sábado, 9 de novembro de 2013

Racismo explícito na praça

Mulher hostiliza criança negra em Botafogo

 
Rio - Estudante de História, Laura Mineiro ficou chocada com o que testemunhou ontem, em Botafogo. Um vizinho, garoto negro de oito anos, se distraía, como de costume, com cães que estavam na praça da Rua Lauro Muller.

Um menino, branco, pediu à mãe para brincar. Ela negou: disse que eles poderiam ser assaltados por um mendigo que estava por lá. Ao falar com a mulher, Laura viu que ela se referia ao garoto negro. “É menino de rua, só ‘tá’ esperando alguém ficar sozinho pra dar o bote!”.

http://riodejaneiro.ig.com.br/?url_layer=http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2013-11-08/dupla-que-transava-em-sala-de-aula-de-universidade-e-presa-apos-xingar-seguranca.htm

Gays flagrados fazendo sexo em sala de universidade são autuados por racismo

Rapazes discutiram com segurança, ameaçaram sair nus pelo campus e o chamaram de 'macaco'

O segurança Ricardo de Lima, 29 anos, prestou queixa na 25ª DP (Engenho Novo)
Foto:  Severino Silva / Agência O Dia
Rio - Um aluno da Universidade Estácio de Sá do Norte Shopping, no bairro Cachambi, na Zona Norte e um amigo, foram presos na na manhã desta sexta-feira por atos racistas após xingarem um segurança da unidade de ‘macaco’, depois de serem flagrados fazendo sexo em uma sala de aula. Eles foram autuados por injúria racial e ato obsceno na 25 ª DP (Engenho Novo).

De acordo com policiais do 3º BPM (Méier), que efetuaram a prisão, os jovens de 20 e 21 anos, foram flagrados por outros dois alunos transando na sala. Um segurança foi acionado e pediu que a dupla colocasse a roupa. Eles se negaram e tentaram sair nus pelo campus.

Um deles que é aluno de Administração e outro que estaria matriculado para começar o curso de Psicologia em janeiro, segundo PMs, foram impedidos pelo segurança, que acabou xingado de ‘macaco’ e outros insultos. A Universidade Estácio de Sá afirma que somente o rapaz que cursa administração possui vínculos com a instituição.

"Quando entrei, vi os dois completamente nus e transando. Eles estavam transtornados. Me chamaram de corno e macaco. É um absurdo aluno de uma faculdade com pensamento racista. Não perdoo os dois", afirmou ainda constrangido, o segurança Ricardo de Lima, de 29 anos.

Thiago Beldon de Araújo - aluno de Administração - e Leandro Ferreira Coelho da Silva, tentaram quebrar tudo que viam pela frente, como lixeiras e cadeiras.

A polícia foi chamada e prendeu os dois jovens. Com eles, foi encontrada uma garrafa vazia de vodca. De acordo com a polícia, eles passaram a madrugada em uma festa e entraram na sala de aula ainda vazia pela manhã.

“Um aluno filmou o ato e entregou à delegada. Estavam muito alterados e confessaram que beberam muito numa festa. Não demonstravam vergonha. Nunca fiz uma ocorrência tão inusitada como esta em cinco anos na Polícia Militar”, lembrou o soldado do batalhão do Méier, Diorge Souza. Por meio de nota, a direção da Estácio de Sá se manifestou: "A instituição acompanha o desenrolar do episódio junto às autoridades policiais e reafirma seu compromisso com a segurança e o bem-estar dos alunos dentro de suas dependências”, diz o comunicado.

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Tese de doutorado revela que estrutura militarizada é propícia para problemas nas relações com superiores

Policiais que se consideram tratados como escravos ou prisioneiros, trabalhando sob constante pressão e a base de calmantes. É esse o cenário a que muitos PMs estão submetidos em seu dia a dia e que aparece retratado na tese de doutorado da socióloga e pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP (Universidade de São Paulo) Viviane de Oliveira Cubas.

Para o trabalho, apresentado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), ela entrevistou 15 policiais e analisou as queixas registradas na Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo entre 2006 e 2011. Neste período, foram 1.716 denúncias feitas somente por policiais, sendo que 95,7% do total são reclamações de integrantes da Polícia Militar e apenas 4,1% da Polícia Civil.

