sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Violência dispara no DF após dois meses de Operação Tartaruga da PMDF



 

O Distrito Federal registrou 14 ocorrências de homicídios na última semana. Do total de assassinatos ocorridos a segunda-feira (9/7) e domingo (15/7), 79% dos casos envolveram arma de fogo. Todas as vítimas tinham antecedentes criminais. Os dados são da Secretaria de Estado de Segurança Pública do DF.

 Dentre os mortos, três cumpriam prisão domiciliar. A grande maioria das vítimas, 92%, era do sexo masculino e 29% do total tinham entre 25 e 32 anos. Três adolescentes estavam entre as 14 vítimas dessa semana, mortos no Gama e em Samambaia.

Com um total de quatro ocorrências, 28,6%, Ceilândia foi a região com o maior número de homicídios registrados nesse período. Todos ocorreram durante o fim de semana.

Os homicídios no DF concentram-se entre sexta e domingo e acontecem principalmente durante a madrugada. Dos 14 casos registrados na última semana, 64,3% ocorreram no final de semana e 71% durante a noite e madrugada.

Nesse período, a polícia apreendeu 30 armas de fogo e ainda registrou 18 tentativas de homicídio e 12 sequestros relâmpagos. Em sete deles, houve roubo dos carros.
 
Em janeiro, houve aumento de 28% nos homicídios em relação ao mesmo período de 2013
 

Placas avisando sobre a Operação Tartaruga foram espalhadas em todo o DF, mas retiradas em seguida .
 
Após dois meses de Operação Tartaruga da PMDF (Polícia Militar do DF), a violência disparou nas ruas da capital federal. Dados da SSP-DF (Secretaria de Segurança Pública do DF) mostram que só em janeiro houve um aumento de 28% nos casos de homicídio em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 49 mortes em 2013 contra 63 em 2014.
 
A onda de violência atinge todas as regiões do DF, inclusive bairros nobres da capital. Nas últimas 14 horas, pelo menos duas pessoas foram assassinadas.

Apesar de confirmada pelos militares, a SSP-DF negava, até o início desta semana, a existência da paralisação. Na segunda-feira (27), a categoria espalhou outdoors em vários pontos do DF afirmando que a Operação Tartaruga está, de fato, acontecendo. Com isso, as ocorrências são atendidas com demora e há menos policiamento ostensivo nas ruas, abrindo brechas para a ação dos bandidos.
 
Nas "propagandas", que já foram removidas, eram exibidos pedidos de valorização de policiais e bombeiros militares e a exigência para que o governo cumprisse as promessas salariais feitas durante a campanha eleitoral de 2010. Os policiais também convocaram os colegas para uma assembleia geral, marcada para o dia 13 de fevereiro, em frente ao Palácio do Buriti, sede do executivo local.


O coronel Mauro Manuel Brambilla, presidente da ASSOR-PM/CBM e Coordenador do Fórum das Associações representativas de PMs e CBMs do DF, Novo Movimento Unificado e Rede Democrática, explicou que a categoria está insatisfeita desde 2011 e que desde então tem oferecido caminhos "viáveis para o governo resolver o problema", mas sem sucesso.
 
Com a queda de braço entre o governo e a PM, a população fica refém da violência nas ruas. Na última semana, multiplicaram-se os casos de homícidios e latrocínios, em regiões tranquilas durante a noite e de dia. Nesta quinta-feira (30) um homem foi baleado na frente de um supermercado na Asa Sul, área valorizada onde o metro quadrado de um apartamento está entre os mais caros do Brasil. Já nesta quarta (29) um jovem foi morto em uma tentativa de assalto na frente de casa, em Águas Claras, também uma área nobre.
 
Para o coronel Brambilla, a população não pode cobrar da polícia.
 
— A população não tem que cobrar da gente. Somos pais de família, pessoas honradas, temos compromissos financeiros e necessidades como qualquer pessoa. A população tem que cobrar do governador, que pode resolver os problemas na hora que quiser e não o faz. Ele é o responsável por toda essa situação porque é omisso.

O cabo Davi Rego, do Batalhão de Choque da Polícia Militar, disse que a categoria não está feliz com a operação, mas que é a única forma encontrada para pressionar o governo.

— Não estamos felizes com essa operação e estamos tristes com a situação que o DF se encontra, com a violência aumentando a cada dia. Estamos apenas lutando pelos nossos direitos que estão sendo desrespeitados por quem deveria dar exemplo.
 
Secretaria de Segurança
O secretário de Segurança Pública do DF, que daria uma entrevista ao Balanço Geral DF desta quinta-feira (30) para falar sobre o assunto, não compareceu. Na última segunda-feira ele comentou em entrevista à Record que a situação está sendo tratada por vários órgãos do governo para que alguma solução seja encontrada urgentemente.
 
Na ocasião, Avelar disse ainda que alguns grupos políticos estão se aproveitando do momento para criar instabilidade e colher frutos disso, uma vez que 2014 é ano eleitoral.

— O que a gente espera é que rapidamente a gente possa acabar com esse movimento. E nós estamos tratando isso com muita seriedade. Buscamos uma solução para essa crise.

Em nota oficial divulgada à imprensa no início da tarde, o governador Agnelo Queiroz afirmou que "Brasília não será refém do medo" e repudiou a Operação Tartaruga.

— A categoria tem todo o direito de reivindicar. O que não pode é colocar em risco a vida da população. O Governo do Distrito Federal vai tomar todas as medidas necessárias para que Brasília não se torne refém do medo.

http://noticias.r7.com/distrito-federal/violencia-dispara-no-df-apos-dois-meses-de-operacao-tartaruga-da-pm-30012014

Operação tartaruga – punições à vista, negociação não.


Excessos apurados
Antes tratada nos bastidores, a queda de braço entre praças e oficiais se tornou pública com a intensificação da Operação Tartaruga. Após a ousada ação de espalhar faixas e outdoors pela cidade incitando policiais e bombeiros a não trabalharem, veio a primeira resposta firme do alto escalão. Ontem, a Casa Militar e o Comando da PM determinaram a abertura de um Conselho de Disciplina para apurar a conduta do vice-presidente da Associação de Praças (Aspra), sargento Manoel Sansão.
Ele admitiu o financiamento de material com insultos ao GDF e, desde o início do ano, inflama a tropa a fazer corpo mole no atendimento.Chefe da Casa Militar, o coronel Rogério Leão classificou como “desmando” a atitude das lideranças. “A demanda da categoria é legítima. No entanto, não podemos tolerar o desrespeito à população”, disse o oficial, destacando que o diálogo continua aberto. “A discussão deve ser pautada no campo do diálogo, e isso é o que as partes estão buscando. Medidas que visam insurgir contra a sociedade como as que pregam o caos serão investigadas e seus autores, punidos”.
A Corregedoria da PM também iniciou um trabalho para levantar todas as mensagens divulgadas por policiais em redes socais, sites e blogs. Além disso, entrevistas de líderes aos meios de comunicação são avaliadas. Tudo será compilado e servirá de base para a abertura de sindicância ou de inquérito. O órgão ainda avalia a situação de 10 PMs suspeitos de, em março e abril de 2012, ápice da primeira Operação Tartaruga, terem extrapolado os limites. “É possível que alguns policiais desse evento também tenham envolvimento com os recentes atos”, afirmou o chefe da Corregedoria, coronel Civaldo Florêncio.
Apesar das sanções, Sansão diz desprezar as atitudes dos oficiais. “Não respeito decisão de coronel. Que crime eu estou cometendo em cobrar que o governador cumpra as suas promessas?”, questionou.
Fonte: Correio Braziliense/cidades/Via http://www.jabasta.com.br/?p=5013#more-5013/29/11/2014

Policiais festejam violência e incentivam a omissão: "que vire um inferno"

Policiais festejam violência e incentivam a omissão: "que vire um inferno"Integrantes de comunidade formada por militares usam as redes sociais para insuflar a Operação Tartaruga e incentivar os colegas a atrasar o atendimento das ocorrências. Secretário de Segurança admite preocupação com o aumento da violência         
 
Outdoor, como o colocado no Paranoá, foi fixado em quatro cidades: cobrança contra o governo, mobilização por reajuste salarial e chamado para assembleia geral de policiais e bombeiros em 13 de fevereiro (Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)
Outdoor, como o colocado no Paranoá, foi fixado em quatro cidades: cobrança contra o governo, mobilização por reajuste salarial e chamado para assembleia geral de policiais e bombeiros em 13 de fevereiro

Policiais militares têm comemorado, em troca de mensagens na internet, a escalada da violência no Distrito Federal, em especial no Plano Piloto e nos lagos Sul e Norte. Eles destacam os recentes assaltos à mão armada em casas e ao comércio. Torcem para que a situação piore. E insuflam os colegas a deixarem de atender ocorrências e até a faltar ao trabalho apresentando atestados médicos, mesmo sem qualquer doença ou lesão. Tudo para fortalecer a Operação Tartaruga, deflagrada há dois meses. Pretendem, por meio dela, aumentar a sensação de insegurança na sociedade e pressionar o governo a dar aumento salarial e outros benefícios à categoria, detentora do segundo maior vencimento do país e das melhores condições de trabalho, incluindo equipamentos e escalas de serviço e folga.

