terça-feira, 26 de novembro de 2013

Laudo médico descarta necessidade de regime domiciliar para Genoino

O ex-presidente do Partido dos Trabalhadores José Genoino ao se entregar à Polícia Federal no último dia 15                                     

O ex-presidente do Partido dos Trabalhadores José Genoino ao se entregar à Polícia Federal no último dia 15

O laudo da junta médica que avaliou o deputado licenciado José Genoino (PT-SP), um dos presos pela condenação no julgamento do mensalão, a pedido do STF (Supremo Tribunal Federal), afirma que não "é imprescindível a permanência domiciliar fixa". O parecer servirá de base para o presidente do tribunal, ministro Joaquim Barbosa, decidir se concede em definitivo a prisão domiciliar para ele.
 
A avaliação foi realizada no último sábado (23), em Brasília, por uma junta de médicos indicados pela UnB (Universidade de Brasília) e pelo Hospital Universitário de Brasília, coordenada por Luiz Fernando Junqueira Júnior, e o resultado foi divulgado hoje.
 
O documento diz que Genoino é portador de "cardiopatia que não se caracteriza como grave". Afirma ainda que ele é portador de hipertensão arterial sistêmica "leve a moderada", que deve ser controlada por meio do uso continuado de medicação, aliada a uma dieta com pouco sal e restrição de atividade física pesada. A junta médica afirma que o tratamento deve ser associado à "prática regular de leve a moderada atividade física aeróbica e restrição da influência de fatores psicológicos estressantes", acrescentando que não é "imprescindível, para tanto, a permanência domiciliar fixa do paciente".
 
O laudo observa ainda que ele é portador de "distúrbio de coagulação", que deve ser controlado por meio de exames periódicos para ajustar as doses do remédio. No entanto, reitera mais uma vez que, enquanto Genoino receber o tratamento anticoagulante, não é "imprescindível (...) a permanência fixa do paciente".
 
O relatório traz um breve histórico da saúde de Genoino e da cirurgia pela qual passou em julho. Ressalta que recentemente vivenciou um "intenso estresse emocional" e, desde a sua prisão, "vem apresentando um conjunto de manifestações clínicas sintomáticas, de forte componente psicossomático".
 
O laudo cita, entre as queixas do petista: dor de cabeça, palpitações, tontura, diarréia e constipação intestinal, rouquidão, anorexia e cansaço.
 
Ao ser avaliado pelos médicos no sábado à tarde, Genoino não apresentava nenhum desses sintomas, segundo o laudo, "apenas certa ansiedade, rouquidão e cansaço ao esforço de falar".
 
Na última quinta-feira (21), o deputado, que foi preso no dia 15 de novembro em São Paulo e depois transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, passou mal e foi internado no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal.
 
Após ter sido descartada a hipótese de infarto, o parlamentar foi colocado em prisão domiciliar.
 
O documento foi encaminhado diretamente ao STF, porém não se sabe quando. Joaquim Barbosa poderá enviar o documento para análise da Procuradoria Geral da República antes de definir sobre o pedido ou decidir diretamente sobre o caso.
  
O ex-presidente do PT sofre de problemas cardíacos e passou por um procedimento cirúrgico em julho.
 
Na última quinta-feira (21), após o deputado passar mal na prisão e ser internado no Instituto de Cardiologia do DF, Barbosa deu autorização provisória para o réu se tratar em casa ou no hospital até que a junta médica divulgue um parecer sobre o seu quadro de saúde.
 
Na ocasião, os advogados do petista chegaram a informar que havia suspeita de infarto --o que foi descartado por boletim médico divulgado na sexta-feira (22) pelo Instituto de Cardiologia.
 
O ex-presidente do PT foi condenado a 4 anos e 8 meses de prisão por corrupção ativa --por 9 votos a 1--, e a 2 anos e 3 meses por formação de quadrilha --por 6 a 4. Genoino se entregou à Polícia Federal de São Paulo no dia 15 de novembro, quando as ordens de prisão foram emitidas por Barbosa.