A explicação para a diferença no número de queixas de seus integrantes pode estar no fato de uma corporação ser militarizada, e a outra não. “Os números mostram o quanto essa estrutura acaba propiciando relações bastante tensas entre os policiais”, explica Viviane.
Nivaldo Lima/Futura Press
Maior parte das queixas feitas por policiais é contra os próprios superiores
O resultado da análise comprova o problema de tratamento que existe entre subordinados e chefes na Polícia Militar. Cerca de 80% das queixas tratam de “problemas nas relações de trabalho” e quase metade (39,5%) se refere apenas a assédio moral ou escalas de trabalho.

Nas denúncias de abuso, por exemplo, a maior parte é contra oficiais superiores hierarquicamente. “O que dá pra dizer é que todo superior, a partir do momento que tem um pouco mais de poder, abre brecha para exercer força sobre subordinados”, argumenta.

Os abusos
Dentre as queixas as quais a socióloga teve acesso, há uma, por exemplo, que relata as metas para prisões em flagrante estabelecidas por um comandante que, quando não cumpridas, resultavam na transferência de policiais ou em banhos com água fria e fardados. A denúncia informa ainda que quatro policiais contraíram pneumonia por conta do castigo. Em outra, um oficial relata que, como forma de punição, um major teria obrigado os policiais a pular em uma lagoa com barro e excrementos de animais

Sobre as escalas, as reclamações normalmente são de sobrecarga nos horários de trabalho. Por várias vezes, os policiais enfatizam cansaço físico e mental após várias horas ininterruptas em serviço, o que aumenta as possibilidades de erros ou agressividade contra cidadãos. 

Há denúncias em que policiais alertam para a possibilidade de colegas serem violentos com seus superiores. Em dois casos extremos, um policial teria disparado um tiro dentro de uma base da Polícia, devido ao excesso de trabalho, e, em outro, oficiais teriam presenciado um colega apontar a arma para a própria cabeça.

Muitas vezes, o estresse é provocado pelos próprios superiores. A pesquisadora cita uma denúncia na qual um major e um capitão tinham escalado a tropa para trabalhar na segurança das estações do metrô, entre 9h e 22h, sem meios de comunicação, sem autorização para almoçar, beber água ou ir ao banheiro, além de terem colocado um oficial para vigiar, com a possibilidade de puni-los caso desobedecessem às ordens.

Questões emocionais
Na fase em que entrevistou policiais, a pesquisadora abordou a questão dos desvios de conduta, como uso excessivo da força e corrupção. Apesar de os PMs condenarem veemente este tipo de comportamento, a maioria dos que aceitaram participar do estudo viu problemas emocionais - não de caráter ou treinamento.

“Eles entendem que neste tipo de situação o policial saiu do seu controle por questões emocionais. Isso foi um pouco surpresa para mim. Achei que eles tivessem outra percepção disso. Qual a estrutura que os policias recebem para manter o controle emocional? Isso não aparece na fala dos PMs. Parece que a instituição cumpre seu papel. Acho que eles não se dão conta disso”, opina Viviane.

A pesquisa não abordou como os abusos, a carga de trabalho e a infraestrutura influenciam na conduta do PMs durante o policiamento ostensivo, mas, na opinião da acadêmica, os números e os depoimentos podem ser sinais disso. “Isso é uma coisa que surgiu e que tenho vontade de estudar. O quanto esse modelo de tratamento, muitas vezes desumano, desigual e autoritário vai refletir do batalhão para fora? Se internamente eles trabalham numa ótica em que não são iguais, sempre alguém vai estar acima de alguém, como isso vai refletir depois na rua para a garantia de direitos de igualdade? Como desse jeito eles toleram quem questiona a atitude deles? Não é uma coisa que explorei, não estou afirmando, mas é muito provável que isso vá para fora dos batalhões”, conclui.

 http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2013-11-07/policiais-militares-se-sentem-escravizados-no-trabalho-aponta-pesquisa.html