O Correio teve acesso a um grupo de discussão em uma rede social formado apenas por quem se diz PM ou bombeiro do DF. Nele, aparecem comentários agressivos daqueles que deveriam zelar pelo bem-estar do cidadão brasiliense. Alguns não economizam nas ameaças e nas agressões verbais, principalmente a quem vive nas áreas mais nobres. “Este pessoal da Asa Sul, Asa Norte, Sudoeste, Lago Sul e Norte só sabem (sic) cobrar trabalho da PM, por que não cobram também um salário digno ao policial, um plano de carreira decente, que motive o PM a trabalhar??? Quero mais é que vire um inferno Brasília, f…-se estes bacanas do Plano!”, ataca um internauta, sob o pseudônimo Xingu.

O mesmo internauta incentiva os militares a apresentarem atestados de saúde falsos para faltar ao trabalho e, assim, diminuir o contingente nas ruas. “Eu continuo na minha operação tartaruga particular. (sic) esta semana mesmo meto mais 30 dias de atestado.” Outro, identificado somente como “A Cara da PM”, destaca os casos recentes de roubo no Plano Piloto. Diz que, só assim, os militares conseguiram o que querem: “…Tartaruga forte no Plano Piloto, só assim venceremos…”. Outro anônimo, que assina apenas como “?????????”, festeja o caso de um homem de 23 anos baleado duas vezes na barriga durante um assalto a uma loja, em um posto de combustíveis, na 307 Sul, em 19 de janeiro.

PMs e bombeiros também criam sites para difundir a Operação Tartaruga, atacar a sociedade e afrontar o comando. Um deles, intitulado Rede Democrática PM e BM, lançou o projeto Multa zero 2014. Os administradores da página pedem aos colegas policiais para não multarem nenhum motorista até que o GDF ceda e atenda as reivindicações da categoria. Sem multas, defendem os inventores da campanha, os PMs ganham a simpatia da população e pressionam o governo com queda na arrecadação.

Em operação tartaruga, PMs instalam outdoors com cobranças ao GDF

 

Apreensão de armas cai 40%; secretário diz haver previsão de concurso.

 
Não tem condições de apenas pelo GDF resolvermos questões que envolvam aumento salarial da corporação, porque os recursos são oriundos da União, passam por projeto de lei que têm que ser encaminhados ao Congresso Nacional. É algo que é mais complexo, está fora do nosso alcance"
Sandro Avelar, secretário de Segurança Pública do DF
 
Em operação tartaruga, intensificada há dois meses, policiais militares do Distrito Federal instalaram sete outdoors em quatro regiões administrativas durante o fim de semana cobrando do governo isonomia salarial e reestruturação da carreira. O movimento disse que vai colocar mais 11 letreiros e distribuir 40 mil panfletos a partir desta segunda-feira (27). O secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, admitiu que houve queda na produtividade policial e disse que "não tem nada que justifique esse tipo de movimento", porque há "diálogo com o governo." Ele afirmou ainda considerar o termo "operação tartaruga" perjorativo.

"Considero legítimo o desejo de se resolver questões que são importantes para a corporação, mas o meio que tem sido utilizado, reduzindo a produtividade policial e aumentando alguns índices que são importantes para a comunidade, já não posso concordar com isso", disse Avelar. "Agora, é uma corporação que ao longo dos anos vem sendo falsamente estigmatizada como a mais bem paga do Brasil e essa realidade mudou. Não é mais a corporação mais bem paga do Brasil, embora isso não justifique o que tem sido feito no DF."
Outdoor sobre operação tartaruga instalado por militares do DF  (Foto: Eliomar Rodrigues/Divulgação)Outdoor sobre operação tartaruga instalado por militares do DF (Foto: Eliomar Rodrigues/Divulgação)
 
Os equipamentos foram instalados em Samambaia, no Gama, em São Sebastião e no Paranoá e, além de pedir a valorização dos militares, comunicam uma assembleia geral de policiais e bombeiros às 9h do dia 13 de fevereiro, em frente ao Palácio do Buriti, sede do GDF.

Um policial que não quis se identificar disse que os itens foram custeados pelos próprios servidores, que estão depositando quantias em uma conta específica. "Não somos a favor do aumento da criminalidade, mas preciso sustentar minha família."

Ele afirmou ainda que durante a ação a categoria tem cumprido apenas o que é previsto na Constituição Federal. "Com a operação, não fazemos abordagem a carro suspeito, por exemplo, e não preservamos locais de crimes."

Se fizesse a reestruturação, que dá para ser feita ainda este ano, nós já ficaríamos satisfeitos. A isonomia não dá mais tempo neste governo, então não podemos cobrar algo que sabemos que não vai acontecer"
 
Eliomar Rodrigues, cabo da PM
Também atuante no movimento, o cabo Eliomar Rodrigues afirmou que cerca de 90% dos militares estão se sentindo desmotivados. “Outros setores da segurança pública receberam reajuste, a gente não. A gente se sente deixado de lado”, afirma.

Segundo Rodrigues, a mudança do comando da PM não trouxe nenhuma novidade em relação às negociações. O cabo, que está há 14 anos na corporação, afirma que a reestruturação do plano de carreira já deixaria os militares contentes.

“Se fizesse a reestruturação, que dá para ser feita ainda este ano, nós já ficaríamos satisfeitos. A isonomia não dá mais tempo neste governo, então não podemos cobrar algo que sabemos que não vai acontecer”, afirma Rodrigues.

Em entrevista ao DFTV no dia 21 de janeiro, o governador Agnelo Queiroz negou a existência da operação tartaruga. "É muito mais [uma ação] de algumas pessoas, algumas lideranças, que são até candidatas, que estão fazendo um trabalho para prejudicar a Polícia Militar do Distrito Federal e o nosso povo.”

Queda de produtividade e negociações
O secretário afirmou que houve redução de 40% no número de armas apreendidas em dezembro, em relação às médias anteriores. Foram recolhidos 80 equipamentos, contra os cerca de 130 objetos geralmente apreendidos antes.
 
“Você vê [a queda de produtividade] em vários índices: você vê a queda na apreensão de armas de fogo, você vê a queda de recuperação de veículos roubados, você vê na elevação do número de homicídios. Por mais que o perfil das vítimas continue o mesmo, de maioria já envolvido com o mundo do crime, especialmente tráfico de entorpecentes ou vítimas de crime passional, de toda forma quando você tem menor número de armas de fogo circulando você tem uma redução também desse tipo de crime”, afirmou.

Queda de apreensão de armas de fogo caiu 40% em dezembro em relação às médias dos meses anteriores, diz GDF
 
Avelar disse estar negociando alguns pontos com a corporação, mas afirmou que a reestruturação “envolve uma série de questões que têm que ser trabalhadas com tempo” e que o aumento salarial não depende do governo local.

“Não tem condições de apenas pelo GDF resolvermos questões que envolvam aumento salarial da corporação, porque os recursos são oriundos da União, passam por projeto de lei que têm que ser encaminhados ao Congresso Nacional. É algo que é mais complexo, está fora do nosso alcance.”
De acordo com o secretário, há previsão para concurso para as polícias Militar e Civil ainda neste ano. Atualmente, o DF tem 15 mil PMs e 6 mil bombeiros.

“Troco na Copa”
Em imagens gravadas no dia 5 de dezembro, durante um café da manhã dentro do 11º Batalhão de Polícia Militar, em Samambaia, um sargento diz ao secretário de Segurança que, caso a categoria não seja contemplada com reajuste salarial, os PMs “darão troco” na Copa do Mundo de 2014. Na época, a pasta não comentou o vídeo e o comando da corporação diz que estava avaliando as informações.
 
"A Copa do Mundo 'tá' vindo aí. E eu vou falar para o senhor, em nome de nossa categoria, é a nossa vontade. Se a Polícia Militar não for contemplada, como outros órgãos da Segurança Pública foram contemplados, o troco nós vamos dar na Copa do Mundo. O senhor secretário leve essa mensagem [ao governador Agnelo Queiroz]", diz o sargento na gravação.

Segundo Avelar, a gravação ocorreu de maneira "clandestina". "Era uma conversa informal, que foi sendo noticiada como um ato unitateral", disse. "O sargento em uma conversa informal, expondo o ponto de vista dele. Eu também expus o meu, usando muito mais tempo que ele".

O secretário disse ainda discordar da exposição do vídeo. "O que acho ilegítimo e acho covarde é filmar e divulgar somente um trecho, criando um fato falso", falou. "A gente está trabalhando para poder justamente resolver essas situações de maneira civilizada, negociada, para que a gente não tenha problema na Copa do Mundo."

Em novembro, um tenente-coronel do 21º Batalhão da PM, em São Sebastião, ordenou que os policiais não aguardassem mais a chegada da perícia em locais de crimes cometidos na região. De acordo com ele, a decisão segue instruções normativas da Polícia Civil e artigos do Código de Processo Penal. Ele alegou ainda “escassez de efetivo” e problemas no relacionamento entre os militares e os agentes da 30ª DP.

G1

Polêmica sobre correção do FGTS divide juristas e deve parar no STF

 

Saldo hoje é corrigido pela TR e estaria sofrendo perdas desde 1999.
Decisão anterior do Supremo abriria brecha para reajuste maior.

Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de março do ano passado, que considerou a TR (Taxa Referencial) inapropriada para corrigir perdas inflacionárias de papéis emitidos pelo governo, abriu caminho para a revisão dos saldos também do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) calculados desde agosto de 1999. Diante dessa possibilidade, inúmeros trabalhadores brasileiros começaram a buscar a Justiça em busca da correção, mas não há garantia de que eles possam ser bem sucedidos.

A questão é polêmica e deve se arrastar por um longo período. Segundo a Caixa Econômica Federal, operadora do FGTS, 29.350 ações já chegaram à Justiça, em primeira instância. A instituição defende o reajuste atual e promete recorrer de qualquer decisão contrária à correção do saldo pela TR. Entre recursos e mais recursos, a confusão deve ser resolvida apenas no STF.

