia é
negra. É o que basta para açular a corja que, nessas ocasiões, costuma
sair do esgoto para marcar presença nos comentários dos noticiários na
internet.
Curioso que os movimentos tão preocupados em vetar
peças teatrais e séries de TV não deem as caras como deveriam. Não vejo
ninguém elogiando a Globo por abrir espaço a uma jornalista negra em um
jornal de destaque. “Ah, mas levou anos para fazer isso”, dirão. Mas
pelo menos fez, digo eu.
Ao mesmo tempo, parece que deram certo
os protestos sobre o fato de a emissora “sempre mostrar o negro como
favelado”. Veja, por exemplo, a nova novela das sete, “I Love
Paraisópolis”. Apesar de se passar na maior favela de São Paulo, há
capítulos inteiros em que você não vê um negro sequer. O mesmo se pode
dizer da série “Chapa Quente”, que tem como cenário um popularíssimo
bairro de São Gonçalo desprovido de negros. Parabéns aos envolvidos.
Provavelmente
a Globo deve ter ficado de saco cheio das polêmicas e protestos e
resolveu optar pelo elenco estilo publicidade brasileira (com padrões
nórdicos de negritude). Como já disse aqui, apesar de não gostar da
série “Sexo e as Negas”, não o achava ofensivo e havia um lado positivo
em ter protagonistas negras. Também não vejo problemas em mostrar negros
como favelados – afinal, é uma realidade do país. Triste, porém real.
https://br.celebridades.yahoo.com/blogs/tela-plena/o-problema-nao-e-a-globo-o-problema-e-o-ser-175259211.html
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