Aposentadoria na Câmara

Além da avaliação que corre a pedido do STF, Genoino entrou com o pedido de aposentadoria por invalidez na Câmara em setembro devido às suas condições de saúde.
 
Ontem, a Câmara dos Deputados realizou uma perícia médica no petista, mas o laudo não tem prazo para ser divulgado.
 
Se a aposentadoria por invalidez não for concedida pela Câmara, Genoino vai passar ainda por um processo de cassação de mandato. Embora a decisão do STF -- que o condenou no processo do mensalão-- inclua a determinação de perda automática do mandato parlamentar, o presidente da Câmara dos Deputados já avisou que vai instaurar processo normal de cassação, que inclui votação em plenário.
 
Henrique Alves disse ainda que o processo para retirar o mandato de Genoino só começará depois que o Senado aprovar a proposta de emenda à Constituição que acaba com o voto secreto dos parlamentares nesses casos. (*Com informações da Agência Câmara)

O julgamento do mensalão no STF                   

26.nov.2013 - Militantes do PT que estavam acampados em frente ao presídio da Papuda em solidariedade aos condenados do mensalão presos no local mudam o local do acampamento e agora protestam próximo à sede do STF (Supremo Tribunal Federal)
 
 
 
 

Piloto preso com cocaína em helicóptero de senador é funcionário da Assembleia de MG

                                 

  • Em operação realizada neste domingo (24), a Polícia Federal do Espírito Santo apreendeu 450 kg de cocaína em um helicóptero da Limeira Agropecuária, empresa do deputado estadual por Minas Gerais Gustavo Perrella (SDD)
    Em operação realizada neste domingo (24), a Polícia Federal do Espírito Santo apreendeu 450 kg de cocaína em um helicóptero da Limeira Agropecuária, empresa do deputado estadual por Minas Gerais Gustavo Perrella (SDD)
O piloto Rogério Almeida Antunes, preso no último fim de semana acusado pela Polícia Federal de tráfico de drogas, é lotado na 3ª Secretaria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) no cargo de agente de serviço de gabinete, com salário de R$ 829,67.
 
Antunes era quem, segundo a polícia, pilotava um helicóptero no qual foram apreendidos 450 quilos de cocaína, em Afonso Cláudio, cidade do interior do Espírito Santo. O aparelho é da Limeira Agropecuária, empresa do deputado estadual Gustavo Perrella (Solidariedade), filho do senador Zezé Perrella (PDT-MG). Além do piloto, que é funcionário da agropecuária, mais três pessoas foram presas durante a operação da Polícia Federal.
 
Nesta segunda-feira (25), em entrevista coletiva concedida em Belo Horizonte, o deputado Gustavo Perrella disse ter tido ciência da apreensão do helicóptero pela imprensa e que não tinha autorizado o uso do helicóptero para o funcionário. Ele afirmou desconhecer se o empregado teria sido coagido para transportar a droga. O parlamentar revelou ainda que um boletim de ocorrência foi feito pela família dele retratando o roubo da aeronave.
 
Já nesta terça-feira (26), a assessoria do parlamentar disse que ele estava em Brasília-DF e somente poderia falar sobre o caso do piloto lotado na assembleia quando retornasse a Belo Horizonte.

Operações da Polícia Federal 68 fotos

15.out.2013 - Um dos três aviões apreendidos pela Polícia Federal nesta terça-feira (15) que seria utilizado para transportar droga entre a Bolívia e o Brasil. A operação "Touro Branco" se refere ao termo utilizado por traficantes para negociar a venda de cocaína sem despertar atenção
 
A 3ª Secretaria tem como titular o deputado Alencar da Silveira Júnior (PDT). De acordo com a assessoria do político, as nomeações para os cargos da estrutura da secretaria são de responsabilidade dos presidentes de comissões da Assembleia. No caso, Gustavo Perrella é presidente da Comissão de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo. Ainda conforme o setor, não há influência do secretário titular nas nomeações.
 