Ministros do STF e outros juristas ouvidos pelo G1 se dividem sobre o que vai acontecer. Todos preveem, de qualquer forma, uma batalha jurídica por causa da posição adotada pela Corte em relação aos precatórios (títulos de dívidas que o governo emite para pagar quem vence na Justiça processos contra o poder público). Esses papéis, assim como o FGTS, também eram corrigidos pela TR, mas o Supremo decidiu em março de 2013 que o índice não pode ser usado para repor perdas da inflação.

Efeito cascata
O ministro aposentado do STF Carlos Ayres Britto, ex-presidente da Corte, participou do julgamento dos precatórios e votou contra o uso da TR para atualizá-los. Ao G1, ele afirmou acreditar que o entendimento do tribunal não pode ser “generalizado”, pois isto poderia gerar um “efeito cascata”.

Para Ayres Britto, o Judiciário precisa analisar individualmente a legislação que rege o FGTS para verificar se o índice é adequado ao fundo. “Para cada instituto jurídico, é preciso haver uma análise individualizada. Pode haver um efeito cascata, então tem que examinar o regime constitucional, o regime da correção monetária atinente a cada instituto”, ressaltou.

Para o atual ministro do STF Marco Aurélio Mello, no entanto, o entendimento do tribunal no julgamento dos precatórios, de que a TR não é adequada para compensar as perdas inflacionárias, pode, sim, ser aplicado em ações que envolvam FGTS. “A premissa é a mesma, porque se o Supremo proclamou que a TR não reflete a inflação do período (de 1999 a 2014) isso se aplica a outras questões jurídicas, como o Fundo de Garantia."
 
Na linha do que acredita Marco Aurélio Mello, trabalhadores obtiveram uma vitória inédita contra a Caixa em três ações na Justiça Federal do Paraná (2ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Foz do Iguaçu). O juiz de primeira instância Diego Viegas Veras aplicou a interpretação do Supremo e fixou o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) como parâmetro para o reajuste do fundo. A sentença foi promulgada no dia 15 de janeiro.

Outro ministro do STF ouvido pelo G1, mas que não quis ter o nome citado, disse acreditar que o posicionamento atual do tribunal “preocupa”, pois pode repercutir em vários casos de cobrança que envolvem o poder público, podendo gerar prejuízos financeiros para o Estado.

“Temos que esperar o posicionamento final da Corte, pois ainda julgaremos recursos, os embargos de declaração. Acho que essa decisão é uma das piores já produzidas. Se o Supremo mantiver a posição de que a TR não é aplicável, ela vai repercutir, sim, em outros casos, inclusive no FGTS”, disse o ministro.

"Cada juiz vai decidir como quiser"
O advogado Ives Gandra, especialista em Direito Tributário, acredita que a posição do Supremo em relação aos precatórios é aplicável ao FGTS. Ele destacou, porém, que como o tribunal não adotou posicionamento específico para a correção do Fundo de Garantia, possivelmente haverá uma profusão de decisões variadas na primeira instância até que o tema chegue à mais alta corte do país.

“A proibição da TR como base de correção dos precatórios vai repercutir nas ações do FGTS. Agora, enquanto não há jurisprudência específica, cada juiz vai decidir como quiser. Evidentemente que o entendimento deve afetar as decisões das instâncias inferiores, que têm, sim, fundamento para considerar o IPCA o referencial de correção mais adequado”, destacou o jurista.

Na visão de Ives Gandra, o poder público não pode corrigir o FGTS e os precatórios com base em referencial menor que a perda inflacionária. “É preciso respeitar o princípio da isonomia.”

Outro especialista em Direito Tributário, o advogado Pedro Teixeira Siqueira diverge da interpretação de Ives Gandra. Ele defende que a decisão da Suprema Corte no caso dos precatórios não pode ser aplicada em ações que não envolvam débitos com a União.

Siqueira destacou que os precatórios são débitos “líquidos e certos” dos contribuintes com o poder público e que o atraso no pagamento, neste caso, não pode penalizar o credor. No entanto, para o especialista, o entendimento não se aplica ao FGTS, porque o fundo seria apenas uma espécie de “poupança”, não um débito que precisa passar por correção monetária.

“No caso do FGTS, por outro lado, a lógica desenvolvida naquele julgamento parece não se aplicar. Isso porque o FGTS não é mais do que uma poupança compulsória dos trabalhadores, de forma a socorrê-los em períodos de necessidade, devidamente previstas em lei. Tendo em vista a segurança da aplicação financeira e sua proximidade com a própria caderneta de poupança, não nos parece que a correção de seu saldo pela TR represente qualquer tipo de ilegalidade/inconstitucionalidade”, justificou o advogado tributarista.

Perdas
Pela legislação, o saldo do Fundo de Garantia é corrigido pela TR – índice usado para atualizar o rendimento das poupanças – mais juros de 3% ao ano. No entanto, a TR, que foi criada em 1991 e é definida pelo Banco Central, começou a ser reduzida paulatinamente e, desde julho de 1999, passou a ficar abaixo da inflação, encolhendo também a remuneração do FGTS. Em 2013, por exemplo, a taxa acumulada foi de 0,19%, enquanto a inflação do país, calculada pelo IPCA, fechou o ano em 5,91%.
Segundo o Instituto FGTS Fácil, organização não governamental que auxilia e recebe reclamações de trabalhadores, o uso do atual indicador resultou em perdas acumuladas de até 101,3% desde 1999, e R$ 201 bilhões deixaram de ser depositados no período nas contas de cerca de 65 milhões de trabalhadores.

De acordo com cálculos do FGTS Fácil, o rendimento dos saldos no fundo de garantia nos últimos 15 anos foi de 99,01%, ao passo que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado como referência em questões trabalhistas pelo governo, acumulou variação de 157,12%.

Dentro dessa lógica, um trabalhador que tinha em junho de 1999 um saldo de R$ 10 mil no FGTS, por exemplo, teria acumulado uma perda de mais de R$ 20 mil.

Segundo a entidade, todo trabalhador admitido ou com saldo no FGTS a partir de 10 de agosto de 1999, mesmo que já tenha sacado posteriormente seu FGTS, teve perdas com os expurgos da TR.

Governador do DF reúne cúpula de segurança após onda de violência

 

Encontro durou cerca de 3 horas; ao final, ninguém falou com a imprensa.
Outra reunião foi marcada para essa sexta (31) com alto escalão da PM.

 
Governador Agnelo convocou a reunião com a cúpula de segurança na noite desta quinta-feira (30) no Palácio do Buriti  (Foto: Ricardo Moreira / G1.)Governador Agnelo convocou a reunião com a cúpula de segurança na noite desta quinta-feira (30) no Palácio do Buriti (Foto: Ricardo Moreira / G1.)
 
O Governador Agnelo Queiroz (PT) convocou o comitê de segurança nesta quinta-feira (30) à noite para discutir que medidas serão tomadas para conter a onda de violência que atinge diversas regiões no Distrito Federal. Em meio à operação tartaruga deflagrada por policiais militares, a quantidade de homicídios e assaltos aumentou nos últimos meses.

Ninguém quis conversar com a imprensa após a reunião.

A reunião da cúpula de segurança começou por volta das 20h30 no Palácio do Buriti e contou com a presença do secretário de Segurança do DF, Sandro Avelar, integrantes do alto escalão da PM e do Corpo de Bombeiros. Com Avelar, Agnelo conversou por cerca de duas horas num dos gabinetes do primeiro andar do palácio.

O secretário de segurança deixou o Buriti de carro, por volta das 22h30. Demais integrantes do comitê de segurança e o governador saíram cerca de uma hora depois.

Uma nova reunião foi marcada para esta sexta-feira (31) com integrantes do comando da corporação e da Secretaria de Segurança Pública, para discutir novamente que ações serão tomadas para tentar conter aumento da violência no DF.
 
Aumento da violência
A um dia do fim do mês de janeiro, o número de homicídios no DF subiu 38,7% em relação ao mesmo mês do ano passado. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, 68 homicídios haviam sido registrados no DF entre o dia 1º e a manhã desta quinta-feira (30), 19 a mais que nos 31 dias do mesmo mês de 2013.

Sem reajuste salarial, PMs do DF deflagraram em outubro uma operação tartaruga, para cobrar reajuste salarial, reestruturação da carreira e pagamento de benefícios aos que estão em atividade e reformados. Eles dizem que só encerram o movimento quando o GDF negociar com a categoria.

“Refém do medo”
Na manhã desta quinta-feira (30), o governador do DF criticou a postura dos PM que aderiram à operação tartaruga. "A Polícia Militar tem todo o direito de reivindicar, o que eles não têm direito é de colocar em risco a vida da população. O GDF vai tomar todas as medidas necessárias para que Brasília não se torne refém do medo", disse Agnelo.

A declaração do governador foi feita durante a inauguração da duplicação de 1,5 quilômetro da DF-451. De acordo com o secretário de Comunicação, André Duda, as recentes notícias de violência, incluindo a morte de um homem em frente ao prédio dele, em Águas Claras, em uma tentativa de assalto, motivaram o comentário.

Leonardo Almeida Monteiro, de 29 anos, voltava da academia e estacionava o carro na porta quando foi abordado por três homens. Testemunhas afirmam que crianças que brincavam no prédio viram a cena e gritaram, para alertá-lo. A vítima tentou correr, mas foi atingida no pescoço.

Julgamento do Mensalão

 

Imagem 1/1000: 31.jan.2014 - O site criado pela família do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, condenado no julgamento do mensalão, conseguiu arrecadar mais de R$ 1 milhão em apenas oito dias para o pagamento da multa imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF), segundo informações divulgadas pelo site nesta quinta-feira (30). O valor ultrapassou em mais de R$ 500 mil a quantia estipulada pela Justiça, que foi de R$ 466,8 mil. O prazo para pagamento da quantia termina nesta sexta (31). Preso em novembro e cumprindo uma pena de 6 anos e 8 meses por corrupção ativa em regime semiaberto, ele trabalha na CUT desde o dia 20 de janeiro, com o salário de R$ 4,5 milSérgio Lima/Folhapress

 

Sindicatos criticam MP que cria novo regime de contratação


 
N/A
MP flexibiliza o trabalho temporário no País
O governo Dilma Rousseff não terá vida fácil para implementar a Medida Provisória (MP) que flexibiliza o trabalho temporário. A medida cria um regime novo de contratação de mão de obra: por 14 dias, até o limite de 60 dias por ano, em todos os setores, em qualquer região do País. Mas dirigentes sindicais reagiram de forma dura à proposta, formulada a partir de demanda do Palácio do Planalto.

Segundo o advogado Otávio Pinto e Silva, especializado na área trabalhista do escritório Siqueira Castro, o governo busca “acenar com medidas para agilizar a contratação de trabalhadores”, ao permitir que esse contrato seja feito sem a assinatura da carteira de trabalho. “Já temos a Lei 6.019, que prevê o trabalho temporário por três meses, então essa nova flexibilização deverá trazer um debate muito grande sobre nosso mercado e a própria CLT”, disse Silva.

O primeiro secretário da Força Sindical e presidente da Federação dos Trabalhadores Químicos de São Paulo (Fequimfar), Sérgio Luiz Leite, afirmou que os planos do governo apenas facilitam a operação de empresas do comércio varejista. “A medida vai tornar precária a situação dos trabalhadores, em especial os comerciários”, disse Leite. A Força Sindical divulgou nota oficial, ontem, também se opondo à “MP do Magazine Luiza”, como a medida é apelidada no próprio governo.

A maior federação de sindicatos de comerciários do País, a Fecomerciários, também apresentou críticas duras ao projeto. Recém filiada à União Geral dos Trabalhadores (UGT), a entidade afirma que o novo regime em preparação pelo governo nasce respaldado na “falsa ideia” de formalização do mercado de trabalho.
 
Estadão Conteúdo
 

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Pedofilia: abusos na infância podem criar agressor na vida adulta

Vítimas sentem nojo de si mesmas, vergonha, culpa e podem desenvolver transtornos sexuais, depressão grave e tendência suicida
 
Mesmo após diversos escândalos, somente no começo deste mês, no Comitê da ONU para os Direitos das Crianças, representantes do Vaticano se pronunciaram sobre casos de pedofilia na Igreja Católica. De acordo com o porta-voz da Santa Sé Federico Lombardi, 400 religiosos foram expulsos do sacerdócio entre 2012 e 2013, mas ainda existem cerca de 4 mil casos em investigação. E fora da Igreja, o quadro geral é também preocupante: em 2013, mais de 3,1 mil casos foram denunciados. 

No Brasil, há apenas uma delegacia dedicada ao crime. O número de abusos sexuais infantis no País, no entanto, vai além do registrado por conta da omissão da denúncia, segundo especialistas entrevistados pelo Terra, e o crime pode criar um círculo vicioso, já que entre as consequências da pedofilia na vida adulta estão transtornos sexuais, depressão e até a repetição do assédio em outras crianças.

Só no Rio de Janeiro, três crianças a cada 10 minutos são vítimas de pedofilia
Maura de Oliveiravítima, pesquisadora e ativista

Maura de Oliveira foi vítima de pedofilia e passou 10 anos sofrendo violência sexual, dos seis aos 16 anos, na casa da família adotiva onde vivia. De acordo com ela, só no Rio de Janeiro, três crianças a cada 10 minutos são vítimas de abuso sexual. “Eu fui criança de rua até os seis anos no Rio de Janeiro. Nunca sofri violência nas ruas, mesmo tendo que comer lixo para sobreviver, mas nessa casa passei a ser abusada pelo patriarca da família, um comerciante que tinha cerca de 60 anos”, relatou. Segundo ela, em 90% dos casos, o pedófilo é conhecido da criança e dos parentes, o que torna ainda mais difícil a denúncia. Com a criminalização da pedofilia – a pena vai de oito a 15 anos de prisão – “os próprios familiares impedem a vítima de denunciar”, disse a ginecologista e coordenadora do Grupo de Apoio à Vítima de Violência Sexual (GAVVIS) Valéria Batista.

Mari Araújo se lembra até hoje de como foi ignorada quando pediu ajuda. A primeira vez que foi abusada, por uma tia, estava com três anos: “não tinha a mínima noção do que estava acontecendo”. Depois que o pai morreu, Mari tinha nove anos, passou a ser abusada pelo padrasto e devido às ameaças verbais e com arma de fogo, ela entendeu que aquilo tudo era errado. “Após minha mãe se divorciar, tivemos que aceitar um pensionista: ele se tornou meu abusador até os quatorze anos”, relatou. “Me sentia humilhada. Não tinha coragem de me expor, tinha muito medo e vergonha”, acrescentou.
 
Depoimento de Mari Araújo - vítima de pedofilia dos 3 aos 14 anos
Fui abusada pela primeira vez aos três anos por uma tia, eu não tinha a mínima noção do que estava acontecendo. Morávamos em um sítio e os abusos aconteceram até eu completar cinco anos, quando mudamos para outra cidade.
 
Logo após a morte do meu pai, quando estava com nove anos, passei a ser abusada pelo meu padrasto em minha própria casa. Apesar de ainda não saber direito o que estava acontecendo, eu tinha noção de que era errado pois havia ameaças verbal e com arma de fogo por parte dele.
 
Aos onze anos, após minha mãe se divorciar, as condições financeiras ficaram precárias e tivemos que aceitar um pensionista, namorado de uma tia: ele se tornou meu abusador até os quatorze anos. Quando recorri a um adulto, não fui ouvida. Além da violência, me sentia humilhada, porque ele abusava da falta de confiança que os adultos depositavam em mim.
 
Após os abusos da minha tia, eu desenvolvi epilepsia como fuga dos assédios. Ainda tenho epilepsia refrataria devido às convulsões provocadas pelo emocional e lesões causadas no cérebro que hoje aparecem em exames. Eu sabia que os abusos do meu padrasto e do pensionista eram errados, mas não tinha coragem de me expor, tinha muito medo e vergonha.
 
Eu me tornei uma pessoa revoltada, violenta, depressiva e suicida. Além de ser totalmente insegura nos relacionamentos, tinha medo de sexo. Quando tive minha primeira relação sexual com um homem, me tornei ninfomaníaca, pois eu procurava uma forma de me completar que eu não encontrava. Acabei também me envolvendo com uma pessoa do mesmo sexo para tentar preencher o vazio que eu sentia, e então percebi que esse vazio nunca seria preenchido pois o que foi tirado de mim jamais voltaria. Tentei suicidio várias vezes, além de chegar a ser diagnosticada com esquizofrenia devido aos traumas


 As ameaças dos pedófilos vão além. Por serem próximos à família, dizem que farão mal a alguém ligado à criança. Francieli Lima sofreu abusos sexuais do cunhado – marido de sua irmã – dos sete aos 14 anos. O pedófilo não a abordava com violência mas “com voz melosa”. No entanto, quando ela se afastava ele dizia que iria matar toda a família de Francieli. “Matar minha sobrinha no berço sufocada com um travesseiro”, exemplificou. “Me sentia suja, nojenta, um lixo, a gente acha que a culpa é da gente”, contou. De acordo com a psicóloga Gisele Gobbetti, a maior parte das relações é configurada por toques e carícias e ocorre via sedução. Sem entender, muitas vezes “a criança pode gostar e sentir prazer com o ato que, no momento, pode ser vivenciado como afeto”, disse.

A primeira lembrança que tenho, eu tinha seis anos, é de ele me dizendo que todos os pais faziam com suas filhas, mas que era pecado falar sobre isso
Delair Zermianivítima

“A primeira lembrança que tenho, eu tinha seis anos, é de ele me dizendo que todos os pais faziam com suas filhas, mas que era pecado falar sobre isso”, lembrou Delair Zermiani. O pai de Delair começou os abusos sexuais quando ela ainda era um bebê, com menos de dois anos. Aos seis, ela já não era mais virgem. “Meu pai costumava esperar todos dormirem, inclusive eu, me pegava dormindo e me levava para o banheiro. Outras vezes quando saía me levava junto, parava em um matagal deserto, me puxava até o meio do mato, estendia um lençol e me mandava deitar”, contou.

Muitos pais que abusam dos filhos não permitem contato com outras crianças, segundo a coordenadora de programas da Childhood Brasil Gorete Vasconcelos. “Ela imagina que aquilo que acontece com ela, é com todo mundo”, afirmou. É a partir da conversa com outras pessoas da mesma idade que vem o conhecimento e, com ele, a culpa pela relação e os problemas emocionais, explicou Gisele, que também é responsável pelo Centro de Estudos e Atendimento Relativo ao Abuso Sexual. Entre as complicações, citou Gorete, está a confusão da ordem afetiva com a sexual. “A criança busca o adulto para receber carinho e recebe uma invasão ao corpo”, disse.