O UOL não conseguiu contato com advogado do piloto. De acordo com a assessoria da Assembleia, Antunes foi nomeado em 12 de março deste ano e ainda tinha mensalmente auxílio alimentação (R$ 400) e auxílio transporte (R$ 200). A exoneração do cargo, a pedido de Gustavo Perrella, será publicada no Minas Gerais, diário oficial do Estado, com data retroativa a partir de hoje.

Sem autorização

Segundo o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro – também conhecido como Kakay e quem representa os interesses de Gustavo Perrella, o piloto utilizou o helicóptero sem autorização da família ou de representantes da empresa. "Ele usou fora do ambiente de trabalho, sem autorização, e ainda para fim absolutamente ilegal", afirmou ontem ao UOL.
 
De acordo com Almeida Castro, Gustavo Perrella estava em Brasília no momento da operação. Kakay disse ainda que o helicóptero costuma ficar estacionado em um restaurante em Belo Horizonte.
 
O advogado afirmou que a família procurou a Polícia Civil para registrar uma ocorrência por apropriação indébita. O defensor disse que o responsável pela operação lhe afirmou que o piloto não foi coagido a transportar a droga e agiu intencionalmente. Almeida Castro já atua como defensor do Cruzeiro e de Zezé Perrella, e esta é a primeira vez que trabalha diretamente para o filho de Zezé.
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Operação da PF apreende 21 toneladas de maconha                     

21.nov.2013 - A Polícia Federal cumpre na manhã desta quinta-feira (21) 18 mandados de prisão e 13 de busca e apreensão decorrentes da operação Mymba Kuera ("pega-bicho" em tupi-guarani). A operação contra uma rede de tráfico de drogas acontece em sete municípios do Paraná. No decorrer da investigação, 33 pessoas foram presas em flagrante e foram apreendidas mais de 21 toneladas de maconha, quase 500 quilos de produto químico utilizado para a diluição de cocaína, mais de 10 mil comprimidos de ecstasy, 69 quilos de crack, 2,5 quilos de haxixe e medicamentos e anabolizantes avaliados em mais de R$ 300 mil .
 
 
 

Banqueiros condenados no mensalão querem trabalhar na cadeia

  
Atraindo bem menos atenção que José Dirceu ou José Genoino, os condenados do mensalão a regime fechado planejam passar o tempo trabalhando na biblioteca da penitenciária da Papuda, lendo e dando aulas de idiomas.
 
Sem visitas de políticos, esses presos têm rotina mais discreta. Condenado por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e evasão de divisas, o ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado começou a cumprir os 16 anos e 8 meses de prisão sozinho em uma cela de seis metros quadrados.
 
Salgado não tem contato nem com outros do regime fechado, como o operador do esquema, o empresário Marcos Valério de Souza. Ele tem a perspectiva de trabalhar na biblioteca da Penitenciária do Distrito Federal 1, área mais nova, arejada e ensolarada.
 
Segundo o advogado Maurício Campos, "ele está ocioso, mas se sentindo seguro". Recebeu visita de familiares e come o marmitex do presídio: carne, arroz, feijão, legumes e salada.
 
Condenada pelos mesmos crimes e à mesma pena, a ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabello está numa cela com Simone Vasconcelos e uma advogada no 19º Batalhão da Polícia Militar, também no complexo. Ela passa o tempo lendo livros e planeja dar aula de inglês e espanhol para outras presas. Recebeu visita do marido e dos filhos semana passada.
 
Simone não decidiu se vai para Minas Gerais, caso a Justiça permita. Ocupa o tempo com ao menos três livros. Segundo o advogado Leonardo Yarochewsky, tenta fazer um curso de português e também quer trabalhar para abater os mais de 12 anos de prisão.
 
Ex-diretora da agência de publicidade da SMP&B, ela entrou no presídio com medicamentos para dores na coluna e antidepressivos.
 