As consequências de um abuso na infância vão de transtornos sexuais à depressão profunda. Segundo Valeria, 30% das pessoas com tendência a suicídio sofreram assédio sexual na infância. A psicóloga e psicoterapeuta Cintia Liana Reis de Silva disse que a pessoa “perde o sentimento de existir, pela força de renunciar a sentir dor”. Perturbações sexuais – como frigidez, asco, medo, compulsão sexual e masturbação compulsiva –, uso abusivo de drogas e álcool, obesidade, dores e infecções ginecológicas constantes são outras consquências possíveis. Mari desenvolveu epilepsia como fuga dos assédios.
 
Vítimas que viram pedófilos Um dos sintomas mais perigosos, porém, é a identificação com o abusador e a reprodução do comportamento na vida adulta, disse Gorete. Segundo ela, o abuso sexual na infância é uma das raízes da pedofilia. Cintia afirmou que 80% dos agressores foram vítimas de violência no passado. O problema fica instaurado na família, pela falta de estrutura dos limites e “capacidade de simbolização comprometida”, afirmou  Gisele. “Pesquisas mostram que em 29% dos casos, o abusador é um membro da família, em 60% é um familiar ou amigo e apenas em 11% é um desconhecido”, informou Cintia. O principal agressor, segundo Gorete, é o pai biológico, seguido do padrasto.
 
Delair
 
Meu pai começou a me usar quando tinha menos de dois anos. Nessa idade, o abuso não incluía a penetração, mas outras formas que não deixavam marcas no corpo. Aos seis anos eu já não era mais virgem. Isso foi, por muito tempo, um grande sofrimento para mim, meu sonho era ser virgem.
 
Meu pai costumava esperar todos dormirem, inclusive eu, me pegava dormindo e me levava para o banheiro. Outras vezes quando saía me levava junto, parava em um matagal deserto, me puxava até o meio do mato, estendia um lençol e me mandava deitar. Acontecia também no banheiro da loja da família, na sala durante à noite, em qualquer lugar onde ele se sentisse seguro.
 
A primeira lembrança que tenho, eu tinha seis anos, é dele me dizendo que todos os pais faziam isso com suas filhas, mas que era pecado falar sobre isso. Ele descobriu que eu tinha medo de anão, então, me dizia que anã era a pessoa que deixou o pai ‘fazer’ só até aquela altura, e depois, como castigo, parava de crescer. Como toda criança, eu queria crescer.
 
Se ele percebesse minha resistência, dizia que se eu não deixasse mataria minha mãe e toda a minha família e que a culpa seria minha. Quando eu conseguia escapar, a surra era só uma questão de tempo. Qualquer erro meu (quebrar um copo, não conseguir fazer meu irmãozinho parar de chorar ou derrubar alguma coisa) era um pedido para a violência: ele me batia desmedidamente.
 
Aos 14 anos, eu menstruei. Estava decidida a lutar até morrer, poria um fim naquela história. Entramos em uma luta corporal e, dessa vez, ele estava sem o revólver. Eu estava com tanto ódio que reuni força suficiente para derrubá-lo. Falei que o mataria se encostasse um dedo em mim e que depois contaria para todo mundo o que ele fazia, disse que ou ele me matava ou eu o mataria. Os abusos físicos pararam, mas tudo o que ele podia fazer para me tornar cada vez mais infeliz, fazia.
 
Assim foi até eu casar, aos 23 anos. Quando tornei pública minha história, amigas de infância vinham me dizer que nunca sequer haviam desconfiado. Minha resposta era sempre a mesma: ‘era esse o objetivo’. Tenho pouquíssimas lembranças da minha infância porque vivi anos fazendo esforço para esquecer. Tenho memórias construídas, ou seja, aquelas que meus familiares me contaram que acontecia.
 
Me senti muito culpada por não ter reagido antes e por ter protegido minha mãe quando era ela quem devia ter me protegido. Hoje, quando me perguntam se minha mãe sabia tenho duas respostas: eu sempre acreditei que ela não soubesse e as mães, nesse caso, só tem duas opções: pecam por negligência ou por conivência.
 
 
Meu pai começou a me usar quando tinha menos de dois anos. Nessa idade, o abuso não incluía a penetração, mas outras formas que não deixavam marcas no corpo. Aos seis anos eu já não era mais virgem. Isso foi, por muito tempo, um grande sofrimento para mim, meu sonho era ser virgem.
 
Meu pai costumava esperar todos dormirem, inclusive eu, me pegava dormindo e me levava para o banheiro. Outras vezes quando saía me levava junto, parava em um matagal deserto, me puxava até o meio do mato, estendia um lençol e me mandava deitar. Acontecia também no banheiro da loja da família, na sala durante à noite, em qualquer lugar onde ele se sentisse seguro.
 
A primeira lembrança que tenho, eu tinha seis anos, é dele me dizendo que todos os pais faziam isso com suas filhas, mas que era pecado falar sobre isso. Ele descobriu que eu tinha medo de anão, então, me dizia que anã era a pessoa que deixou o pai ‘fazer’ só até aquela altura, e depois, como castigo, parava de crescer. Como toda criança, eu queria crescer.
 
Se ele percebesse minha resistência, dizia que se eu não deixasse mataria minha mãe e toda a minha família e que a culpa seria minha. Quando eu conseguia escapar, a surra era só uma questão de tempo. Qualquer erro meu (quebrar um copo, não conseguir fazer meu irmãozinho parar de chorar ou derrubar alguma coisa) era um pedido para a violência: ele me batia desmedidamente.
 
Aos 14 anos, eu menstruei. Estava decidida a lutar até morrer, poria um fim naquela história. Entramos em uma luta corporal e, dessa vez, ele estava sem o revólver. Eu estava com tanto ódio que reuni força suficiente para derrubá-lo. Falei que o mataria se encostasse um dedo em mim e que depois contaria para todo mundo o que ele fazia, disse que ou ele me matava ou eu o mataria. Os abusos físicos pararam, mas tudo o que ele podia fazer para me tornar cada vez mais infeliz, fazia.
 
Assim foi até eu casar, aos 23 anos. Quando tornei pública minha história, amigas de infância vinham me dizer que nunca sequer haviam desconfiado. Minha resposta era sempre a mesma: ‘era esse o objetivo’. Tenho pouquíssimas lembranças da minha infância porque vivi anos fazendo esforço para esquecer. Tenho memórias construídas, ou seja, aquelas que meus familiares me contaram que acontecia.
 
Me senti muito culpada por não ter reagido antes e por ter protegido minha mãe quando era ela quem devia ter me protegido. Hoje, quando me perguntam se minha mãe sabia tenho duas respostas: eu sempre acreditei que ela não soubesse e as mães, nesse caso, só tem duas opções: pecam por negligência ou por conivência.

Sexo no mundo infantil
Os casos de abuso sexual atingem homens e mulheres - com maior incidência entre sete e 12 anos -, assim como é praticado por pedófilos de ambos os sexos. Gisele afirmou que embora as estatísticas mostrem que a maioria dos abusos envolvam pessoas do sexo feminino como vítimas e do sexo masculino como agressores, os meninos têm mais dificuldade em denunciar e sofrem mais discriminação dirante da situação, por isso muitas ocorrências não são denunciadas. Uma das brechas que a criança dá que algo está acontecendo de errado é a reprodução dos atos sexuais nas brincadeiras com outras crianças na escola, disse Gorete.

“Muitas vezes acontecem problemas de agitação, gestos repetidos com a boneca, adiantamento no desenvolvimento sexual para idade, comprometimento no rendimento escolar e a não permissão pelo pai de que outras crianças visitem a vítima”, enumerou Valéria. Além de a criança sentir vergonha, medo e sofrer ameaças para não relatar o abuso, existem casos em que a mãe é conivente, foi abusada na infância ou fecha os olhos para a questão, afirmou Valéria. “Quando me perguntam se minha mãe sabia tenho duas respostas: eu sempre acreditei que ela não soubesse e as mães, nesse caso, só tem duas opções: pecam por negligência ou por conivência”, declarou Delair.

 
Depoimento de Maura de Oliveira - vítima de pedofilia dos 6 aos 16 anos
AFP
Eu fui criança de rua até os seis anos no Rio de Janeiro, quando fui levada por uma família. Nunca sofri violência nas ruas, mesmo tendo que comer lixo para sobreviver, mas nessa casa passei a ser abusada pelo patriarca da família, um comerciante que tinha cerca de 60 anos. Eu era uma serviçal da casa. Quando completei 10 anos, surgiu mais um pedófilo, o genro do patriarca, um dentista. Isso durou até os meus 16 anos.
 
A mulher da casa me violentava ainda mais por saber que ele abusava de mim sexualmente, nenhum membro da família me protegeu. Essa mulher era assistente social e, para manter as aparências, eu frequentava a escola. Era o maior sonho da minha vida e, para poder ir, eu levantava 4h da manhã para fazer os serviços domésticos.
O dentista foi transferido para o Rio Grande do Sul e aos 10 anos me mudei para lá. Deixei para trás um pedófilo, mas ganhei outro. Fiquei lá dos 10 aos 13 anos. Eu cresci, fiquei comprida, com corpo de mocinha e isso piorou a violência que eu sofria do dono e da dona da casa. Comecei a amarrar meus seios para eles não aparecerem, depois que li uma obra do Jorge Amado.
 
Na escola, eu era a melhor aluna, pulei séries e aos 13 anos estava cursando o magistério. A pedofilia acontecia diariamente. Fomos transferidos para o Acre e decidi que conquistaria minha liberdade. Comecei a participar de concursos e ganhar um dinheirinho. Juntei todo o dinheiro que pude, pois queria ser ouvida juridicamente aos 16 anos. Procurei o presidente da OAB e pedi que fosse meu advogado. Relatei toda a violência física, mas não a sexual, mas ele como era experiente percebeu que tinha algo a mais, investigou e eu acabei contando que era abusada sexualmente. Fui tirada da casa e conquistei minha liberdade.
 
Foram 10 anos de sofrimento, hoje tenho 45, mas consigo detalhar como era cada pedófilo, tamanha era minha dor. Aos 37 anos, lancei meu livro chamado Menina de Ontem. De 2007 até o ano passado viajei por Estados e países trabalhando na reconstrução da vida de pessoas abusadas. Em julho, vou lançar um livro com historias das pessoas que conheci, Anjos na Escuridão, e tenho também uma ONG chamada Life.

Tratamento
O primeiro passo, indicou Cintia, é incentivar a quebra do silêncio. É preciso relembrar todo o ocorrido, para resignificar os acontecimentos e admitir os estragos, falar sobre o trauma é parte do tratamento. O acompanhamento psicológico é fundamental para explicar que uma pessoa sexualmente abusada nunca é culpada e incentivá-la a reconstruir a vida. A culpabilidade, ainda de acordo com Cintia, deve ser substituída por sentimento de cólera em relação ao abusador. “No próximo passo a vítima deverá progressivamente renunciar às suas atitudes autoprotetoras para provar de novo a alegria de amar”, disse.

Existem grupos de atendimento e apoio às vítimas de abuso sexual, como o EVAS, que prima pelo anonimato do participante, ajuda no tratamento psicológico e fornece palestras para a conscientização da sociedade. A maioria das frequentadoras é mulher entre 20 e 30 anos. O GAVVIS tem atendimento multidisciplinar, parceria com o CAPEs, delegacia da mulher, Conselho Tutelar e abrigos. “Inclui seis consultas para diminuir o estresse traumático. Encaminhamos essas crianças e adultos, quando precisam de acompanhamento de longo prazo, para clínica de psicologia da Unitau”, disse Valéria.

O CEARAS oferece atendimento em saúde mental a famílias que tenham envolvimento em denúncia judicial referente ao abuso sexual praticado entre seus membros e faz a articulação entre saúde mental e Justiça, definiu Gisele. A instituição Childhood Brasil incentiva a psicoterapia para a criança, a família e o agressor. Segundo Gorete, cumprir pena não evita a reincidência. “Apoiamos estudos e desenvolvemos uma metodologia de atendimento com referência à psicanálise”, acrescentou.

 
Depoimento de Francieli Lima - vítima dos 7 aos 14 anos
Os abusos começaram quando eu estava com sete anos, o primeiro que eu me lembro foi no trajeto para um casamento e na festa. Meu cunhado, marido da minha irmã, abusou de mim até os 14 anos. Ele começava a falar com voz melosa e a me tocar, se eu me afastasse ou pedisse para parar, imediatamente ele começava a ameaçar matar toda a minha família - ele ameaçava matar minha sobrinha no berço, com travesseiro – e, com medo, eu acabava cedendo.
 
Geralmente eu ia à casa da minha irmã para ajudá-la nos serviços domésticos e a preparar as festas de aniversário dos meus sobrinhos. As datas de aniversário deles são lembranças muito dolorosas para mim. Os preparativos começavam uma semana antes da festa e eu passava uma semana inteira sendo abusada todas as noites. Me sentia suja, nojenta, um lixo, a gente acha que a culpa é da gente.
 
Eu seria outra pessoa se isso não tivesse acontecido. A pessoa abusada não têm autoestima, amor próprio, vontade de viver, ambições profissionais, pessoais ou financeiras. A obesidade também é outro fato: na vida adulta, comia muito para engordar e ficar feia, tentando diminuir o desejo dele e de todos os homens em geral.
 
A sexualidade é outro fato que fica bem complicado, como a gente não se sente merecedora de amor de outra pessoa, acaba se entregando ou à promiscuidade ou se nega ao sexo, enfrentando ele como um suplício. Somente após muita conversa com meu marido consegui me libertar sexualmente, me permitir gostar de sexo e ter prazer.
 

 

 
 
 

Em resposta a João Paulo, Barbosa diz que condenados devem ficar no ostracismo

 

Presidente do STF afirma que não vai 'ficar de conversinha com réu', mas critica imprensa por abrir espaço e entrevistar envolvidos em casos de corrupção

 

LONDRES - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, criticou nesta segunda-feira, 27, o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), condenado pelo mensalão. Para o magistrado, "condenados por corrupção devem ficar no ostracismo" e não ter espaço em "páginas nobres" de jornais. As declarações, feitas em sua chegada a Londres, foram uma resposta ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, que em entrevista publicada no domingo disse que o magistrado fez um "gesto de pirotecnia" ao decretar sua prisão no início de janeiro, mas não assinar o mandado.

As declarações de João Paulo foram feitas ao jornal Folha de S. Paulo no domingo. "Excluindo a falta de civilidade, humanidade e cordialidade do ministro, foi um gesto de pirotecnia", disse o deputado, referindo-se à decisão tomada por Barbosa no dia 6, véspera de suas férias, quando ele decretou a prisão, mas não assinou o mandado - segundo o magistrado, por falta de tempo hábil.

Nesta segunda Barbosa foi incisivo em sua crítica. "Esse senhor foi condenado pelos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal. Eu não tenho costume de dialogar com réu. Eu não falo com réu", disse, reiterando: "Não faz parte dos meus hábitos, nem dos meus métodos de trabalho ficar de conversinha com réu."

A seguir, o magistrado criticou a imprensa, sem citar nomes de publicações, por entrevistar os condenados. "A imprensa brasileira presta um grande desserviço ao país ao abrir suas páginas nobres a pessoas condenadas por corrupção. Pessoas condenadas por corrupção devem ficar no ostracismo. Faz parte da pena", entende. "A imprensa tem de saber onde está o limite do interesse público. A pessoa, quando é condenada criminalmente, perde uma boa parte dos seus direitos. Os seus direitos ficam hibernação, até que ela cumpra a pena."

Para Barbosa, entrevistas como a concedida por João Paulo Cunha passam uma imagem errada dos condenados. "No Brasil, estamos assistindo à glorificação de pessoas condenadas por corrupção à medida que os jornais abrem suas páginas a essas pessoas como se fossem verdadeiros heróis", argumentou.

Na sexta-feira, o advogado de João Paulo, Alberto Toron, já havia atacado o presidente do STF por sua decisão de decretar a prisão sem assinar o mandato. "É o fim da picada. Eu acho que não tem que dizer muito mais do que isso. E ele confortavelmente dando seu rolezinho em Paris", disse ele, referindo-se à viagem de Barbosa por Paris e Londres, onde, em meio a suas férias, teve compromissos oficiais. Então o magistrado respondeu: "Um advogado vir a público fazer grosserias preconceituosas contra um membro do Judiciário que julgou seu cliente é prova de um déficit civilizatório".

A troca pública de farpas com o deputado faz parte da controvérsia sobre a não expedição do mandado de prisão. Outro viés da polêmica foi a postura dos ministros que sucederam Barbosa na presidência interina do STF. Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski não assinaram o mandado de prisão por não considerarem a medida de acordo com o regimento interno do supremo e por não verem a urgência no caso.

Barbosa chegou a Londres no início da tarde de hoje. Ainda hoje, tinha previsto em sua agenda um encontro a portas fechadas com o parlamentar Kenneth Clarke, ex-secretário britânico de Justiça, e especialista em programas anticorrupção. Sua agenda na capital se estende até a quarta-feira, quando vai palestrar no tradicional Kings College.

Antes chegar à Inglaterra, o presidente do STF passou cinco dias em Paris, onde discursou no Conselho Constitucional - espécie de supremo francês. Pelas diárias na Europa, que misturaram compromissos oficiais com férias, o STF previu um total de R$ 14 mil em diárias de viagem.

http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/em-resposta-a-jo%c3%a3o-paulo-barbosa-diz-que-condenados-devem-ficar-no-ostracismo

Lewandowski anula punição e pede urgência para trabalho de Dirceu

Presidente interino do Supremo afirma que não há provas de que ex-ministro usou celular na prisão e que pedido deve ser analisado 'observada a urgência das normas constitucionais'

 

  1. Brasília - (atualizado às 21h56) O presidente interino do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, determinou nesta quarta-feira, 29, à Vara de Execuções Penais do Distrito Federal que analise com urgência o pedido de trabalho externo feito pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, preso em Brasília desde novembro após ter sido condenado no processo do mensalão.
  2. Assim, Lewandowski tornou sem efeito despacho assinado na semana passada pelo juiz Mario José de Assis Pegado, que ordenou a suspensão por pelo menos 30 dias da análise de pedido de autorização para que Dirceu comece a trabalhar num escritório de advocacia em Brasília.

  3. A decisão do juiz da Vara de Execuções Penais tinha sido tomada para que fossem refeitas as apurações da suspeita de uso de um celular por Dirceu dentro do presídio. De acordo com Pegado, se o fato fosse verdadeiro, seria uma falta disciplinar grave, impossibilitando a concessão de benefícios ao condenado.

  4. Na sexta-feira, os advogados de Dirceu recorreram ao STF, que está em recesso. Relator do processo do mensalão e presidente do Supremo, Joaquim Barbosa está em férias na Europa. A responsabilidade por decidir os pedidos urgentes está nas mãos de Lewandowski, que trabalhou como revisor na ação do mensalão, discordou em vários pontos do relator e chegou a votar a favor de absolvições, inclusive de Dirceu.