Sócio-presidente da agência, Cristiano Paz recebeu a família sexta-feira. Condenado a 25 anos, reclamou da comida e pediu frutas. Avaliou estar "como esperava".
 
Já o consultor Ramon Hollerbach, condenado a quase 30 anos, descobriu que o livro que levou vira acervo da biblioteca do presídio e, com isso, pode retirar outros. Ele montou uma lista de leitura.
Na semana passada, quando o advogado Hermes Guerrero o visitou, recebeu um pacote de biscoito de água e sal, outro de bolachas de maisena, maçãs e laranjas.
 
 

 

Parentes de presos comuns reclamam dos 'privilégios' de políticos na Papuda


Nos dias de visita, algumas centenas de mulheres começam a se aglomerar, a partir das 4h da manhã, no "curral", nome dado à grade em que elas se apoiam para, em fila, receber a senha para visitar os presos do Complexo Penitenciário da Papuda.

Essa é a primeira etapa para o ingresso no local, onde estão os presos do processo do mensalão --como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o ex-tesoureiro nacional do PT Delúbio Soares.

Ainda será necessário passar pela revista, scanner corporal e "banquinho", dispositivo que apita caso identifique qualquer aparelho eletrônico levado pelo visitante.

"A gente é tratado como bandido também", reclama Maria Aparecida Nunes, 44 anos. Há dois anos ela visita o sobrinho, preso por tentativa de homicídio.

A empregada doméstica D.N., 38, reconhece que alguns episódios contribuem para o rigor adotado. "Aqui já teve mulher de 78 anos com droga dentro da bengala. Por conta de uma, todas pagam."

Toda semana ela visita o marido, mas tem preferência no acesso ao presídio: o companheiro é "xepeiro", lava a marmita servida aos presos, apelidada de xepa (restos de comida). Mas, assim como as outras mulheres, precisa cumprir todos os pré-requisitos para ter acesso aos pátios onde acontece a visita.

Políticos visitam condenados na Papuda

O senador José Sarney, após visitar José Genoino IC-DF
 
ROUPAS BRANCAS
Todo o vestuário deve ser de cor branca. Nos pés, "sandálias de dedo com solado fino, de cor clara, sem miçangas, pingentes ou fivela metálica", como detalha a regra de acesso às prisões do DF.
 
Ao todo, 10.294 presos cumprem pena ali. O local herdou o apelido da proprietária da fazenda onde hoje está o complexo. Por ter desenvolvido uma doença que a deixou com "papo" --possivelmente bócio-- recebeu a alcunha de "Papuda".
 
A visita ali acontece às quartas e quintas-feiras, das 9h às 15h. É durante esse período que as esposas podem ter 30 minutos de encontro íntimo com o parceiro, no "parlatório", nome dado à sucessão de quartos disponíveis para quem é casado ou comprove ter relação estável.
 
A estrutura não agrada: pela rigidez da cama, o móvel ganhou o apelido de "quebra-cabeça". Como os namorados não têm acesso ao espaço, foi preciso improvisar. Sob a vigilância de um detento, alguns banheiros do pátio são transformados em "parlaboi", onde os casais conseguem ter a privacidade que desejam.
 
Foi no presídio que Érica Silva, 36, engravidou do terceiro filho. Na última quinta, ela aguardava sua vez na fila para contar a novidade ao marido, preso por tráfico.
 
"A família gostou, mas eu chorei tanto... Tudo vai diminuir, não vou poder trabalhar com química e cuido dele e dos meninos com meu salário de cabeleireira."
 
Muitas mulheres não se conformam com o que consideram tratamento privilegiado dado aos visitantes dos condenados no mensalão. E reclamam da romaria de políticos que foi visitar a cúpula petista. As visitas, nestes casos, não se limitaram aos dias estabelecidos e não seguiram as limitações impostas aos visitantes "comuns" do Complexo da Papuda.

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/11/1376596-parentes-de-presos-comuns-reclamam-dos-privilegios-de-politicos-na-papuda.shtml