  5. Tomada a menos de uma semana do retorno das atividades do plenário do tribunal, a decisão de Lewandowski deve se tornar um novo componente na relação já conflituosa entre ele e o presidente do STF. Em férias na Europa, na semana passada Barbosa criticou, sem citar nomes, Lewandowski e a ministra Cármen Lúcia. No plantão de janeiro, ambos preferiram não assinar o mandado de prisão do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), também condenado no processo, alegando que se trata de atribuição do relator.

  6. Antes de viajar, Barbosa declarou encerrado o processo em relação a João Paulo, mas não expediu o mandado de prisão. Depois de mais de um mês de recesso, o plenário do tribunal voltará a se reunir na segunda-feira.

  7. Encerrado. No despacho de desta quarta, Lewandowski atendeu ao pedido dos advogados de Dirceu e disse que os elementos de prova à disposição da Vara de Execuções Penais dão conta de que os setores competentes do sistema prisional do Distrito Federal concluíram, em investigação recente, que os fatos imputados a Dirceu não existiram.

  8. As suspeitas de que Dirceu teria usado um celular na Papuda começaram a ser apuradas após o jornal Folha de S. Paulo relatar o suposto diálogo entre o secretário da Indústria, Comércio e Mineração da Bahia, James Correia, com o ex-ministro em 6 de janeiro, por meio do celular de um amigo em comum. No pedido analisado por Lewandowski, a defesa de Dirceu sustentou que apuração da administração penitenciária concluiu que a notícia sobre o suposto uso do celular era "inverídica e improcedente".

  9. Segundo a defesa, no dia 6, o ex-ministro não recebeu visitas de amigos, parentes ou autoridades. Ele teria conversado apenas com seus advogados.

  10. "Não se pode admitir a adoção de uma decisão cautelar que prejudique os direitos de um cidadão com base em nota de jornal cuja veracidade foi repudiada pelas investigações da administração pública", sustentaram os advogados no requerimento analisado por Lewandowski.

  11. Os presos que cumprem pena no semiaberto, como é o caso de Dirceu, podem pedir para trabalhar fora da cadeia durante o dia. Cinco condenados do mensalão já receberam o benefício.

Delúbio recebe doações feitas para Genoino

Ex-presidente nacional do PT repassou R$ 30 mil para ex-tesoureiro do partido pagar multa da condenação no mensalão
 
São Paulo - Único dos condenados no julgamento do mensalão a conseguir quitar a multa na Justiça até agora, o ex-presidente do PT José Genoino doou R$ 30 mil para a campanha de Delúbio na internet. O dinheiro veio do excedente arrecadado por Genoino em sua campanha, que chegou ao valor de R$ 761 mil , quantia que supera em R$ 93,5 mil sua multa de R$ 667,5 mil.
 
Seguindo a estratégia do ex-presidente da legenda, Delúbio arrecadou em oito dias R$ 415 mil em seu site. O ex-tesoureiro tem até sexta-feira para quitar a multa de R$ 466,8 mil no Supremo, quantia que os militantes acreditam que será alcançada.
 
"Temos que agradecer também o ministro Joaquim Barbosa, que com os excessos e arroubos todos estimulou a militância a comprovar que realmente é diferente a solidariedade com os companheiros", provoca o coordenador do setorial jurídico da sigla, Marco Aurélio Carvalho.
 
Na última segunda-feira, Barbosa chegou a dizer que os condenados no mensalão deviam "ficar no ostracismo". "Pessoas condenadas por corrupção devem ficar no ostracismo. Faz parte da pena", afirmou o presidente do STF durante suas férias em Londres.
 
Quitação. Segundo Carvalho, o restante do dinheiro da campanha de Genoino será utilizado para quitar os tributos envolvendo a arrecadação. A campanha de Genoino contou com cerca de 1.200 doadores, enquanto que na de Delúbio o número deve fechar em cerca de 400. "Na campanha de Genoino foi um número maior de doações de menor volume, mas acredito que, até o encerramento, alcançaremos a mesma proporção de quantia por doadores para Delúbio", diz Carvalho.
 
Além da quantia transferida por Genoino, a página de Delúbio teve contribuições de R$ 5 mil e R$ 10 mil de advogados e juristas. As doações se encerram hoje, um dia antes do prazo final para o pagamento da multa, para garantir que os cheques depositados sejam compensados a tempo.
 
Um grupo de advogados solidários a José Dirceu em conjunto com o setorial jurídico do PT já está organizando a página de doações para o ex-ministro, também condenado e que ainda não teve o valor de sua multa atualizada. A estimativa do partido é de que a multa de Dirceu chegue a R$ 960 mil, mas a Vara de Execuções Penais do Distrito Federal ainda não atualizou o valor e nem determinou o prazo para o pagamento.
 
"Não vamos esperar a multa ser divulgada pela Vara de Execuções Penais, o site já está sendo feito. Assim que Dirceu for notificado vamos colocá-lo no ar", explica Carvalho, lembrando que será necessário um tempo maior para arrecadar a quantia de Dirceu. A expectativa é de que a legenda repita a estratégia de Genoino e, caso a arrecadação de Delúbio exceda o valor da multa, parte da quantia será transferida para o próximo a quitar sua dívida com a Justiça.
 
Em 10 de janeiro, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, chegou a conclamar os militantes do partido a contribuir com doações para Genoino, Delúbio, Dirceu e João Paulo Cunha na página oficial do partido.
 

Reajuste do piso salarial dos professores é confirmado em 8,32%


 
O Ministério da Educação (MEC) informou nesta quarta-feira, oficialmente, o reajuste do piso salarial do magistério. O valor, que é reajustado anualmente, como determina a Lei do Piso (Lei 11.738/2008), aumentará 8,32%, chegando a R$ 1.697.
 
Conforme a legislação vigente, a correção reflete a variação ocorrida no valor anual mínimo por aluno, definido nacionalmente no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) do ano passado, em relação a piso de 2012. O valor é a remuneração mínima do professor de nível médio com jornada de 40 horas semanais.
 
O piso salarial passou de R$ 950, em 2009, para R$ 1.024,67, em 2010, e R$ 1.187,14, em 2011, conforme valores informados no site do MEC. Em 2012, o valor vigente era R$ 1.451 e, a partir de fevereiro de 2013, passou para R$ 1.567. O maior reajuste foi  o de 2012: 22,22%.
 
Além do valor do salário, a lei trata das condições de trabalho, estipulando, por exemplo, jornada de no máximo dois terços da carga horária para o desempenho das atividades de interação com os alunos.

Agência Brasil
    

Advogado espera solução para caso Grazielly ainda este ano

 
 
Grazielly morreu após ser atropelada por um jet ski
Grazielly morreu após ser atropelada por moto aquática
Quase dois anos após a morte de Grazielly Almeida Lames, de 3 anos, atingida por uma moto aquática na Praia de Guaratuba, em Bertioga, o advogado da família, José Beraldo, afirma que o caso deve ser solucionado ainda neste semestre.
 
"A justiça é lenta, mas estou satisfeito com o andamento do caso, porque conseguimos colocar o empresário (o dono do veículo José Augusto Cardoso) no banco dos réus. Isso já foi uma grande conquista e queremos que todos aqueles que procuraram dar fuga, em vez de prestar socorro, sejam responsabilizados", afirma Beraldo.
 
Ainda de acordo com o advogado, há vários processos criminais e cível em andamento, inclusive um contra o Estado de São Paulo, por omissão de socorro. "Ela chegou com vida no hospital. Queremos saber porque demorou quase 45 minutos para ser socorrida".

O advogado cita ainda um processo indenizatório, desta vez eletrônico, contra todos os réus. "Este é principalmente contra o dono do jet ski. Pedimos R$ 12 milhões".

Beraldo afirma que, nesta etapa do processo, "todos os responsáveis estão sentados no banco dos réus". "Nós iremos até as últimas consequências para buscar justiça a essa família".
 
Entre as dificuldades no caso, o advogado da família de Grazielly afirma que o dono da moto aquática estaria dificultando o processo e "evitando ser intimado". "Ele arrumou testemunhas que moram em Manaus e deu um novo endereço de Mogi das Cruzes, mas nós sabemos que ele mora em Suzano em um condomínio fechado. Foi expedida uma carta precatória para que ele se apresente à Justiça", conclui.
 
Audiências
Na terça-feira ocorreu mais uma audiência onde seriam ouvidos o dono da marinha Thiago Veloso Lins, onde a moto aquática passou por manutenção, o dono do veículo, que também é padrinho do adolescente que estava conduzindo a moto e o mecânico Ailton Bispo de Oliveira, mas apenas o este último esteve presente.

No próximo dia 11, o caseiro Erivaldo Francisco de Moura será interrogado. Em dezembro, ele já havia sido intimado pela Justiça, após insistência do Ministério Público e dos advogados da família de Grazielly, mas não compareceu à audiência.

O acidente

O acidente aconteceu no sábado de Carnaval de 2012. De acordo com informações de testemunhas, o veículo era conduzido por uma adolescente de 13 anos em alta velocidade.

O veículo atingiu Grazielly, que brincava na beira d'água perto da mãe. Ela  chegou a ser socorrida, mas não resistiu.  O corpo da menina foi enterrado em Arthur Nogueira, no interior de São Paulo, onde morava com os pais. A garota havia chegado ao litoral um dia antes do acidente, junto com um grupo de dez pessoas, entre parentes e amigos.
 
http://www.atribuna.com.br/cidades/advogado-espera-solu%C3%A7%C3%A3o-para-caso-grazielly-ainda-este-ano-1.363088

Vírus da gripe aviária já foi detectado em 111 pessoas na China

 
Seis novos casos da gripe aviária H7N9 foram detectados nas últimas horas na China, elevando para 111 o número de contágios registrados este ano e que resultaram em pelo menos 20 mortes. O novo vírus foi descoberto pela primeira vez em humanos no ano passado, no Leste da China.

Hong Kong registrou nessa quarta-feira a terceira morte em consequência da gripe H7N9.

Em Macau, apesar de alguns casos suspeitos, ainda não foram detectados casos da doença.

A galinha é muito usada em pratos típicos da gastronomia chinesa. Neste momento, em que o país se prepara para celebrar o Ano Novo Lunar, a maior e mais importante festa das famílias, as autoridades pedem à população que redobre os cuidados para evitar o contágio.
 
Agência Brasil

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Menina de 4 anos denuncia abuso sexual no primeiro dia de aula


O primeiro dia de aula na vida de uma criança é inesquecível. Porém, para uma menina de 4 anos, a data ficará marcada de maneira negativa. Depois de se divertir com os novos amigos, a jovem teria sofrido abuso sexual dentro da escola.

O caso foi registrado no 2º Distrito Policial de Guarujá e as investigações correm de maneira sigilosa. Procurada, a dona do colégio de Ensino Infantil disse que tudo não passou de uma confusão. E que o suposto estupro teria sido cometido por uma outra criança.

”Homem grandão”

O caso foi descoberto pela mãe da vítima logo após a criança chegar da escola. Ao questionar a filha sobre o primeiro dia na escola, ouviu dela o relato do abuso de quem chamou de um “homem grandão”. Com uma colher em punho, a criança mostrou à mãe o foi obrigada a fazer no homem.

Imediatamente, a mãe da criança voltou à escola, mas encontrou os portões fechados. Diante disso, correu para o DP onde registrou boletim de ocorrência de estupro de vulnerável.

O delegado Josias Teixeira de Souza afirmou que o caso está sendo apurado e momentaneamente nenhuma informação será dada.
 
http://www.atribuna.com.br/pol%C3%ADcia/menina-de-4-anos-denuncia-abuso-sexual-no-primeiro-dia-de-aula-1.362913

Acusado de esfaquear duas pessoas na Enseada confessa o crime

 
Capturado sob a suspeita de ter esfaqueado duas pessoas, na Enseada, em Guarujá, na tarde de domingo, Joselito Lima do Nascimento, de 36 anos, confessou o crime. Viciado em drogas, o acusado afirmou à polícia que atacou as duas vítimas porque elas fumaram as suas pedras de crack.

Após a confissão, o delegado Luiz Ricardo de Lara Dias Júnior pediu a prisão temporária de Joselito, mas a solicitação não foi atendida e o acusado posto em liberdade no final da tarde desta terça-feira. A expectativa é de que o pedido seja atendido e a prisão cumprida ainda hoje.

Essa não é a primeira vez que Joselito tem problemas com a Justiça. Na sua ficha de antecedentes criminais, constam algumas passagens por furtos.
http://www.atribuna.com.br/pol%C3%ADcia/acusado-de-esfaquear-duas-pessoas-na-enseada-confessa-o-crime-1.362888

Carreta derruba passarela sobre carros e deixa quatro mortos

 
Pelo menos quatro pessoas morreram e três ficaram gravemente feridas após a queda de uma passarela, por volta das 9h15 desta terça-feira, na Linha Amarela, sentido avenida Brasil, na altura do bairro Pilares, zona norte do Rio. A estrutura desmoronou ao ser atingida pela caçamba de um caminhão. Dois carros foram esmagados pelo equipamento, que mede 4,5 metros de altura.

Testemunhas do acidente disseram que o caminhão basculante, que atingiu a estrutura, trafegava com a caçamba aberta. O tráfego de veículos de carga nos dois sentidos da Linha Amarela é proibido das 6h às 10h, e das 17h às 20h, em dias úteis, segundo a concessionária Lamsa. O caminhão trafegava na pista sentido Ilha do Fundão. Na porta da cabine do caminhão, há adesivos da empresa Arca Aliança e da Prefeitura do Rio.
 
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Segundo testemunhas, caminhão que atingiu a estrutura passou com a caçamba aberta. Passagem era proibida
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), chegou há pouco ao local do acidente, localizado entre as saídas 4 e 5 da Linha Amarela. Segundo ele, é possível que o motorista do caminhão não soubesse que a caçamba estivesse levantada. O motorista ficou ferido no acidente. O prefeito não soube confirmar se a empresa Arca Aliança presta serviço para a Prefeitura do Rio.

Paes confirmou que pelo menos quatro pessoas morreram com a queda da passarela. Segundo ele, um dos feridos foi levado de helicóptero ao Hospital Estadual Alberto Torres, no município de São Gonçalo, na Região Metropolitana.

"Nossa prioridade é prestar atendimento às vítimas para depois liberar a Linha Amarela, que é uma via expressa importante para a cidade", disse Paes.

O Corpo de Bombeiros identificou os quatro mortos no acidente. Adriano Pontes de Oliveira, de 26 anos, caminhava pela passarela no momento em que a passarela desabou. Ele acabou caindo dentro do rio que separa as duas pistas da via expressa. Celia Maria, de 64 anos, moradora de uma comunidade próxima, também estava andando pela passarela. Já Renato Pereira Soares Júnior estava dirigindo o Palio prata que foi esmagado pela estrutura. O quarto morto foi identificado como Alexandre de Almeida. Ainda não há confirmação oficial de que ele seja o motorista do táxi, também atingido pela passarela.
 
De A Tribuna On-line

Governo português contraria versão do Planalto e diz que já sabia da visita de Dilma

 
 
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Dilma teria que parar nos EUA, mas foi a Portugal
Tratada como segredo de Estado pelo Palácio do Planalto, a passagem da presidente Dilma Rousseff por Portugal já estava confirmada e foi comunicada ao governo local na quinta-feira, o que contradiz o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, segundo quem a decisão de parar em Lisboa só foi tomada “no dia da partida” da Suíça, no sábado passado.

Dilma ficou na Suíça, durante o Fórum Econômico Mundial, de quinta-feira a sábado. Seu destino seguinte, segundo a agenda oficial, seria Cuba, onde está hoje. A presidente e sua comitiva porém, desembarcaram em Lisboa, onde passaram o sábado e a manhã de domingo. Jantaram em um dos restaurantes mais badalados da cidade e se hospedaram nos hotéis Ritz e Tivoli - 45 quartos foram usados. Nada foi divulgado à imprensa.

Após o jornal O Estado de S. Paulo revelar o paradeiro de Dilma no sábado, o Palácio do Planalto afirmou que se tratava de uma “parada técnica” não prevista. A versão foi dada primeiro pela ministra Helena Chagas (Comunicação Social), no fim de semana, e reiterada ontem por Figueiredo, em Havana.

Pela versão oficial, o plano era sair da Suíça no sábado, parar nos Estados Unidos para abastecer as duas aeronaves oficiais e chegar a Cuba no domingo. Mas o mau tempo teria obrigado a comitiva a mudar de planos na véspera e desembarcar em Lisboa.

Desde quinta, porém, o diretor do cerimonial do governo de Portugal, embaixador Almeida Lima, estava escalado para recepcionar Dilma e sua comitiva no fim de semana. Joachim Koerper, chef do restaurante Eleven, onde Dilma jantou em Lisboa com ministros e assessores, recebeu pedidos de reserva na quinta-feira.

O chef postou em uma rede social uma foto ao lado de Dilma no restaurante - um dos poucos de Lisboa a ter uma estrela no Guia Michelin, um das mais tradicionais publicações sobre viagens do mundo.

Mal-estar

A divulgação da parada em Lisboa aborreceu Dilma e criou mal-estar quando ela desembarcou em Havana. Ontem, o ministro das Relações Exteriores foi destacado para falar à imprensa sobre o assunto. Primeiramente, repetiu a versão oficial: “Havia duas possibilidades: ou o nordeste dos Estados Unidos, ou parando em Lisboa, onde era o ponto mais a oeste do continente. Viu-se que havia previsão de mau tempo com marolas polares no nordeste dos Estados Unidos. Então houve uma decisão da Aeronáutica de que o voo mais seguro seria com escala em Lisboa”.

Depois disse que cada um dos integrantes da comitiva presidencial que jantaram no Eleven pagou sua própria despesa. “Cada um pagou o seu e a presidenta, o dela, como ocorre em todas as viagens. Foi com cartão pessoal.”

A Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto se limitou a informar que, “por questões de segurança”, “não tece comentários sobre detalhamentos das equipes, cabendo apenas ressaltar que elas são compostas a partir de critérios técnicos e adequadas às necessidades específicas previstas para cada viagem”.

A ida de Dilma a Lisboa só passou a constar da agenda oficial da presidente às 13h50 de domingo, horário de Brasília, quase 24 horas depois de a presidente chegar à capital portuguesa. Naquela hora a presidente já tinha decolado em direção a Havana.

Oposição

Líderes da oposição classificaram o episódio como “mau exemplo” de Dilma. Criticaram o fato de a viagem não ter sido divulgada e o preço do hotel onde a presidente ficou. Na tabela, o pernoite numa suíte do Ritz custa R$ 26 mil. (Colaboraram Andreza Matais, Débora Álvares, Jamil Chade e Vera Rosa, enviada especial a Havana).
 
Estadão Conteúdo